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Meu retorno às competições e um novo recomeço

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Meus adversários sempre foram meus mestres. Essa troca me influenciou positivamente a vida toda.

Às vezes somos pegos de surpresa. O inesperado nos surpreende. Digo isso porque entrou um swell dos bons em Itacoatiara (Niterói/RJ) no final de outubro (dia 29) e deu certo de eu participar do Tunel Crew Shootout! Separei minhas pranchas e saí de Búzios amarradão e fui pensando na estrada como seria o meu primeiro campeonato nessa nova fase da minha vida. A ondulação tão aguardada finalmente chegou e eu estava lá de volta às competições e revendo grandes amigos. A expectativa de voltar ao surf competitivo era gigante! 

Depois de tudo que passei neste ano com o tratamento com o câncer, estar ali vivendo essa experiência foi uma conquista incrível. Sempre gostei de competir, rever a galera e esse evento ficou um tempão em janela de espera, foi confirmado no último minuto. Era a chance perfeita para reencontrar amigos e ídolos do surf brasileiro, como Raoni Monteiro (que venceu o evento) e Guilherme Herdy, que me inspirava quando eu era moleque, vendo ele surfar em Pipeline e Backdoor. Foi incrível reencontrar também Pedro Calado, Pedro Scooby e Marcelo Trekinho. Eram 23 competidores, então não dá para citar todo mundo, mas cada um deles fez esse momento ser especial para mim.

A energia que recebi neste dia, reacendeu em mim uma alegria enorme de viver e competir, em um clima superpositivo entre amigos. O evento tinha um sistema de julgamento diferente e a gente podia ficar mais tempo na água, pegando ondas desafiadoras. Cada tubo completado, ou até mesmo uma vaca, era motivo de comemoração e emoção. Era possível ouvir a galera vibrando da areia e isso trouxe de volta todo o amor que sinto pela competição. Aliás, fui o único de longboard no meio de tanta pranchinha e consegui pegar altos tubos.

Esse contato com amigos e adversários é uma das coisas que mais curto, porque a gente aprende muito um com o outro, em técnica, posicionamento e equipamentos. Meus adversários sempre foram meus mestres. Essa troca me influenciou positivamente a vida toda.

Entrei na competição sem pretensão, só queria mesmo cair no mar, que estava bem desafiador, a cara de Itacoatiara nos melhores dias. E estava tranquilo quanto ao resultado mesmo porque não estou no auge da minha forma física. Por recomendação médica usei o colete para poupar energia e isso foi essencial! O colete ajudou a manter o fôlego e a focar na respiração. Estar novamente competindo ao lado de grandes nomes, com quem eu dividia campeonatos na infância e adolescência, foi uma experiência única. 

Estar de volta às competições é uma sensação que não dá para explicar. De quebra, saí com o vice-campeonato. Levei um novo troféu lindão para casa, que para mim significou a grande vitória. Certamente, o Tunel Crew foi um marco na minha vida e carreira.  Foi muito diferente de tudo que vivenciei nos meus 25 anos na elite mundial. Que sonho! Obrigado Deus! 

Aloha!


+Após superar a batalha contra o câncer, Phil Rajzman é vice-campeão do Tunel Crew Shootout 2024

Phil Rajzman
Phil Rajzman
Foi tricampeão mundial de longboard (em 2007 e 2016, campeão mundial pela World Surf League e em 2004 campeão mundial pelo Oxbow Pro), bicampeão Pan-Americano (2007 e 2009) e atleta da elite mundial por 25 temporadas (até 2022). Carioca, 42 anos, foi o primeiro brasileiro a entrar para a história como Campeão Mundial de Surf, conquistando o título no pranchão. Tem um canal no YouTube (@PhilGood21) e marca presença forte também no Instagram e no Facebook como @philrajzman

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