Publicamos recentemente sobre surfistas russos que ficaram doentes na Península de Kamchatka por conta de um desastre ecológico que matou pelo menos 95% da vida marinha na região.
A região afetada, da praia de Khalatyr, é um local turístico conhecido especialmente pelos surfistas.
As águas tóxicas do oceano ganharam atenção pela primeira vez em meados de setembro, depois que surfistas da região sofreram sintomas como náusea e queimação nos olhos.
Desde então, a água continua tóxica, e os cientistas parecem ter encontrado uma razão para isso.
A teoria atual para a causa dessa devastação é a de uma proliferação de algas sem precedentes na área.
Embora essa notícia possa soar como um alívio, uma proliferação de algas sem precedentes é muito mais alarmante do que um vazamento químico, por exemplo.
Se for isso mesmo, isso significa que o oceano está esquentando.
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A proliferação de algas tóxicas é um fenômeno que ocorre em todo o mundo.
Também conhecidas como “marés vermelhas”, acontecem na Califórnia, no Golfo do México, no Golfo do Maine; na Austrália e em outras partes do mundo.
A maré vermelha é produzida por fitoplâncton microscópico, que é parte normal do ecossistema oceânico e produz até 50 por cento do oxigênio do mundo.
No entanto, condições específicas como superaquecimento do oceano ou superalimentação dos peixes por conta do escoamento de fazendas de nutrientes ricos em fertilizantes, podem gerar uma proliferação de algas.
Isso tudo é muito preocupante, afinal, o aquecimento das águas oceânicas por conta do aquecimento global pode originar florescimentos maiores e mais frequentes de algas em todo o mundo, perturbando os delicados ecossistemas oceânicos.
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Neste caso mais recente em Kamchatka, as populações de lontras marinhas podem ser afetadas de forma muito negativa, segundo relatórios da National Geographic.
Os ouriços-do-mar são fonte de alimento básico para as lontras-do-mar, e com os ouriços-do-mar mortos, as lontras, altamente ameaçadas pela pesca e caça não regulamentadas, podem ter problemas para encontrar alimento.
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Embora seja bom ouvir que não há grandes quantidades de lixo nuclear ou estranhos pesticidas russos vazando para o oceano (até agora, ao menos, não houve nenhum relatado), a explicação alternativa sendo a progressão implacável do aquecimento global é assustadora.
Diante desse cenário, lançamos uma pergunta que está nos fazendo refletir:
Será que eventos como esses sugerem que o futuro do surfe e o de outras atividades oceânicas estão ameaçados por águas costeiras tóxicas?
Diga aí, leitor.