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sexta-feira, 26 abril, 2024
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Extra Fabio Gouveia

Por Lucas Franceschini Como você começou a shapear pranchas? Eu já tinha feito alguns shapes no passado. Por volta de 1992/1993, cheguei a fazer 45 pranchas, mas parei por causa do circuito mundial. Ou eu competia, ou eu shapeava, ou eu ficava com a família. Alguma coisa eu tive que sacrificar porque o tempo era curto, então deixei a sala de shapes de lado com previsão de voltar no futuro. Pelo o que eu vi em seu site, você faz varias fishies e pranchas mais diferentes. Conte um pouco sobre isso. Na real, o fato do experimental é porque quando você está competindo fica difícil experimentar coisas diferentes e, uma vez que você não tem um compromisso com a competição, tudo fica mais fácil. Por isso que fui muito pro lado dos experimentos. Por exemplo: eu estava afim de cair em um mar de ondas perfeitas com uma fish sem me preocupar se no outro dia iriam ter baterias e se eu teria que usar outra prancha. Esse tipo de coisa que quando o cara compete fica um pouco difícil, pode atrapalhar um pouco. Sendo assim, aproveitei pra fazer as fishies testando algumas coisas que eu sempre quis experimentar. Não queria só saber das coisas pela teoria dos outros, queria desenvolver minha própria teoria e sentir realmente como anda determinado tipo de prancha. Mas também faço pranchas de performance. Fico alternando. Vi que você fez uma alaia também. Como foi? Cara, na real, foi uma tentativa de fazer uma alaia. Quando me toquei, o outline já parecia o de uma fish, não segui muito a linha de uma alaia não. Até porque era mais zuação e as madeiras que eu tinha não eram madeiras legais para fazer a prancha. Mas conseguiu surfar com ela? Não consegui pegar onda no dia que agente usou, o mar estava meio fraco, mas o Ian pegou umas ondinhas com ela, conseguiu dar umas batidinhas. A sua sala de shapes fica na sua casa. Fale um pouco sobre isso. Na verdade meu foco ainda é o surf profissional. Não a competição em si, mas as outras coisas que envolvem, ou seja, ficar dentro d’água. O bom de ter a sala de shape em casa é que tenho mais tempo e faço os shapes na hora que quero… final de semana, não tem uma hora exata né? Faço um pouco de manhã, um pouco a tarde, assim tenho mais tempo pra pensar. No momento, ainda estou medindo bastante, pensando muito, olhando, fazendo mudanças, por isso estou fazendo os shapes mais à mão para depois evoluir pra retomar a plaina, que é bem mais difícil. Ao mesmo tempo que faço elas a mão, guardo as medidas para colocar no computador depois. Você tem algum ritual que costuma fazer antes de shapear? Geralmente um ritual não, mas tenho feito alguns alongamentos e até feito uns exercícios para deixar a plaina mais leve, tá ligado? (risos). Faço isso, porque to numa idade que a contusão fica mais fácil e, volta e meia, fico com uma tendinite. Então faço um trabalho de alongamento e aquecimento pra não me ferrar na hora que eu estiver shapeando. Você teve uma lesão nas costas e foi isso que te atrapalhou na sua carreira como surfista. Coluna é fogo, me atrapalhou, mas o mais difícil é você entender o problema. Se você  tivesse noção do problema, dava pra se recuperar mais rápido. Mas você tem que passar pelo problema pra saber como você vai sair dele e isso realmente me atrapalhou. Como está sendo o feedback do site? Já rolaram encomendas? Como eu faço pra encomendar uma prancha? Cara acabei de divulgar o site, ele já estava pronto a algum tempo. Porque, na real, eu que coloco todo o conteúdo e isso dá um trabalho danado. Estou aberto a encomendas. Já recebi um monte de email depois da divulgação e já fico com medo, porque foi num momento difícil, final de ano. E a laminação está meio carregada, porque faço o shape, mas na hora da laminação demoro um pouco mais. Estou procurando fazer um trabalho legal, não tão preocupado com o lance de mercado porque, eu como surfista profissional, tenho que estar sempre surfando, então quero mais fazer um lance pra me divertir, pra me dar um retorno no próprio surf e ao mesmo tempo gerar um pouco de mídia. Fazer um paralelo com o surf profissional. Além de você quem mais usa suas pranchas? Cara, os meus amigos, as pessoas que viajam comigo. O Renan Rocha já fez uma, Armando Daltro, meus filhos também. Shapei uma paro o Digão do Raimundos. Fiz uma fish pro Pigmeu, que é um cara que se amarra em fishies, e fiz uma replica da prancha que usei no mundial de Porto Rico em 88 para Junior Faria. Tenho todas essas pranchas minhas históricas guardadas, aí faço umas