25.7 C
Suva
quarta-feira, 16 outubro, 2024
25.7 C
Suva
quarta-feira, 16 outubro, 2024

Treino olímpico na onda dos crânios quebrados

Por Mariana Broggi

A escolha de Teahupoo como palco das competições de surfe nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 gerou uma mistura de emoções no mundo salgado. Afinal, a mítica onda é conhecida como uma das mais poderosas e perigosas do planeta. Enquanto muitos surfistas experientes se deliciam com a ideia de surfar no reef break lendário, há um questionamento: será que os atletas menos experientes conseguirão enfrentar o desafio que essa onda mortal apresenta?

Leia mais:

+ E agora, WSL?

+ Bicampeão mundial de surf vende “brinquedo” milionário

+ Erik Logan deixa o cargo de CEO da WSL

Não é segredo para ninguém que Teahupoo, com suas ondas monstruosas e tubos intimidadores, pode fazer até os melhores surfistas tremerem nas bases. Imagine, então, surfistas que nunca tiveram experiência em ondas tão pesadas. É como tirar um piloto de kart e colocá-lo para pilotar um carro de Fórmula 1 – a chance de se acidentar feio é grande e o risco de vida existe.

Teahupoo, cujo significado em polinésio é “crânios quebrados”, intriga já que existem algumas teorias sobre a razão do nome. Uma delas relata a história de um filho que vingou a morte de seu pai, um rei, ao comer e beber o cérebro fresco do assassino. Embora essa história seja envolta em mistério e não haja comprovação definitiva, uma coisa é certa: não existe dúvida sobre a capacidade da onda de quebrar crânios.

Levando este perigo em consideração, a ISA (Associação Internacional de Surfe) está realizando um treinamento em Teahupoo para os surfistas que já se classificaram ou têm grandes chances de se classificar para as Olimpíadas. Essa iniciativa visa preparar os atletas para o desafio real que enfrentarão no evento transmitido globalmente no próximo ano.

O primeiro grupo do ISA Athlete Training Camp já está em Teahupoo, composto por nomes como Alan Cleland (MEX), Bryan Perez (ESA), Candelaria Resano (NCA), Saffi Vette (NZL) e Shino Matsuda (JPN). Lá, eles estão tendo a oportunidade de enfrentar as ondas poderosas de Teahupoo como parte de seu treinamento para as Olimpíadas.

É interessante notar que Alan Cleland, campeão do ISA em El Salvador e surfista local de Pascuales, no México, possui habilidades excepcionais em ondas tubulares. Com um bom treinamento em Teahupoo, ele pode, inclusive, brigar por medalha.

Por outro lado, há surfistas nos grupos de treinamento que vêm de países onde as ondas são praticamente inexistentes, muito menos ondas de consequência. Isso é evidente no caso de Tiara Van der Huls, de Curaçao, uma colônia holandesa. Basta dar uma olhada em seu perfil no Instagram para perceber que ela não é acostumada a pegar onda tubular e com tamanho.

O acampamento, que é apoiado pela Solidariedade Olímpica, está sendo liderado pelo surfista profissional taitiano local Tereva David para ajudar os atletas a sentir a famosa esquerda de reef. Dos onze surfistas selecionados para o surf camp, Saffi Vette, Shino Matsuda e Billy Stairmand já conquistaram suas vagas olímpicas por meio do Mundial de Surf da ISA de 2023.

Alan Cleland, Bryan Perez, Candelaria Resano, Cody Young, Sol Aguirre e Leilani McGonagle logo terão a chance de se classificar para Paris 2024 em outubro, quando os Jogos Pan-americanos acontecerem em Punta de Lobos, no Chile.

Pela aparência das postagens do Instagram, os atletas foram recebidos por tubos sólidos. Não parece que haja ondas XXL a caminho durante a janela, mas haverá muitos dias bons na faixa de 8 a 10 pés.

A escolha de Teahupoo para as competições olímpicas de surfe levanta preocupações válidas sobre a segurança dos surfistas – principalmente, os menos experientes. Em contrapartida, o surfe é um esporte de risco por natureza, e quem vive o ‘go for it’ está sempre buscando desafios e superando limites. De fato, talvez seja justo dar a esses surfistas a oportunidade de enfrentar o desafio de Teahupoo.

Em meio às incertezas, uma única coisa é certa: Teahupoo é um lugar único. É um local onde o surfe atinge o ápice da arte e a coragem se funde com a adrenalina.

No final das contas, somente o tempo dirá se os surfistas menos experientes conseguirão superar o desafio de Teahupoo. Será uma batalha épica entre a natureza e a coragem humana, e estaremos ansiosos para ver quem sairá vitorioso dessa luta nas Olimpíadas de Paris 2024.

Veja a publicação da ISA:

 

Ver essa foto no Instagram

 

Uma publicação compartilhada por ISA (@isasurfing)

Treino olímpico em Teahupoo:

Grupo 1 (1 a 7 de julho)

Alan Cleland (MEX)
Bryan Pérez (ESA)
Candelária Resano (NCA)
Safi Vette (NZL)
Shino Matsuda (JPN)

Grupo 2 (10 a 16 de julho)

Billy Stairmand (NZL)
Cody Young (CAN)
Lucca Mesinas (PER)
Sol Aguirre (PER)
Leilani McGonagle (CRC)
Tiara van der Huls (NED)

Receba nossas Notícias no seu Email

Últimas Notícias