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E agora, WSL?

Por Adrian Kojin

Por Adrian Kojin

A primeira pergunta que todos estão fazendo é o que teria motivado o desligamento “imediato” do CEO da WSL, a Liga Mundial do Surfe, anunciado à maneira de um coice na última quinta-feira. O segundo, e mais importante questionamento, gira em torno do rumo que a entidade maior do surfe profissional vai tomar. As coisas não andam bem, será que vão melhorar? Ou piorar?

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O Vivo Rio Pro em Saquarema foi um sucesso de patrocínio, público e mídia, coroado com a vitória de um brasileiro levantando a praia com uma nota 10 na final. Yago Dora mereceu muito e levou. Felicidade geral da nação. Mas, se diante dos holofotes tudo estava lindo, no escurinho da WSL algo muito grave deveria estar acontecendo.

Que empresa anuncia a saída do seu CEO no transcorrer de um dos seus eventos mais importantes no ano, sem explicar a razão nem apontar um sucessor? Eric “Elo” Logan foi despachado com um chute na bunda sem o tradicional muito obrigado, ainda que muitas vezes cínico, que é praxe nesse tipo de ocasião.

Se a WSL tivesse ações na bolsa, certamente teriam despencado lá embaixo. Como é que o dono do navio manda o capitão embora e deixa a embarcação sem comando tão longe do porto? Dirk Ziff, o bilionário americano que comprou a WSL, pela bagatela de um dólar, não quis nem saber. Ele mandou Elo embora, dando como ordem final que a cria de Oprah Winfrey saísse rapidinho e de bico calado. Ao menos foi essa a impressão passada no comunicado, tão inesperado quanto seco, que deixou a todos atônitos.

“Surfistas comemoram a saída do CEO da WSL”, deu a manchete de O Globo no dia seguinte. Realmente, no Instagram e Facebook, foi rojão para tudo quanto é lado. De surfistas profissionais a fãs do esporte, o que se viu foi uma grande celebração. O surfe finalmente havia se libertado de Elo. Para aqueles que estavam expressando tanto contentamento, não havia dúvida, ele seria o maior responsável por tudo de errado que estaria acontecendo na WSL. Reality shows, corte do meio do ano, Final 5 em Trestles, roubalheira no julgamento, etc etc. A lista de acusações vai longe.

Uma coisa, no entanto, não pode ser dita de Elo, que ele não tentou. É notório que a WSL é uma empresa deficitária, que até hoje não deu o retorno esperado ao seu proprietário. Inclusive, boatos recorrentes dizem que Ziff pretende vendê-la, o que só não teria ocorrido até o momento pois as propostas recebidas ficaram abaixo do valor pedido.

Será que alguma das atitudes controversas de Elo contribuiu para que negociações de venda da WSL, eventualmente em curso, não fossem concluídas? Ou seja, não conseguiu fazer com que a empresa desse dinheiro e ainda melou a venda, rua com ele então. Dizem por aí, que a maneira autoritária com a qual Elo respondeu ao questionamento do julgamento, após a etapa no rancho do Kelly, feito pelos três mais influentes surfistas brasileiros, Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Felipe Toledo, poderia ter irritado um possível comprador.

Claro que tudo que tem sido falado é pura especulação, que em nada ajuda a imagem já desgastada da WSL perante seu público específico e o mercado em geral. Desde patrocinadores até possíveis compradores, a estabilidade da empresa com a qual estão lidando vai ser sempre um fator decisivo na conclusão, ou não, de um negócio.

Cabe a WSL ser transparente e vir a público esclarecer o que aconteceu com Elo. Nem as pessoas mais próximas da WSL estão sabendo dizer, tamanho o mistério. O inegável é que devido à falta de informação, o caminho fica aberto para as mais variadas suposições. O que não favorece ninguém envolvido, do dono da empresa, passando por seus funcionários, pelos surfistas profissionais associados, parceiros e patrocinadores, a até mesmo os fãs, que acompanham o surfe com tanta paixão.

Escorraçado do seu posto, criticado sem dó, para muitos Elo está recebendo o que merece. Mas, como diz o ditado popular, cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Nesse exato momento, nada indica que o substituo de Elo será alguém melhor preparado que ele. Enquanto a WSL não apresentar um novo CEO, o mais apropriado seria silenciar os rojões e passar a acender velas. É importante ter em mente que quem colocou ele lá vai ser a mesma pessoa que vai bater o martelo nomeando seu sucessor. A torcida é para que lições tenham sido aprendidas.

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