Basicamente todo mundo acha que surfa melhor do que realmente surfa, até assistir a um vídeo de sua performance. “Não, péra aí, você perdeu aquela minha onda boa”, é a primeira coisa que vem à cabeça. Brinco sempre dizendo que, se quer continuar feliz, não se assista surfando. Vale para mim também. Há que saber separar impressão e realidade.
Aquele mar que você pegou há tempos parece muito maior na sua lembrança do que realmente foi. Normal. A memória se forma a partir da realidade à nossa frente, porém, há toda influência da nossa percepção e sensações.
Normalmente remamos deitados e, desse ponto de vista, uma onda parece muito maior do que realmente é. Vivemos situações em que rola uma enxurrada de hormônios em nosso cérebro, tornando nossa impressão algo distinto da realidade.
Aquela manobra nos pareceu mais vertical porque a sentimos assim. Não há nenhum mal nisso. Afinal, o que realmente importa é como você sente a cada momento. Só não vale a pena tentar convencer os outros.
Pranchas também são assim. Lembro de um amigo meu surfando com minha Blue Hawaii, com um shape do Glenn Minami. A prancha era linda e muito boa mesmo. Só que ele, na pressa, desconhecimento ou animação por usá-la, colocou todas as três quilhas assim: a do meio na lateral, a lateral direita na esquerda, ou seja, tudo errado. A prancha ficou boa? Não, mas ele se sentiu surfando com a melhor prancha que já havia usado.
Surfar de alaia, por exemplo, dá aos outros a impressão de que você está mais lutando para se manter em cima dela do que se divertindo. Bom, muitas vezes pode ser isso mesmo. No entanto é uma delícia para quem experimenta. As experiências com as Mini Simmons vão na mesma linha. Se você for analisar bem, a performance parece comprometida, mas para quem está pilotando, acredite, é uma sensação incrível.
Resumo da ópera. Existem pranchas boas ou ruins, lindas ou feias, assim como existem pranchas que te trazem sensações diferentes e uma coisa não tem nada a ver com a outra. O segredo é não confundir realidade com impressão, especialmente na hora de comprar uma.
+Jordan Rodin: pura habilidade na arte do surf sem quilha
Experimente, sempre. Cada vez mais. Pranchas diferentes sempre nos ensinam algo, mesmo que seja o fato de aquela prancha, por mais que te agrade visualmente, não andar bem nas ondas que você pega ou, simplesmente, não funcionar para você.
Vai por mim, nem tudo é o que parece.