replicas delas. E o Junior gostou da idéia. Qual o seu modelo preferido? As que mais gosto de surfar são as fishies. Mas uso no dia a dia uma 5’10 mais larguinha, mais cheinha, mas não fico preso a um modelo. Tem horas que eu falo: “Po deixa eu ficar mais solto”, e faço uma mais estreita ou mais fina. Mas as que gosto mais são as fishies e essa 5’10 cheinha. Qual a sensação de surfar com uma prancha feita por você? Fico muito feliz. É realmente o prazer de fazer a prancha e saber que ela funciona. Não só o fato de gostar de shapear, de dar forma, mas também esse aspecto de quando ela funciona. Claro, já fiz modelos que não funcionaram, modelos que também tinham uma teoria que achava que ia funcionar mas deu errado, mas isso é um aprendizado. O Ian tem um modelo próprio (5’9 squash). Agora ele só usa suas pranchas? Não cara, o Ian usa as pranchas de todo mundo. Aliás, ele usa as pranchas que ele acha melhor pra ele. Não fico empurrando pranchas pra ele. Faço uma ou outra pra ele experimentar, mas procuro não atrapalhar muito não. Esse modelo 5’9 foi um modelo que ele gostou, mas ele quebrou ela em Fernando de Noronha, no ano passado. Ele curte diferenciar com as fishies ou ele está pegada da pranchinha? Ele curte, mas acaba surfando mais de fish no verão, quando está um pouco longe das competições, quando está mais em casa, acredito que isso acontece com todos os surfistas. Na hora que ele quer dar uma relaxada, usa um equipamento diferente. Mas ela até tem surfado com umas fishies em uma bateria ou outra. Nada muito retro, uma mista de retro com pranchinha. Mas ele fica a vontade. É bom porque acabo vendo o que ele está gostando de outros shapers e acabo incorporando também. Mas o lance é o seguinte, gosto de pranchas como um cara é fã de carro. Eu não posso ver pranchas, tenho uma coleção grande de pranchas. Uso as minhas, mas uso as de outro também. Tenho muitas pranchas do Gregório Motta e, volta e meia, estou usando elas. Você não usa maquina, você faz tudo a mão não é? Cara, é porque eu gosto de shapear a mão. Com certeza, em breve, eu farei mais modelos na máquina, mas nunca vou deixar de fazer à mão, porque como te falei, meu projeto não é fazer pranchas em escala, é fazer pranchas mais trabalhadas e com calma. Não quero ficar disputando com o mercado, botando preço lá em baixo. Quero fazer um trabalho legal botando o preço pelo trabalho que venho fazendo, nada exorbitante, mas também uma coisa justa. Fabinho shapeando é como Fabinho surfando? Cara, eu pretendo chegar lá, meu projeto é esse. Estou desempenhando a função de shaper como fui como surfista, ou seja com seriedade e profissionalismo realmente querendo fazer o melhor. Quem te ensinou a shapear? Comecei fazendo pranchinhas de chaveirinho pra vender na escola. Foi aí que começou o interesse. Mas o meu primeiro contato que tive coma sala de shapes foi através de Paulo Bala da Swell. Foi ele que me descobriu no surf e fez a minha primeira prancha. Foi com ele que aprendi as paradas de conceito de laminação. Só que shapear mesmo aprendi mais quando estava na Custom, que via o Rogério Bastos fazendo minhas pranchas. Quem são suas fontes de inspiração? Rogério Bastos foi o cara com quem aprendi, então tenho um pouco das coisas dele, mas hoje em dia os shapers que gosto são Gregório Motta, Ricardo Martins, o pessoal da Wetworks, Xanadu, o Tokoro também. Você falou varias vezes que seu foco é o surf profissional, mas como você parou de competir, queria saber o que você está fazendo como surfista, você ta só como free surfer? Na verdade, quando você para de competir, você tem que realmente parar. Porque se não fica aquele vínculo. Corri uma prova ou outra, mas pretendo dar um tempo real de pelo menos um ano para descaracterizar e depois só correr alguma ou outra etapa por aí a fora. Corri alguns eventos masters, mas muito mais em função das pessoas me chamarem do que eu ter tido a iniciativa de ir. Mas estou procurando fazer um trabalho de divulgação da minha imagem de qualquer forma. Além das viagens, que já fazia, pretendo ficar criando as coisas. Umas das coisas foram os shapes, captação de imagens um pouco diferentes, sempre rola algumas coisas novas. Moro em um lugar que o surf é bastante importante pra comunidade, tem muita gente que pega onda então to sempre movimentando a minha imagem. Mas, além de tudo, tem o fato de fazer a preparação física. Fabinho shapeando uma réplica da prancha Custom com a qual venceu o mundial amador em Porto Rico em 1988. http://www.youtube.com/watch?v=2S14GS6cZII http://www.youtube.com/watch?v=mfc8MvSqaIA

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