O que cannabis e saúde mental têm a ver? Tudo. Afinal, já está comprovado que a maconha pode ser usada para combater depressão e muitas outras doenças.
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No mundo, mais de 300 milhões de pessoas sofrem com depressão. Outros 300 milhões sofrem algum tipo de transtorno de ansiedade, no entanto, a depressão é uma das principais causas das mortes por suicídio de acordo com Organização das Nações Unidas, a ONU.
No Brasil, a OMS afirma que foram registrados 11,5 milhões de casos de depressão, quase 6% da população. Os casos de ansiedade foram maiores, chegaram a 18,6 milhões, pouco mais de 9% dos habitantes do país.
O órgão também afirma que a depressão pode aumentar com a pobreza, o desemprego e com situações da vida, como a morte de um parente ou amigo, o fim de um relacionamento, debilitação física ou problemas causados pelo consumo de álcool ou drogas.
Diante de cenários propícios ao desenvolvimento de doenças mentais, a Cannabis surge como uma alternativa terapêutica. Pesquisadores tem se empenhado em entender como os canabinoides atuam no cérebro e podem colaborar no tratamento de transtornos e distúrbios mentais, tanto por seus efeitos terapêuticos quanto para mitigar efeitos adversos dos remédios alopáticos.
Ansiedade
A pandemia piorou o quadro de ansiedade no Brasil e no mundo, inclusive com o surgimento de um novo transtorno: a coronofobia, descrita pela primeira vez em dezembro de 2020 num estudo publicado pelo Asian Journal of Psychiatry, caracterizada por medo excessivo, persistente e irreal de situações, pessoas, objetos.
Também são considerados transtornos de ansiedade fobias; TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo); ataque de pânico; TEPT (Transtornos de Estresse Pós-Traumático) e ansiedade generalizada.
Pesquisadores dos Estados Unidos realizaram um estudo, em 2015, para identificar o potencial terapêutico do CBD (canabidiol) para tratar transtornos de ansiedade. A pesquisa gerou evidências pré-clínicas que a substância reduz comportamentos de ansiedade. Além disso, o CBD não promove desconforto físico ou psíquico, muito comuns nos tratamentos com medicamento alopáticos.
Um estudo realizado no Brasil em voluntários saudáveis, animais e pacientes com transtornos de ansiedade conclui que o canabidiol possui propriedades ansiolíticas e não promove efeitos psicoativos e nem afeta a cognição.
Lembrando que estudos apontam para a importância de tratar transtornos de ansiedade com medicamentos à base de Cannabis com baixas taxas de THC e ricos em CBD.
Depressão
Somente no Brasil, 12 milhões de pessoas convivem com a depressão, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). E a Cannabis tem se mostrado como uma opção promissora no combate à doença.
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Universidade de São Paulo (USP) revisaram os principais avanços no potencial uso terapêutico de alguns compostos canabinoides em psiquiatria a partir de estudos e revisões da literatura sobre o uso terapêutico dos canabinoides em psiquiatria, associando à planta da Cannabis à saúde mental.
O resultado da revisão apontou que o canabidiol demonstrou apresentar potencial terapêutico como antipsicótico, ansiolítico e antidepressivo.
Outro estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade do Novo México, que examinaram os efeitos imediatos do consumo de flores ou “brotos” naturais de Cannabis para tratar os sintomas de depressão.
As informações foram coletadas no Releaf App, um aplicativo móvel que ajuda os usuários a gerenciarem o consumo da planta, a partir do registro das alterações em tempo real na intensidade dos sintomas e efeitos colaterais. Foram analisados os dados de 1.819 pessoas que completaram 5.876 sessões de autoadministração de cannabis usando o app.
A conclusão foi que 95,8% dos usuários experimentaram alívio dos sintomas da depressão após o consumo. Assim, os resultados sugerem que, pelo menos no curto prazo, a grande maioria dos pacientes que usam Cannabis experimentam efeitos antidepressivos.
TEPT (Transtorno Estresse-Pós Traumático)
O Transtorno Estresse-Pós Traumático é um distúrbio crônico que pode durar anos ou até mesmo uma vida inteira.
A doença se caracteriza pela dificuldade de desassociar-se de um fato traumático, que pode ter sido vivido ou testemunhado. Intensas reações emocionais e físicas são desencadeadas no paciente todas as vezes que ele acessa essa lembrança a partir de gatilhos que podem estar presentes em até mesmo coisas simples do dia a dia.
O tratamento mais comum hoje em dia, além da psicoterapia, é com o uso de opioides, que podem causar dependência e até mesmo levar à morte, um cenário que os EUA têm presenciado em larga escala.
Entre 1999 e 2017, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos contabilizou mais de 218 mil mortes pelo uso de opioides entre a população.
Seu uso e abuso estão associados aos seus efeitos intensos para aliviar a dor e minimizar quadros de depressão e ansiedade, situações muito comuns, principalmente, entre veteranos de guerra, que sofrem com dores físicas por causa dos ferimentos em batalha, além de terem que lidar com os traumas vividos e testemunhados.
Essa população, principalmente, tem encontrado no CBD (canabidiol) uma alternativa para, enfim, aliviar suas dores e traumas sem correr os riscos que a medicação alopática oferece, relacionando à Cannabis à saúde mental.
Um estudo randomizado e duplo cego controlado por placebo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto selecionou 33 pacientes, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 60 anos, que possuem o diagnóstico de TEPT para avaliar os efeitos do canabidiol na ansiedade induzida pela rememoração do evento traumático.
Os pesquisadores demonstraram o “papel pioneiro do CBD em atenuar os prejuízos cognitivos induzidos pela rememoração do trauma através de um possível mecanismo pelo qual o CBD mediaria a reconsolidação da memória traumática.”
Outro sintoma comum entre pacientes com TEPT são os pesadelos.
Pesquisadores do Canadá realizaram um estudo preliminar, randomizado, duplo-cego e cruzado controlado por placebo para saber a eficácia da nabilona, um canabinoide sintético, no tratamento de pesadelos associados ao distúrbio. A pesquisa foi realizada com militares canadenses diagnosticados com TEPT.
A conclusão foi de que o composto “forneceu alívio significativo para militares com TEPT, indicando que se mostra promissor como um tratamento clinicamente relevante para pacientes com pesadelos e uma história de não resposta às terapias tradicionais.”
Portanto, os estudos mostram o potencial terapêutico da maconha, apontando os benefícios do uso da Cannabis na saúde mental dos pacientes com diversos tipos de distúrbios e doenças psiquiátricas.
* Com informações de Blog Dr. Cannabis.