Todas as praias entre Ellensbrook e North Point, na região de Margaret River, oeste da Austrália, voltaram a ser fechadas nesta terça-feira (24) após um novo encontro de um surfista com um tubarão branco.
Segundo jornal local Perth Now, o surfista chegou a ser empurrado pela cauda do tubarão, que tinha três metros e meio de comprimento, mas não sofreu nenhum ferimento.
Uma semana depois de dois ataques na região no mesmo dia forçarem o cancelamento do Margaret River Pro, os tubarões voltam a tomar as manchetes na região.
Apesar dos riscos aparentes, o cancelamento gerou fortes discussões, tanto no mundo do surf quanto entre moradores do oeste australiano em geral.
BODE EXPIATÓRIO
Entre os atletas do circuito, a recepção foi mista. Muitos gostariam de continuar a etapa, mas todos aceitaram de bom grado a decisão da WSL.
Já entre a população local, a preocupação esbarra em uma questão maior. O turismo é uma das maiores fontes de renda da região e a etapa do CT era um de seus principais garotos-propaganda. O governo local subsidia as etapas com alguns milhões de dólares – dinheiro pago pelos contribuintes – todos os anos e já havia confirmado a realização da etapa no ano que vem.
O prejuízo trazido pelo cancelamento é inestimável e muitos passaram a apontar para os surfistas brasileiros Ítalo Ferreira e – sobretudo – Gabriel Medina como os responsáveis pelo final precoce do evento (ou pelo prejuízo, dependendo do ponto de vista).
No sábado, no principal telejornal local, o comentarista Ben O’Shea reforçou a teoria levantada por Kelly Slater de que a manifestação de Medina teria sido motivada por maus resultados na etapa em anos anteriores. Ele ainda mencionou o comentário do brasileiro após o cancelamento de que gostaria que a etapa saísse do calendário.
O comentarista destacou a extrema popularidade do campeão mundial de 2014, com mais de 6 milhões de seguidores no Instagram, onde fez seu protesto, e relembrou um episódio vivido no ano passado na etapa de Jeffreys Bay.
A bateria de quartas de final disputada por Medina e Mick Fanning foi paralisada por alguns momentos devido à presença de um tubarão nas proximidades. Pouco depois, os dois voltaram para a água. Medina venceu o australiano e voltou a surfar na semifinal, sem fazer nenhum protesto.
Ele ignora o fato de que Gabriel Medina foi o único dos top 34 a votar contra o retorno da etapa de J-Bay em 2016 depois que um tubarão atacou Mick Fanning durante a final do anterior e decretou um empate entre ele e seu compatriota Julian Wilson.
A permanência de Margaret River no calendário em 2019 segue como uma questão em aberto – assim como todo o calendário do circuito, na verdade.
O fato é que se Gabriel Medina já tinha motivos para não querer surfar em Margaret River, agora ele ganhou mais um: enquanto dois ataques de tubarão em um único dia fecharam todas as praias da região, a população local enxerga nele o principal culpado pelo final do campeonato.