O jornal West Australian, o principal da região oeste da Austrália, voltou a criticar tanto a WSL quanto o surfista brasileiro Gabriel Medina após a prova de Jeffreys Bay do circuito mundial. O jornal apontou para a diferença no tratamento dado à etapa sul-africana e à etapa de Margaret River. Enquanto a etapa de J-Bay prosseguiu normalmente após ser paralisada, em duas ocasiões, pela presença de tubarões brancos exatamente na área de competição, a etapa do oeste australiano foi cancelada após dois ataques em regiões próximas, mas não exatamente nos picos que sediavam o evento, onde sequer chegou-se a avistar algum tubarão.
“O expoente do surf brasileiro Gabriel Medina se pronunciou após os ataques na região, declarando que não se sentia seguro para surfar na região de Margaret River”, diz o texto, escrito após o final da competição na África do Sul. “Medina foi um dos primeiros a retornar à água depois da segunda paralisação do campeonato forçada por um tubarão”, continua o texto.
Para o jornal, “A decisão de mandar os surfistas de volta à água contrasta fortemente com a situação de Abril em Margaret River, quando dois ataques na região de Gracetown fizeram com que o campeonato fosse completamente cancelado”.
Em abril, Gabriel e Ítalo Ferreira, então líder do circuito ao lado de Julian Wilson, escreveram em redes sociais sobre a sensação de insegurança no local após os ataques. As postagens dos brasileiros tiveram peso determinante no cancelamento da competição no oeste australiano. Na ocasião, tanto a mídia local quanto outros surfistas, como Kelly Slater, que havia se ausentado da competição alegando recuperar-se de uma lesão no pé, criticaram a atitude dos brasileiros e levantaram dúvidas sobre o real motivo das postagens. “Aqueles que eram mais contrários ao retorno do campeonato não tem um histórico muito bom em Margaret”, afirmou Slater, à época, a um jornal local.
Vale lembrar que o cancelamento da competição em Margaret trouxe enorme prejuízo para o governo local, principal patrocinador do evento. A organização ainda teve um gasto extra para mover um gigantesco aparato de segurança para o local na tentativa de garantir à WSL que o campeonato tinha as condições necessárias para prosseguir normalmente. Apesar do gesto, a competição foi cancelada do mesmo jeito.
O campeonato em Margaret River ainda tem um ano de contrato com a WSL. Se os rumores de mudanças no formato do circuito em 2019 não se confirmarem, a etapa deve voltar a receber os melhores surfistas do mundo normalmente – ou, ao menos, assim espera o governo e a população local.