Esse equilíbrio, ele alerta, é deixado de lado em muitas prescrições. “O que vejo é muito treinamento, mas pouca fisiologia da imunidade aplicada ao treinamento. Há muitas aulas na internet, por exemplo, nas quais o treinador passa exercícios vigorosos para quem está em casa, muitas vezes sedentário, sem preparo, comendo mal, ansioso pelo confinamento, e começa a fazer exercícios que não estão no seu ritmo”, afirma o especialista. A prática de exercícios intensos sem preparo pode ocasionar a disfunção no sistema imune, com aumento do quadro inflamatório. Um risco de contaminação elevado, sobretudo neste período de vírus circulando.

Treino para preservar a imunidade

De acordo com um artigo publicado pela Diabetes & Metabolic Syndrome: Clinical Research & Reviews (2020), treinos aeróbicos contribuem para fortalecer a imunidade geral do corpo e do sistema respiratório, particularmente para infecções por Covid-19, podendo minimizar a morbidade e a mortalidade provenientes do vírus.

Para melhorar a função imune, Fabio recomenda exercícios de intensidade leve e moderada.

Segundo ele, práticas de ritmo intenso podem aumentar a resposta inflamatória do organismo, principalmente em iniciantes.

– Para quem é sedentário e vai começar a treinar, a única intensidade indicada é a leve. Isto é, movimentos de pouca intensidade que possibilitem um tempo hábil do sistema imune para responder a esses estímulos e não ‘cair’. Caminhar, pedalar, correr são exemplos de exercícios que podem ser feitos no dia a dia, e a intensidade adequada é aquela que a pessoa consegue conversar durante o exercício.

– Já para quem treina e quer intensificar os exercícios: é importante manter o que está fazendo. Se quiser intensificar para um treino vigoroso, pode fazê-lo, mas não todos os dias. Isso porque, segundo o professor, o treino vigoroso pode diminuir o número dos chamados ‘neutrófilos’, a primeira barreira que um vírus encontra quando chega ao organismo.

Fabio pontua que, para atividades físicas como, caminhar e pedalar, não precisa necessariamente da presença do profissional de educação física para praticar. Caso haja um treino estruturado, a supervisão de um profissional é fundamental.

Sobre o uso da máscara, ele destaca que, se houver hiperventilação (respiração acentuada acima do que o corpo geralmente necessita) durante o exercício, o ideal é reduzir intensidade e frequência. “A hiperventilação impacta no gasto energético da função pulmonar, que não pode ser prejudicada nesse momento. O uso de máscara é obrigatório, então você deve adaptar a sua prática a esse item de segurança”, diz.

7 dicas para fazer exercícios sem prejudicar a imunidade

Principalmente para quem deseja iniciar ou retomar a rotina de exercícios.

  • Não tente recuperar o tempo perdido: dependendo do tipo de descondicionamento, uma retomada sem o acompanhamento de um profissional pode desencadear, além da disfunção do sistema imune, sérias lesões.
  • No caso de caminhadas, corridas ou pedaladas: o indicado é praticar 30 minutos diários. Melhor pouco diariamente do que 60 minutos três vezes por semana.
  • Se possível, fracione a sessão (independentemente do tipo de exercício: musculação, caminhada…) em períodos mais curtos duas vezes ao dia, como por exemplo, 15 minutos pela manhã e 15 minutos à noite;
  • Em treinos (como musculação) o ideal é intercalar um dia de treino com outro de descanso. E não ultrapassar 60 minutos no dia do treino.
  • Evite modelos de exercícios com maior mobilização de massa muscular, como correr em alta velocidade, para evitar a hiperventilação durante a prática.
  • Havendo desconforto com a máscara, como tontura e aceleração da respiração, reduza a intensidade e aumente o tempo de intervalo dos exercícios.

• Com cuidados no manuseio da máscara: se hidrate antes, durante e após a atividade física.

Texto via Go Outside