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Sunset é pra gente grande

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Sunset é considerada uma das mais difíceis e indomáveis do mundo. Isso separa os SURFISTAS dos “surfistas”. 

Estava aqui com a tendência de falar sobre o ano não tão sabático de Filipe Toledo após desistir de disputar o Circuito Mundial de 2024 mas lendo a coluna da Janaina Pedroso publicada ontem, dia 19 de fevereiro, resolvi mudar meu assunto. 

A Janaina expos de modo sensível e particular um conceito que com o passar dos anos transformou o surf competitivo da elite que são as qualidades e diversidades das ondas escolhidas para figurar no calendário da WSL.

+Hurley Pro Sunset Beach: menos perfeição e mais dificuldade pode ser bom também

Veja bem, dentro das rodas dos grupos de jornalistas muito se questionou a escolha de ondas e posicionamento em Sunset máquina de lavar, coisa até comum nesses mais de 50 anos de eventos no North Shore. Na real, o Circuito Mundial é realizado em muitos tipos de ondas, mas isso não quer dizer que estarão boas ou perfeitas. Ainda não é possível combinar com Netuno que ele mande vento, maré e swell ideais para tal data. A previsão apenas ajuda na escolha dos dias de competição, mas não garante nada de bom ou ruim.

Sunset é um pico que tem diversas ondas diferentes dependendo dos fatores citados acima. Por isso é considerada uma das mais difíceis e indomáveis do mundo. Para ser um bom sunseteiro, é preciso muitas horas na água e muitas ondas na cabeça, ainda mais quando as séries desavisadas surgem no horizonte fechando o canal.

Nesse aspecto, obviamente os havaianos levam enorme vantagem, mas também não é garantia de sucesso numa bateria. Quando o mar fica muito grande, a correnteza fica abissal, dificultando se posicionar no pico. É comum ficar boiando uma hora sem nem remar numa onda quando Sunset está over. Foi o caso do dia 2 do Hurley Pro, quando o Round 2 e as oitavas de final rolaram. Muita gente se perdeu no pico e coincidência ou não, a galera mais experiente se destacou, principalmente nas oitavas quando o mar começou a dar uma leve acertada. A lógica diria que John John Florence e Jack Robinson fossem os destaques e isso se comprovou nas duas maiores médias da fase.

Provavelmente, para o final do evento, as condições serão muito melhores e por consequência teremos baterias mais bem surfadas, tanto em número de ondas como em qualidade de performance.

Mas não espere em Sunset o surf que você veria por exemplo em Bell’s Beach ou Jeffrey’s Bay. As pranchas usadas ali são diferentes, e não falo apenas do tamanho, mas sim de largura e litragem também. São completamente distintas do que se usa na maioria das etapas, mesmo em ondas maiores. E saber escolher e fazer a linha correta nas rampas volumosas e potentes do pico não é para qualquer principiante.

Acho isso muito legal no Circuito. Se tem uma coisa que vale a pena nessa infinidade de mudanças que tivemos nos últimos anos foi ter um calendário mais heterogêneo, mesmo faltando mais esquerdas e um ou outro pico. Pipeline, Sunset, Supertubos, Bells, Margaret River, Teahupoo, Punta Roca, Saquarema e Cloudbreak são ingredientes de uma bela salada de picos onde o mais completo tem grandes possibilidades de terminar como o número 1 do mundo. Ah, o WSL Finals em Trestles diminui bastante a possibilidade de premiar o mais completo! Sim, é verdade, mas fazer o que… Eu faria um evento nas Mentawaii em setembro em uma esquerda e direita e daria o título para quem somar mais pontos em ambas as ondas. Mas como não sou bilionário nem apito nada, será apenas meu pitaco.

Acho legal o surf ter evoluído para manobras aéreas e modernas, mas um surfista rabiscando as direitas poderosas de Sunset Beach, encarando o inside e conseguindo sobreviver aos tubos enormes mostra para mim outro patamar de qualidade, que pouquíssimos chegaram perto. Isso separa os SURFISTAS dos “surfistas”. 



Alex Guaraná
Alex Guaraná
Carioca e flamenguista roxo, mandou sua primeira manobra na Barra da Tijuca, em 1980, aos 13 anos de idade. Após uma bem sucedida carreira de competidor amador, passou a atuar como jornalista especializado. Primeiro nos jornais Staff e Now. Na sequência, trabalhou com Ricardo Bocão e Antônio Ricardo no programa Realce, pioneiro em esportes de ação na TV brasileira. Após um período como dirigente, e outro como assessor de imprensa do Circuito Mundial no Brasil, assumiu o posto de editor-chefe da Revista Fluir, onde ficou até 2007. Desde então se tornou comentarista esporádico, e agora fixo aqui na Hardcore, do esporte que conhece como poucos.

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