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Teahupo’o: perigosa para as mulheres?

Responde aí: você acha Teahupo’o perigosa para as mulheres?


texto Alexandra Marques

Filosofar pelos meandros desta pergunta, já nos renderia um texto. Mas não, este não é o objetivo deste texto; quem sabe será do próximo.

Fato é que 2022 representa um marco para as mulheres no calendário da Liga Mundial de Surf, pois pela primeira vez em 16 anos, as melhores surfistas competem em Teahupo’o, no Tahiti.

O evento, aliás, teve início na última terça-feira, 16/8, com as baterias femininas.

Enfim, as mulheres já competiam em Teahupo’o, até 2006. Depois, a liga mundial de surf [na época, ASP] parou de realizar competições femininas em Teahupo’o, citando preocupações de segurança, mas os eventos masculinos continuaram.

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“É uma decisão bastante sexista”, disse Melanie Redman-Carr ao NBC Sports, que venceu em Teahupo’o três vezes consecutivas. “Se os homens podem ir lá, por que não podemos? Eles estão com medo de que uma de nós se machuque gravemente e tenha toda a publicidade ruim que vem disso.”

A comissionária da WSL Jess Miley-Dyer, em 2006 uma adolescente, disse que “por ser tão desafiadora, é uma onda que puxa os limites do surf e do surf feminino. Acho que podemos tomar essa decisão por nós mesmas, e, esperançosamente voltar a competir nessa onda”.

Ela, inclusive, compartilhou há alguns dias em sua conta do Instagram, um vídeo dessa época, com a seguinte legenda:

“Depois de competir em Teahupo’o em 2006 como adolescente e novata no Championship Tour, eu tinha opiniões fortes sobre o surf feminino e quem eu queria que fôssemos. E ainda tenho.”

 

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Enfim, não é surpresa que a volta feminina a Chopes tenha sido sob supervisão de Miley-Dyer. Originalmente programado para retornar em 2021, o evento do ano passado foi cancelado devido a um aumento nos casos de Covid-19 no Taiti.

“Não vou mentir, estou um pouco nervosa por competir em Teahupo’o pela primeira vez”, escreveu a medalhista de ouro olímpica e cinco vezes campeã mundial Carissa Moore no Instagram, que avançou sua bateria na primeira colocação.

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“É uma onda muito intimidante e não passei [em nenhum lugar] tempo suficiente aqui para me sentir confortável. Estou muito empolgada com a oportunidade de aprender, fazer parte do retorno das mulheres a essa onda icônica e, espero, aumentar um pouco meu nível de conforto nesta semana.”

Enfim, parece que 16 anos depois, essa batalha sexista alcança desfecho positivo para as mulheres do surf profissional, que assim desfrutam de condições iguais às dos homens para evoluir nesta onda de consequências brutais.

Celebremos esse momento histórico, lembrando que se você é mulher nesse mundo, sabe que a luta é diária. Se for homem, e nunca foi ler sobre machismo estrutural, nunca é tarde. Algum dia escrevo sobre isso, também.

Na paz, vamos juntos e juntas.

A janela de competição para o Outerknown Tahiti Pro 2022, a penúltima parada do Tour de 2022, acontece de 11 a 21 de agosto.

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