Tati Weston-Webb despertou. A vitória consistente no MEO Pro Portugal, terceira etapa do CT da WSL, sinalizou que a brasileira é, de fato, uma concorrente ao título mundial.
A julgar pelo que surfou Supertubos, Tati está, de fato, no páreo. Se vencer, será a primeira surfista do Brasil a se tornar campeã mundial de surf da história.
Mas quem é Tatiana Weston-Webb? Ela é brasileira de fato? Pois é, muita gente não sabe ao certo a origem da surfista, portanto, essa matéria pretende esclarecer algumas dúvidas sobre a nossa única representante no CT feminino de 2022.
Primeiro, sim, ela é brasileira! Filha da ex-bodyboarder brasileira Tanira Guimarães e do surfista inglês Doug Weston-Webb, Tati nasceu em Porto Alegre (RS), em 9 de maio de 1996.
Veja também:
+ Federação Russa de Surf reage à punição da ISA: “O esporte deveria unir”
+ Punta Rocas, uma das ondas mais constantes do mundo
+ Quer cansar as pernas? Conheça os 7 picos com as ondas mais longas do mundo
Contudo, com apenas com dois meses de idade mudou-se para a ilha de Kauai, no Havaí, onde teria suas primeiras experiências nas ondas incentivada por seu pai.
Quando completou oito anos, passou a surfar sozinha e começou a participar de torneios nacionais, sempre com o apoio da família.
Apesar do latente talento para o surf, o começo foi bem difícil e seus pais muitas vezes tinham que se desdobrar para custear suas despesas nas competições.
Um fato curioso é que sua mãe, Tanira, preferia esconder os resultados em rankings para não pressionar a filha, que ainda era bem jovem.
Mas sua evolução era nítida e, pouco a pouco, ela foi se destacando cada vez mais até que, praticamente sem perceber, conseguiu se classificar no Championship Tour (CT), o tour principal da Liga Mundial de Surf (WSL), aos 20 anos.
A conexão de Tati Weston-Webb com o Brasil
A conexão com o Brasil tornou-se mais forte a partir de 2014, quando começou a namorar o guarujaense Jessé Mendes, hoje seu marido.
Para conseguir conversar com os pais de Jessé, que não falavam nada de inglês, Tati voltou a falar português, idioma usado para se comunicar com sua mãe até os primeiros anos de vida, mas que havia se perdido em sua memória uma vez que seu pai, Doug, não compreendia o que ela dizia.
Com o relacionamento com Jessé e o resgate da língua portuguesa, a conexão com suas raízes brasileiras foi ficando cada vez mais forte, até que em 2018 recebeu um convite do Comitê Olímpico Brasileiro para que passasse a competir pela bandeira verde e amarela, que foi prontamente aceito pela surfista.
No mesmo ano ela passou também a ter a nacionalidade brasileira e, segundo a surfista, a responsabilidade pela própria carreira aumentou, pois passou a representar pessoas que sonham e lutam para correr atrás dos seus sonhos.
“A gente sempre veio para o Brasil para visitar a família da minha mãe e passear por aqui. Comecei a namorar com o Jessé também e descobri o amor que sempre tive pelo Brasil. Foi uma coisa bem natural, porque sempre fui brasileira. Mas fiquei cada vez mais apaixonada pelo Brasil”, revelou Tatiana Weston-Webb na ocasião das Olimpíadas, onde representou muito bem as cores verde e amarela e só não foi mais longe pois teve o azar de disputar as eliminatórias em ondas pequenas e fracas – o power surf sempre foi uma de suas características mais marcantes.
Mas a frustração nos Jogos Olímpicos foi compensada pelo vice-campeonato mundial em 2021. Agora, embalada pela vitória em Portugal, Tati parte para a Austrália, onde tem um bom histórico de resultados, com direito a uma vitória, em 2021, no Margaret River Pro.
Tati Weston-Webb está atualmente na quarta colocação do ranking do CT e, ciente do peso da bandeira que carrega, está firme no propósito de conquistar o título mundial – o primeiro a ser conquistado por uma brasileira.