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200 anos do Rei Kamehameha II no Brasil

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O rei havaiano esteve no Rio de Janeiro e foi recebido com festa pelo Imperador Dom Pedro I.

Em 1782, o rei da Ilha Havaí Kamehameha iniciou uma longa guerra, que duraria treze anos, contra chefes de outras ilhas. Auxiliado por armas modernas, comercializadas com os navegadores e comerciantes europeus e americanos que utilizavam a ilha como escala em suas viagens, Kamehameha uniu todo o arquipélago, com exceção das ilhas de Kaua’i e de Ni’ihau. Ele comandou duas invasões contra estas ilhas, em 1796 e em 1803, que fracassaram devido a uma rebelião e uma epidemia, respectivamente. Em 1810, Kaua’i e Ni’ihau concordaram em unir-se pacificamente ao Reino de Kamehameha.

Para manter a unificação do Havaí sob seu comando, Kamehameha desenvolveu alianças com as maiores potências coloniais do Pacífico. Ele faleceu em 1819, deixando o reino para seu filho Liholiho Kamehameha II.

O novo rei, Kamehameha II, chegou a visitar o Brasil em 1824 em uma comitiva real. Ele esteve no Rio de Janeiro e foi recebido com festa pelo Imperador Dom Pedro I.

A primeira visita de havaianos no Brasil tinha como destino a Inglaterra. As viagens entre o arquipélago e a Europa eram realizadas pelo Estreito de Magalhães, contornando a América do Sul. Essa rota era o trajeto usual, uma longa viagem transoceânica, repleta de riscos.

Pedro I recepcionou a comitiva real havaiana no Rio de Janeiro, antes que a viagem à Londres prosseguisse. Kamehameha presenteou o imperador brasileiro com um manto de penas de pássaros dos antigos chefes do Havaí, um dos mais altos símbolos da cultura tradicional havaiana.

Kamehameha II presenteou Dom Pedro I com esta “ʻAhuʻula” da própria Rainha Kamamalu. A peça foi destruída durante o incêndio que atingiu o Museu Nacional em 2018. Foto: Reprodução Facebook Brazil Imperial.

O presente foi dado em retribuição a uma espada oferecida pelo imperador brasileiro. A manta, feita dos materiais mais preciosos do Havaí com penas multicoloridas de pássaros raros, hoje em parte extintos, pertenceu a rainha Kamamalu. O valor do presente e a preciosidade do objeto mereceram uma notícia no London Times, a 25 de maio de 1824.

Essa viagem terminou tragicamente com o adoecimento e a morte do casal real havaiano em Londres, antes da audiência com o soberano inglês. Assim, o significado do encontro com D. Pedro I torna-se ainda maior: os reis havaianos não foram apenas os primeiros soberanos estrangeiros que estiveram no Brasil independente, mas também Pedro I foi o único soberano do planeta que os recebeu oficialmente.

No final do século XIX, a morte sem herdeiros de Kamehameha V aprofundou o Reino do Havaí em uma crise de soberania, que acabou cedendo à pressão pela sua anexação aos EUA. A essa altura, o arquipélago já era habitado por muitos estrangeiros interessados em ampliar o comércio e negócios com a América.

+Em novo livro, Carissa Moore celebra o Havaí

O dia do rei Kamehameha é celebrado no Havaí, sempre no dia 11 de junho. As quatro estátuas construídas para honrar a memória do rei são cerimoniosamente cobertas com flores.

Que o espírito Aloha esteja sempre presente.

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Coordenador de pesquisas históricas do Surfe @diniziozzi – o Pardhal



Gabriel Davi Pierin
Gabriel Davi Pierin
Gabriel Davi Pierin é formado em História pela Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Ciências Humanas e em Direitos Humanos pela PUC/RS e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Professor de História e historiador do Museu do Surfe e do Santos Futebol Clube, Gabriel é colunista do Jornal A Tribuna de Santos e contribui para outros sites e blogs como Rico Surf, Waves e Rumo ao Mar. Autor de livros de sucesso, sua obra de maior impacto é Uma Estrela na Escuridão, a história de Andor Stern, o único brasileiro sobrevivente do Holocausto. Multifuncional, uma das ocupações que Gabriel exerce com maior prazer é dentro d'água com seu bodyboard.

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