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Tempestade Chinesa? País está com o pé na porta na formação de jovens surfistas

Vem aí uma “Tempestade Chinesa”? Entenda a seguir por que esta pode ser uma possibilidade materializada.

 

Após décadas de peleja, o Brasil conquistou sua hegemonia nas competições e a Brazilian Storm é realidade há quase 10 anos. No meio desse caminho, o surf de tornou olímpico e… mais um boom! Muitas nações abriram-se para essa arte sagrada havaiana que hoje movimenta uma indústria bilionária que atrai cada vez mais outsiders.

Como é o caso da China, que sempre investiu nos esportes de alto rendimento. Na estreia olímpica do surf (em Tóquio no ano passado), o país investiu US$ 1 milhão e prevê triplicar esse montante na Paris-2024.

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Os US$ 3 milhões de investimento para o ciclo de surf olímpico de 2024, tornam o programa da China um dos mais bem financiados do planeta.

Parte desse plano consistiu também em ter enviado 14 jovens surfistas chineses para a Califórnia, aonde treinaram por quatro meses antes dos ISA World Surfing Games de 2022 – evento que acontece em setembro, em Huntington Beach, e é o primeiro evento de qualificação para os Jogos de 2024.

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A revista australiana Stab escreveu sobre isso recentemente e chamou a iniciativa chinesa de “um estudo sobre como construir artificialmente uma cultura de surf”.

Zhou Changcheng, Diretor do Departamento de Surf da Administração de Esportes Aquáticos da China, foi o arquiteto desse projeto para agigantar a ideia e o investimento. Ele é o responsável por gerenciar os programas chineses que conquistaram medalhas de ouro, prata e bronze nas Olimpíadas.

Enfim, foram criadas oito equipes regionais (com 70 atletas e de 3 a 7 treinadores em cada) e duas nacionais. Além disso, foram contratados dezenas de treinadores e consultores internacionais, bem como centenas de pranchas importadas, tudo tudo combinado com um plano de realizar várias surf trips pelo mundo.

E assim criou-se o plano da “Chinese Storm”. “Na China, todos os atletas de surf são profissionais. Surfar é o trabalho deles”, declarou Zhou em entrevista ao repórter Evan Quarnstrom, da Stab.

Há alguns anos, apenas uma pequena cena existia na província de Hainan. Crianças que sabiam nadar, ou pareciam atléticas, foram recrutadas para se tornarem surfistas e se juntarem aos times regionais. Quarenta atletas serão escolhidos para a seleção nacional,  20 na equipe A e 20 na equipe B.

Até agora, os resultados foram discretos, mas a evolução tem sido rápida.

Zhou Changcheng
Zhou Changcheng. Foto: Reprodução / Twitter

“De todos que estão na seleção nacional, nenhum era surfista há quatro anos. E o campeão nacional do ano passado já não é o melhor da equipe”, garante Zhou, que soma 20 anos de experiência na vela.

Os surfistas selecionados para as equipes regionais são funcionários do Comitê Olímpico; passam em média 6 horas por dia no mar e depois estudam. Todos das seleções nacionais pagam suas despesas, equipamentos e viagens.

Todo esse processo gerou um novo mercado lucrativo para equipamentos no país. E como a temporada de bons ventos e ondulações dura cerca de três meses, os mais talentosos se deslocam constantemente para treinar, viajando constantemente para locais como Indonésia, EUA, Japão ou Europa.

“O dinheiro que recebemos não é suficiente. Em alguns casos, as equipes provinciais têm mais surfistas e são mais bem financiadas do que a seleção nacional, por causa do dinheiro que vem dos governos provinciais e do Comitê Olímpico. Temos um sistema diferente. Nossos surfistas profissionais não gastam dinheiro sozinhos. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem milhares de surfistas que se pagam”, completa Zhou.

Embora a única piscina do país não faça parte do projeto [em 2019 uma piscina privada foi construída na província de Henan. Por fazer parte da iniciativa privada, ela não é utilizada pelas entidades principais e a maioria dos surfistas da seleção não a conhecem], Zhou assentiu que as ondas artificiais estão dentro dos planos prosseguir com seu programa.

Em 2019, a China se juntou à corrida global de piscinas de ondas e a novidade foi lançada na província de Henan, nordeste do país. Mas a ideia não vingou como se imaginava. Construída pela iniciativa privada, ..

“No futuro, esperamos poder comprar a melhor piscina de ondas. Por isso, incentivamos um governo provincial ou uma empresa privada a fazer parceria com a melhor tecnologia disponível. Se o objetivo é que a seleção nacional evolua, precisamos ter o melhor equipamento disponível”.

Não sabemos quais serão os frutos desse plano da “Tempestade Chinesa”, tampouco é possível saber quando resultados serão colhidos, mas fato é que toda essa dedicação e trabalho duro contínuos, alguma hora, surtirão algum efeito.

“Ainda somos uma equipe jovem. O primeiro objetivo é se classificar. Vamos tentar o nosso melhor para Paris-2024…mas talvez 2032 seja mais realista”, pontua Zhou.

E você: acredita na força da “Tempestade Chinesa”?

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