Relembre a trajetória que levou Gabriel Medina ao seu segundo título do Circuito Mundial de Surf da WSL em 2018
Por Redação HC
Poucos devem lembrar, mas Gabriel Medina tirou o primeiro e o último high scores de 2018, na Gold Coast e em Pipeline, respectivamente. E ambos da mesma maneira: com um tubaço de backside. Na etapa de abertura, os juízes anotaram uma interferência de prioridade do brasileiro sobre Leo Fioravanti, que competia como convidado, e Medina acabou indo para a repescagem, mas o recado estava ali.
Hoje é estranho pensar que no meio do ano muita gente considerava Medina como um sério concorrente ao título mundial de 2018. Filipe Toledo era o líder do ranking, e ele e Julian Wilson tinham boa vantagem de pontos sobre Medina. Além deles, Italo Ferreira, assim como Toledo, já tinha duas vitórias no ano, contra nenhuma do surfista de Maresias – o que demonstrava uma maior capacidade de decisão para a reta final.
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Foi a partir da etapa do Taiti que Medina ligou novamente seu modo Terminator, como os estrangeiros gostam de dizer, e passou a atropelar tudo que viu pela frente. Não deveria ser uma surpresa. Desde 2014, quando conquistou seu primeiro mundial, tornou-se uma característica de Gabriel acelerar na segunda metade do ano.
Mas por trás do já tradicional final de ano avassalador, esconde-se uma regularidade incrível no primeiro semestre, incluindo uma incrível semifinal em Bells Beach, que acabou ofuscada pela brilhante vitória de Italo.
Abaixo, confira uma tabela com as classificações finais de Gabriel em cada evento; logo depois, reveja algumas de suas principais baterias durante o ano.
A evolução de Gabriel Medina no Circuito Mundial de 2018:
Classif. no evento: | Derrotado por: | Ranking após a etapa: | |
Gold Coast | 13º | Mikey Wright | 13º |
Bells Beach | 3º | Italo Ferreira | 7º |
Saquarema | 5º | Wade Carmichael | 4º |
Bali / Keramas | 9º | Jordy Smith | 5º |
Bali / Uluwatu | 5º | Mikey Wright | 4º |
Jeffreys Bay | 5º | Filipe Toledo | 3º |
Tahiti | 1º | – | 2º |
Surf Ranch | 1º | – | 2º |
Hossegor | 3º | Julian Wilson | 1º |
Portugal | 3º | Italo Ferreira | 1º |
Pipeline | 1º | – | Campeão |
Gold Coast, Round 1, contra Italo Ferreira e Leo Fioravanti
A primeira bateria de Gabriel no ano foi prejudicada por sua vontade excessiva. Mas teve a melhor nota da rodada e uma das melhores do evento (logo no começo do vídeo).
Bells Beach, round 3 contra Willian Cardoso
Willian Cardoso não era um estranho em Bells Beach. Já havia vencido Kelly Slater em um ano que um título mundial estava nos planos do floridiano, e sempre encaixa bem seu surf nas longas direitas. Mas o backside de Medina estava impossível. Ou quase – já que perdeu para outro ainda mais explosivo. O 3º lugar, de qualquer forma, foi fundamental para o título no fim do ano.
Uluwatu, round 4 contra Willian Cardoso e Connor O’Leary
Tubos para a esquerda e show de Gabriel. Enquanto houve ondas em Uluwatu, parecia que o título seria de Gabriel. (primeiro tubo aos 11:29)
Jeffreys Bay, quartas de final contra Filipe Toledo
Medina perdeu essa bateria para um praticamente imparável Filipe Toledo. Mas demonstrou ser um dos únicos capazes de derrotar Filipinho em sua atual onda favorita do circuito: se repetisse sua nota 9,10, eliminava o amigo. O resultado final, 5º lugar, foi mais uma discreta ajuda em sua campanha pelo título mundial.
Teahupoo, final contra Owen Wright
Uma onda mágica para virar uma final que parecia perdida na contagem regressiva: não fica muito melhor que isso. Medina mais uma vez demonstrou uma intimidade completamente fora do comum com a bancada de Teahupoo:
Surf Ranch, primeira rodada, nota 9,30
Não foi a melhor nota do campeonato na piscina de ondas. Mas a rota explorada por Medina ali, principalmente o kerrupt flip na sessão final, foi o fator decisivo para a conquista do título da etapa. Afinal, ele viria a repetir a manobra na final. Somada à sua técnica privilegiada para entubar para a direita, tornou-o imbatível:
Peniche, semifinal contra Italo Ferreira
Considerada por muitos uma das baterias mais progressivas da história do surf. Medina não venceu, mas já estava na semifinal, e o nível da disputa que travou com o amigo Italo nessa bateria já entrou na história do esporte.
Pipe Masters, quartas de final contra Conner Coffin
“Melhor bateria na história do surf profissional”. Quem diz é o jornalista australiano Steve Shearer. Quem somos nós para discordar?