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Professor de surf agride surfista mulher em Bertioga

Luana só deseja voltar a se sentir segura: "não dá para viver com medo, eu sou surfista e quero voltar a surfar na minha praia"

No final da tarde da última quarta-feira, dia 24 de abril, o professor de surf Jakson Santos, também conhecido como Gaúcho, residente no bairro Indaiá, em Bertioga, agrediu dentro do mar, com dois socos, a surfista Luana Toscano de Castro Portes. No prolongamento do incidente, que se deu ao lado do Pier da Riviera de São Lourenço, já na praia, Jakson danificou a prancha de Luana com um martelo. A razão teria sido, segundo o próprio agressor declarou numa rede social, uma discussão iniciada na água por motivo banal.

Como professor de surf da Escola de Surf da Riviera, caberia a Jakson Santos dar o exemplo e manter a paz no mar. Ele foi imediatamente desligado de suas funções.

Luana deixou a cena da agressão dupla acompanhada por um amigo e se dirigiu à Delegacia de Polícia de Bertioga para registrar um boletim de ocorrência. Como a cidade não possui IML, ela foi orientada a ir ao Posto de Saúde local, onde foi constatada a lesão resultante dos dois socos que atingiram o lado esquerdo de sua face. No dia seguinte, quinta-feira, ela fez o procedimento de corpo de delito no IML do Guarujá. Agora, ela aguarda que a polícia tome as devidas providências legais para que possa retomar a normalidade de sua rotina.

Em entrevista para a Hardcore, Luana disse que está  “muito assustada ainda, me recuperando fisicamente e psicologicamente, mas a vida tem que seguir. Vou aguardar os meios legais, a polícia dar sequência no assunto. Não me sinto segura sabendo que ele é meu vizinho e teve a capacidade de ir buscar uma arma branca, porque o martelo é uma arma que, se bate na minha cabeça, mata”. 

Luana, que é professora de educação especial e atende pessoas com deficiência, tem 32 anos de idade, é casada e tem um filho. Ela surfa “desde que me lembro” e já participou de competições nacionais e internacionais, além de também dar aulas de surf numa escolinha local. Tudo que ela deseja é “me sentir segura, não dá para viver com medo, eu sou surfista e quero voltar a surfar na minha praia”.

Surfando desde criança, Luana já participou de competições nacionais e internacionais, também é professora de surf e conhece bem as regras de etiqueta nas ondas.

Luana acha que a polícia deveria ter tomado alguma atitude imediata nesse sentido, mas não foi o que aconteceu. “Não estou me sentindo segura, não sei se ele vai estar na esquina com o martelo para me machucar de novo. A polícia não faz nada. Liguei para o 190 quando sai d’água e pedi uma viatura, que não apareceu. A polícia não prestou socorro. Nenhum dos dois tipos de polícia foi até o local para ver o que aconteceu e se eu estava bem”.

O caso teve enorme repercussão nas redes sociais, com muitas surfistas mulheres prestando solidariedade a Luana, o que deu força para ela prosseguir na sua demanda de justiça. Com ela conta, “me segurei ao máximo, não atendi ninguém, estava muito assustada ontem e não sabia o que fazer, o que falar. Só que várias meninas são agredidas e quando aparece uma que fala, todas as outras começam: ‘eu também já fui agredida, já aconteceu isso comigo’. Percebendo que sua denúncia tinha uma importância ainda maior, Luana tomou força para seguir adiante na busca por justiça.

Um grupo denominado “Mulheres do Litoral Norte de SP” publicou nas redes sociais um manifesto de repúdio à atitude covarde de Jakson Santos, prestando apoio irrestrito a Luana. Trecho do comunicado diz que: “Estamos ao lado de Luana, prestando todo o nosso apoio e solidariedade. Exigimos justiça e ações concretas para garantir que tais agressões não se repitam. O mar é um espaço de todos e para todos, e o respeito deve ser a base de qualquer interação dentro o fora dele.”

A Escola de Surf da Riviera, onde o agressor dava aulas, e da qual era sócio até o dia do incidente, também publicou uma nota de repúdio no Instagram. Na mesma, é feito o comunicado do desligamento dele: “Devido ao caso de agressão ocorrido na última quarta-feira, dia 24/04, a Escola de Surf da Riviera anuncia que desligou o profissional de educação física Jackson Santos, do seu quadro de funcionários e todas as atividades relacionadas”.

A prancha de Luana foi danificada por uma martelada desferida por Jakson, quando a agressão iniciada no mar teve sequência na praia.

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Ainda nas redes sociais, Jakson publicou um vídeo em que assume ter agredido Luana, mas tenta justificar o injustificável alegando que foi um caso de legítima defesa. A Hardcore buscou entrar em contato com Jakson, mas não foi possível pois ele desativou sua conta no Instagram. O espaço fica aberto caso ele deseje dar sua versão aqui. Fica a pergunta de antemão, como ele justifica ter ido buscar uma martelo para aguardar Luana na areia? Para casos como esse, a cadeia é a resposta certa.



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