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Teahupo’o nota 10 eleva expectativa para a Olimpíada 

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A expectativa para o que vai acontecer em Teahupo'o em julho, fica ainda mais excitante ao se considerar a situação de Filipe Toledo e João Chianca às vésperas da Olimpíada.

Uma semana já se passou e sigo em êxtase com o que testemunhei acompanhando a etapa de Teahupo’o. Fazia muito tempo que não assistia a um campeonato de surf com tanta onda boa, sem desgrudar da tela e vibrando sempre, fosse nas baterias masculinas ou femininas. 

Melhor ainda que nossos surfistas dominaram geral, com Gabriel Medina se consagrando como o melhor surfista do evento, Ítalo Ferreira conquistando uma vitória mais que merecida e Tati Weston-Webb fazendo história com seu 10 épico. Menção mais que honrosa a Yago Dora, entubando fundo com muita classe.

Tatiana Weston-Webb entrou para a história com sua nota 10 e tem tudo para repetir o feito na Olimpíada de Paris 2024. Foto: WSL / Matt Dunbar

Durante estes últimos 7 dias, revi as melhores ondas, li matérias, posts e comentários, e fiquei tremendamente feliz pelo reconhecimento que os guerreiros brasileiros obtiveram de todas as partes. Depois de um começo de ano duro, de resultados magros, muitos críticos e sabidões já estavam determinando que a Tempestade havia se transformado em uma mera garoa e não assustava mais ninguém. Ledo engano, já que em Teahupo’o ela retomou sua força de maneira avassaladora. 

Tem muita gente lamentando que o primeiro medalhista de ouro olímpico de surf não terá a chance de emplacar o bi, ainda mais após sua brilhante vitória em Teahupo’o. Foto WSL / Matt Dunbar.

A alegria de torcedor foi enorme e me deixou ainda mais otimista para o que está por vir em julho durante as provas de surf da Olimpíada, que serão realizadas em Teahupo’o. Gabriel já era considerado favorito, agora também temos Tati credenciada com grandes chances de trazer uma medalha, até mesmo a de ouro. 

Se as ondas repetirem o espetáculo que proporcionaram na semana passada, o mundo terá a oportunidade de vibrar com o que o surf tem de melhor para oferecer. Os surfistas têm tudo para serem o maior destaque dos Jogos de Paris 2024, mesmo se apresentando a mais de 14 mil kms da sede principal do evento. 

+Após início de temporada difícil, brasileiros brilham no Tahiti Pro 2024

Não foram só os brasileiros que fizeram bonito no Shiseido Tahiti Pro, o havaiano John John Florence, que vai defender a bandeira dos Estados Unidos na Olimpíada, e Vahine Fierro, que vai surfar em casa representando o Taiti, são os principais nomes a nos ameaçar. Não só por terminarem, respectivamente, em segundo no masculino e primeiro no feminino, mas por, mais uma vez, terem demonstrado uma relação especial com a onda. 

E não são os únicos que vão chegar com grandes chances. Para citar apenas mais um, basta lembrar do que mostrou o marroquino Ramzi Boukhiam, que terminou em terceiro no evento, mesma colocação de Medina, com uma performance surpreendente.

Filipe Toledo declarou recentemente que julga estar pronto para batalhar pelo ouro em Teahupo’o. Tem muita gente torcendo para que ele supere suas dificuldades. Foto: WSL / Poulenot

Toda essa expectativa que está sendo criada em cima do que vai acontecer em Teahupo’o em julho, fica ainda mais excitante ao se considerar a situação de Filipe Toledo e João Chianca às vésperas da Olimpíada. Os dois, que completam a equipe brasileira masculina ao lado de Gabriel Medina, não participaram do super treino que foi o campeonato da semana passada. 

Filipe Toledo por ter desistido, em fevereiro passado, de correr o Circuito Mundial 2024, justificando precisar cuidar de sua saúde mental. João Chianca por ainda estar se recuperando do acidente quase fatal sofrido em Pipeline, em dezembro de 2023.

João Chianca perdeu o “super treino” que foi o Shiseido Tahiti Pro, mas no swell anterior ao campeonato pegou essa bomba demonstrando que está pronto para a Olimpíada. Foto: @anuanualucas/reprodução Instagram.

Razões totalmente válidas, mas que não afastam a suposição de que vai fazer muita falta para eles não terem se testado nessas condições extremas, contra vários daqueles que serão seus adversários na Olimpíada.

Ter perdido o super treino certamente os deixa em desvantagem, adicionando ainda mais drama à trajetória de ambos. Uma coisa é certa, se qualquer um dos dois conquistar uma medalha, estará protagonizando o tipo de saga mais impactante que se possa imaginar, aquela em que o herói supera todas as dúvidas e obstáculos colocados no caminho que leva à glória suprema que é subir ao pódio olímpico.

Não posso esperar para conhecer como terminam todas essas histórias. Que venha a Olimpíada e Teahupo’o quebre nota 10 novamente.

 

  

 

Adrian Kojin
Adrian Kojin
Por duas vezes cruzou as Américas por terra, da Califórnia ao Brasil. Em 1987, pilotando uma moto, aventura narrada no livro Alma Panamericana, e 35 anos depois, a bordo de uma minivan. Fez parte da equipe da Fluir por quase duas décadas, 10 anos como diretor de redação. Editou também o The Surfer's Journal Brasil e colaborou com as extintas revistas Surfer e Surfing e foi editor para o Brasil do Surfline.com. Traduziu as biografias dos campeões mundiais Kelly Slater, Mick Fanning e Shaun Tomson, além de editar os livros Arpoador Surf Club e Pororoca – a onda da Amazônia, entre outros. Atualmente é diretor editorial da Hardcore e prepara o documentário sobre sua mais recente expedição @panamericansoul2022.

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