São muitos anos pegando onda, desde a infância, e depois 25 anos consecutivos, dos meus 42 competindo, na elite mundial. Eu, mais do que ninguém, prezo pela essência do surf, a conexão com a natureza e toda a diversão que esse esporte me possibilita. Mas posso afirmar que as ondas perfeitas das piscinas da atualidade são um prato cheio e literalmente um parque de diversões para nós surfistas.
Aos quatro anos de idade, Coral Rajzman já exibe o DNA do pai tricampeão mundial de longboard. Foto: @surflandbrasil
As piscinas de ondas começaram em locais onde não há praia como na capital e interior de São Paulo, depois em lugares com mar como Santa Catarina, e estão surgindo em várias outras cidades. No próprio Havaí, onde o esporte começou e há constância de ondas, as piscinas em Oahu fazem sucesso. Na natureza sempre dependemos das condições do mar e a gente se vira com as que têm. Por isso, a tendência é de as piscinas se popularizarem cada vez mais, apesar de ainda serem restritas a quem possa pagar. Acredito que futuramente mais pessoas poderão ter acesso a ondas perfeitas, em qualquer hora do dia, para prática de qualquer nível de surf.
Estive neste mês de outubro na Surfland Brasil, em Garopaba (SC). Passei três dias com minha família e não foram suficientes para usufruir tudo que o lugar oferece, porque são muitas possibilidades. Cada vez que você vai, quer voltar mais e sentir a evolução.
Lugar perfeito para a interação pai e filha. Phil e Coral. Foto: @surflandbrasil
As sessões geralmente são de uma hora, mas equivalem a surfar três horas no oceano, pela quantidade de ondas perfeitas que se pega. A vantagem é não ter poluição, tem toda uma infraestrutura pós-surfe (restaurante, massagem, etc), um ambiente para curtir com a família e os amigos. Obviamente, por ser de água doce tem uma flutuação inferior do que na água salgada, então sentimos bastante na remada. Já nas ondas mais pesadas isso é praticamente eliminado, devido a velocidade, conseguimos compensar.
A grande diferença das piscinas é ser um ambiente totalmente controlado, onde sabemos o lugar certo para remar, ficar em pé na prancha e com os professores que proporcionam diversão máxima aos iniciantes. Há ondas para todos os níveis de surf, seja para competição ou diversão. Minha esposa Julli e minha filha Coral são apaixonadas pelo esporte e adoraram. Pela primeira vez, a Coral, que tem 4 anos, teve aula com outro profissional (porque sou eu quem geralmente surfo com ela) e se saiu muito bem.
Surf em família: Julli e Coral Rajzman. Foto: @surflandbrasil
Eu surfei ondas mais pesadas, tubulares, bem parecidas com as de fundo de pedra, com grau elevado e que exigem mais técnica. A dificuldade gera evolução e você tem vontade de pegar uma onda atrás da outra. São mais de 15 ondas diferentes, metade delas são excelentes para o treino competitivo. Levei pranchas com um pouco mais de flutuação, justamente para nas ondas mais fracas ter um desempenho melhor. E, foi muito bom ter levado pranchas progressiva e híbrida.
Fui pioneiro no Brasil a ter uma escolinha de surf em piscina. Comecei em 2008, no Rio Quente Resort, em Goiás. Foi muito legal, porque foi um projeto de dois anos que levou o surf para a região central do País. Claro que era bem diferente das piscinas atuais, eram ondas mais de espuma. E hoje, 16 anos depois, ver toda essa evolução da tecnologia usada nas piscinas é realmente incrível. Tanto que me despertou a ideia, como um dos embaixadores da Surfland, de fazer o Surf Experiences lá em Garopaba. Se tudo der certo, a minha última clínica do ano será lá, no final de novembro.
Acredito que futuramente as piscinas de ondas serão uma tendência, tanto para popularizar o surf como até ser uma possibilidade para uma Olimpíadas, em locais que não tenham ondas. Assim, os atletas do mais alto nível técnico não dependerão da natureza, e terão condições iguais para competir, o que favorecerá nada mais que o seu nível de preparo para lutar por uma medalha.
Aloha!