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O debate das ondas

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“Com o desaparecimento das grandes revistas, foi como se um elo tivesse sido quebrado. E nunca consertado.”

Por Alex Guaraná

Meus textos anteriores, que vinham saindo como Opinião, podem ser conferidos nesse espaço também. Mas hoje, oficialmente publico minha primeira coluna no novo site da Hardcore. Agora, com a repaginação do ambiente, assumo como colunista deste selo importante e histórico da mídia especializada de surf.

Trabalhei por anos na concorrente – numa época em que as páginas eram de papel e o que contava era quantas revistas foram vendidas e não o número de views. Publiquei também, mesmo que por um período não muito longo, uma coluna aqui nessa mesma Hardcore. E ainda assim, com toda minha experiência por trás de um teclado, sinto aquele friozinho na barriga neste momento, em que deixo meus pensamentos irem para meu Macbook, e jogo meu ponto de vista e perspectiva para milhares de pessoas concordarem ou não.

E esse é o melhor de tudo. Criar um debate. Não tenho a pretensão mais de ser o dono da razão como tinha nos meus trinta anos. Mais maduro e vivido, me contento atualmente em fazer com que as pessoas coloquem suas mentes para pensar, para debater, num nível onde essa discussão possa gerar ideias e empreendimentos novos na evolução desta cultura e esporte que tanto amamos.

Por isso aceitei o convite do meu amigo e exemplo de profissional, Adrian Kojin, quando assumiu este projeto. Há tempos estava sentindo meus dedos coçarem para teclar as doideiras que passam pela minha cabeça. Tenho uma visão um pouco distinta da maioria das pessoas que vejo escrevendo por aí. Gosto de expor o que penso, independente do que vão achar. Sinto que um bom jornalista tem o dever de informar. E que um bom colunista tem a obrigação de opinar. Essa é a principal diferença entre quem faz um texto sobre fatos e quem disserta sobre a consequência destes fatos.

Com o desaparecimento das grandes revistas, que eram a principal fonte de informação de qualidade que tínhamos, houve uma queda inevitável da comunicação entre os bastidores do surf com os praticantes e simpatizantes. Foi como se um elo tivesse sido quebrado. E nunca consertado.

Por mais que sites e plataformas tenham sobrevivido, a informação é rasa, sem a profundidade necessária para gerar o debate. E isso atingiu em cheio a renovação dos profissionais da área. Por incrível que pareça, o surf acabou ganhando espaço na grande mídia com pessoas competentes, mas sem muita conexão com o ramo. Saber surfar, não necessariamente quer dizer que você sabe como funciona o mercado, o backstage, a política…

É aí que entra a galera mais experiente, que viveu o bom e o mau durante todos esses anos em que o surf está na vida dos jovens, e hoje também dos coroas. O surf nunca foi apenas um esporte radical. Assim como o skate, sempre teve uma vida própria, com uma indústria única, que gerou milhões de empregos e bilhões de dólares em faturamento por muito tempo. Essas pessoas sabem o início, meio e fim. Sabem que as coisas mudaram, evoluíram, e que elas serão as responsáveis em dar a orientação aos mais novos de como viver sem cometer os mesmos erros cometidos no passado, inclusive recente.

Tenho, junto com outros profissionais, inclusive de outras mídias, a responsabilidade de esclarecer assuntos e fazer com que o fã do Medina entenda o porquê do fã do Toledo torcer para ele, e não querer ver seu rival campeão. E vice-versa. As pessoas têm gostos e pensamentos conflitantes e isso é que move o mundo para a frente. Aqui neste espaço, tentarei sempre fazer com que você tenha uma visão mais ampla. Não quero que concorde comigo, quero que participe e ajude neste processo de debate onde o que vale é aumentar o conhecimento. Vamos nessa!

 

Alex Guaraná
Alex Guaraná
Carioca e flamenguista roxo, mandou sua primeira manobra na Barra da Tijuca, em 1980, aos 13 anos de idade. Após uma bem sucedida carreira de competidor amador, passou a atuar como jornalista especializado. Primeiro nos jornais Staff e Now. Na sequência, trabalhou com Ricardo Bocão e Antônio Ricardo no programa Realce, pioneiro em esportes de ação na TV brasileira. Após um período como dirigente, e outro como assessor de imprensa do Circuito Mundial no Brasil, assumiu o posto de editor-chefe da Revista Fluir, onde ficou até 2007. Desde então se tornou comentarista esporádico, e agora fixo aqui na Hardcore, do esporte que conhece como poucos.

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