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Consumo de álcool: por que ingerir menos bebidas alcoólicas?

Texto Bianca Vilela / publicado na Go Outside

Me conta uma coisa: em um exame admissional ou naquela entrevista antes de doar sangue, quando perguntam sobre consumo de álcool, você diz que “bebe socialmente”?

Se respondeu “sim”, então, o que é “beber socialmente” para você? Ingerir uma latinha ou uma caixa de cerveja? Uma taça ou uma garrafa de vinho? E com qual frequência, em um evento especial, como um casamento, ou todos os finais de semana?

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Em minhas palestras, a questão do álcool sempre está presente, já que ele pode afetar sua vida, sua produtividade e seu convívio social.

Outro dia fui impactada por uma iniciativa nas redes sociais que propunha como uma das metas de bem-estar para 2021 a redução no consumo de álcool e achei o tema extremamente pertinente. Já é hora de revermos esse hábito.

Consumo de álcool em 2020

Uma pesquisa realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 33 países mostrou que 42% dos entrevistados no Brasil relataram alto consumo de álcool em 2020, durante a pandemia de COVID-19.

Um outro estudo, desta vez realizado nos Estados Unidos e publicado no jornal internacional American Journal of Drug and Alcohol Abuse, revelou que a ingestão de bebidas alcoólicas aumentava a cada semana de lockdown. A pesquisa mostrou que as chances de consumo excessivo de álcool entre os “bebedores compulsivos” (homens que consomem 5 bebidas ou mais em 2 horas e mulheres que ingerem 4 bebidas ou mais no mesmo período) aumentaram em 19% a cada sete dias de isolamento.

Detalhe: em tempo de isolamento social, beber em casa não se enquadra como “beber socialmente”, certo? Então, se essa é a sua justificativa, vale a reflexão!

Efeitos do consumo de bebidas alcoólicas no corpo

Veja bem que a questão não é tomar um chopinho ou um pouco de vinho enquanto bate papo, mas o excesso desse consumo.

Da mesma forma que devemos ter atenção ao que comemos, precisamos cuidar do que bebemos. E não estou falando apenas em consumo calórico, aquele papo de que uma cerveja equivale a um pãozinho, mas de efeitos nocivos à sua saúde.

De acordo com a OPAS, o consumo excessivo de álcool é responsável por aproximadamente 3 milhões de mortes em todo o mundo, colaborando para mais de 200 doenças e lesões, além de transtornos mentais e comportamentais.

Parece, mas não é

Por mais que possa ser relaxante no momento, a bebida ataca brutalmente o nosso corpo. A tal ressaca, que pode até parecer um motivo de brincadeira entre os amigos, na verdade é uma batalha do seu corpo contra as toxinas que você colocou dentro dele. Nesse processo, seu fígado e pâncreas são sobrecarregados. Além disso, enquanto dedicam mais esforços para eliminar o álcool do organismo, acabam deixando outras áreas do corpo de lado, o que pode resultar em quadros de hipoglicemia (aquela sensação de fraqueza, sabe?!), por exemplo.

A longo prazo, podemos falar ainda em malefícios não apenas para a saúde desses órgãos, como também do estômago e coração. Mas também prejudica o sistema imunológico como um todo.

Consumo de álcool e qualidade do sono

Tem mais uma coisa, se você faz parte do grupo de pessoas que consome álcool achando que vai dormir melhor, sai dessa!

Não me canso de falar da importância de dormir bem para garantir o bom funcionamento do nosso organismo, mas ingerir bebidas alcóolicas está longe de ser indicado para isso.

Um estudo publicado no jornal norte-americano JMIR Mental Health apontou que a alta ingestão de álcool é capaz de diminuir a recuperação fisiológica que o sono normalmente proporciona em 39,2%, enquanto o consumo moderado da bebida reduz em 24%.

Mas não precisa de muito para sofrer os impactos negativos do álcool na hora de dormir. Pois uma pequena dose já é suficiente para diminuir o potencial restaurador do sono em 9,3%.

Perda de rendimento

Se esses fatores não forem suficientes, lembre-se ainda que a bebida vai afetar diretamente no rendimento do seu treino. Com certeza, se você já sentiu a moleza do dia seguinte de uma boa festa, a sensação de estrago generalizado, imagina como ficará o seu treino, sem dúvida prejudicado. Claro, se o corpo não está funcionando em harmonia, como o rendimento será o mesmo?

Sem contar que o consumo de álcool compromete o desenvolvimento de músculos e auxilia no ganho de peso. Então, não importa o seu objetivo (ganho de força muscular, emagrecimento ou performance), o consumo de bebidas alcoólicas em excesso vai prejudicar os seus resultados.

Conclusão

Curtir um drink ou uma chope é uma coisa, mas o consumo de álcool em excesso pode ser extremamente prejudicial. Pense bem: você bebe por quê? Da mesma forma que cuidamos e refletimos sobre a nossa fome e o que comemos, é preciso entender os gatilhos que nos levam a beber e até onde isso é saudável para nós. Então, que tal adiantar um pouquinho a saideira e entender o que, de fato, o seu corpo está pedindo?

* Bianca Vilela é mestre em fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), palestrante e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde in company em grandes empresas por todo o país há mais de 15 anos. Na Go Outside fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos.
Instagram: @biancavilelaoficial

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