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Filipe passa por Medina, é campeão em Jeffreys Bay e lidera o ranking da WSL

Filipe Toledo é o campeão do Corona Open J-Bay. O surfista de Ubatuba derrotou o australiano Wade Carmichael na final, nesta quinta (5), depois de passar por Gabriel Medina, nas quartas, e pelo japonês Kanoa Igarashi, na semi, para garantir o bicampeonato na etapa de Jeffreys Bay, na África do Sul. Com a conquista, o brasileiro não só assume a liderança do ranking como abre quase quatro mil pontos de vantagem para Julian Wilson, segundo colocado e eliminado nas quartas de final em Jeffreys. Também eliminado nas quartas, Gabriel Medina sobe da quarta para a terceira posição.

A vitória de Filipe Toledo é a quinta de um brasileiro em seis eventos disputados no circuito mundial de surf em 2018, recorde absoluto para o país e símbolo de uma forte dominação verde e amarela no cenário internacional.

A conquista também significa um recorde pessoal para Filipe: é a sétima vitória do brasileiro em sete finais disputadas, um inédito aproveitamento de 100% com essa quantidade de decisões.

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O último dia de competição teve ondas menores e séries um pouco mais demoradas em Jeffreys Bay. No começo do dia, a competição ainda foi paralisada por cerca de quinze minutos, novamente devido à presença de um enorme tubarão branco no outside.

O tubarão foi avistado logo depois de Wade Carmichael surfar a onda que garantiu sua virada sobre Conner Coffin em uma bateria de poucas ondas e notas baixas.

Na sequência, Jordy Smith e Julian Wilson fizeram o primeiro dos duelos mais esperados do dia. Se Julian perdesse, abria caminho para que Filipe tomasse dele a primeira posição no ranking. E assim foi. Julian vinha sendo empurrado pelos juízes o campeonato inteiro e a primeira troca de notas deu a impressão que tudo se repetiria. Ele e Jordy receberam praticamente a mesma nota (Wilson 6,27, Smith 6,33) quando a onda do sul-africano merecia pelo menos um ponto a mais.

A sensação é que os juízes tentaram corrigir esse erro durante todo o restante do duelo, deixando a escala de pontuação muito difícil de entender – nessa bateira, especificamente. Apesar de usar uma prancha diferente e aparentemente pior que a dos outros dias, Jordy venceu e confirmou sua escalada no ranking e a retomada de sua boa forma competitiva após um péssimo início de ano.

O mais veloz, o mais agressivo, o mais progressivo: Filipe Toledo é o melhor surfista do mundo neste momento

O confronto seguinte trouxe os dois principais concorrentes brasileiros ao título mundial, Gabriel Medina e então detentor do título da etapa Filipe Toledo.

Com o mar menor e mais mexido que nos outros dias, era clara a desvantagem de Gabriel, que abriu caminho no campeonato manobrando com peso em ondas com mais tamanho.

As maiores séries do dia ainda entraram nessa bateria e numa delas Gabriel arrancou um 9,10, melhor nota do dia até então. Antes disso, Filipe mandou a melhor manobra do evento até agora, um reverse com o fundo da prancha apontado para a praia, completando com a maior naturalidade um giro que parecia impossível. A onda era menor e a nota foi um ponto mais baixa que a de Gabriel.

Gabriel ainda surfou, no final da bateria, uma onda que poderia ser melhor avaliada. Mas nem que os juízes tivessem a maior boa vontade do mundo ele venceria (dessa vez). Filipe seguiu atacando as sessões mais críticas com uma velocidade absurda, sempre fazendo a passagem entre cada agressão com toda a borda da prancha e a passada na base para a próxima manobra com uma fluidez inexplicável. Quando pegou a maior a onda da última série da bateria, não recebeu dez por capricho do painel de juízes.

O quinto lugar não parece um bom resultado, mas reafirma Medina como o melhor goofy do circuito em Jeffreys Bay, onde fez a semifinal em 2017. Neste ano, teria vencido qualquer baterias das quartas de final, menos a de Filipe.

O quinto lugar não era o objetivo, mas consolida Medina como o melhor goofy do circuito em J-Bay

O único surfista que parecia ter o potencial para segurar o ubatubense era Kanoa Igarashi, dono das melhores nota (9,67) e média (18,04) do campeonato até então. Ele passou por Sebastian Zietz sem grandes problemas na última bateria das quartas, embora sem repetir as atuações impressionantes da quarta-feira.

Na primeira semi, Wade travou outro duelo de power surfing, dessa vez contra Jordy. O australiano tem o dom de não se sentir abalado contra grandes nomes. Faz uma trajetória bem particular no circuito e parece que isso entra na água junto com ele. Jordy perdeu na diferença de peso entre as duas primeiras manobras nas ondas de cada um.

Na segunda semi, Filipe acabou com o mito Igarashi e atropelou o japonês sem piedade. Em sua primeira onda, tirou 9,57. Se você tiver pouco tempo para rever todas as ondas e baterias do campeonato, reveja apenas essa. Se estiver sem nenhum tempo mesmo, assista apenas à primeira manobra de Filipe nessa onda. Fazer algo parecido com isso deve ser a meta de todos os demais surfistas do circuito (ao menos os regular-footers) para o restante do ano.

Como consequência do show que deu na bateria, Filipe fez a melhor média do campeonato, 18,90 pontos.

A final começou com Filipe exibindo mais uma vez sua conexão profunda com J-Bay ao pegar o único tubo do dia. Diferente da final de Saquarema, onde praticamente assistiu ao brasileiro, Wade dessa vez ofereceu boa resistência, e fez uma ótima onda. Mas não seria páreo para o brasileiro.

Em todas as suas entrevistas, Filipe falou abertamente, sem rodeios: ele quer o título mundial. Sem essa de “vamos pensar etapa por etapa, bateria por bateria”. O troféu maior é o que importa.

Aquele que é considerado quase unanimemente seu maior obstáculo é logo a próxima etapa. Entre 10 e 21 de agosto, Filipe terá que provar seus talentos na pesada esquerda de Teahupoo. Se sair de lá com um bom resultado (acima de quartas), o brasileiro vai acabar com qualquer dúvida e cravar seu nome como favoritíssimo ao título da temporada.

Com duas finais (e dois vices), Wade dispara na corrida por melhor rookie do ano. Com a segunda vitória, Filipe também toma a frente, mas de uma corrida mais importante…

Texto: Redação HC // Fotos: WSL/Tostee/Cestari

Corona Open J-Bay – Resultados:

Final: Filipe Toledo 16,80 x 15,33 Wade Carmichael

Sf1: Wade Carmichael 13,77 x 13,30 Jordy Smith
Sf2: Filipe Toledo 18,90 x 14,17 Kanoa Igarashi

Qf1: Wade Carmichael 12,87 x 10,40 Conner Coffin
Qf2: Jordy Smith 13,43 x 12,96 Julian Wilson
Qf3: Filipe Toledo 17,50 x 16,03 Gabriel Medina
Qf4: Kanoa Igarashi 15,17 x 12,44 Sebastian Zietz

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