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Entrou no coração: duas notícias estarrecedoras sobre a situação dos plásticos no planeta

“O compromisso dos surfistas em preservar os oceanos, por meio de iniciativas de educação ambiental, pode catalisar uma mudança cultural em relação a poluição por plástico”

Opinião | Por Mariana Broggi

Do mar ao coração, duas notícias estarrecedoras deixam ainda mais claro a gravidade da poluição por plásticos no planeta.

À primeira vista, o anúncio pela ONG The Ocean Cleanup, de que bateu na semana passada o seu recorde de retirada de plástico da Grande Ilha de Lixo do Pacífico, parece uma boa notícia. Mas se for analisada com a seriedade que o assunto merece, a informação aponta mais para o desespero do que para a esperança. Até por quê recolher o plástico que já foi despejado nos oceanos é apenas uma medida paliativa a longo prazo diante do volume absurdamente gigantesco. O que dever ser feito urgentemente é impedir que o mar continue sendo o grande lixão do planeta.

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O que só fica mais premente ainda com a revelação, a segunda notícia mencionada, de que um grupo de médicos chineses encontraram microplásticos no coração humano pela primeira vez, conforme artigo publicado na revista científica Environmental Sciene & Technology. Triste ironia que tais médicos sejam nativos de uma das nações que mais despeja plástico no oceano. Segundo a consultoria suíça EA (Earth Action), a China lidera, logo atrás da Índia, a lista de 12 países que pior lidam com seu lixo plástico. Na mesma lista, estão Brasil, Indonésia, Tailândia, Rússia, México, Estados Unidos, Arábia Saudita, República Democrática do Congo, Irã e Cazaquistão. Todos esses países juntos são responsáveis ​​por 52% do plástico mal administrado do mundo.

Esses dois eventos, apesar de distintos, convergem para uma triste realidade: a contaminação por plásticos tem múltiplas faces, desde a extensa mancha de detritos no oceano até a penetração em órgãos humanos. A façanha da The Ocean Cleanup ao retirar 11.353 kg de plástico do Pacífico nos lembra da necessidade urgente de uma abordagem mais eficiente, focada na prevenção e redução do uso de plástico em nossas vidas cotidianas.

Por outro lado, a descoberta dos microplásticos no coração humano é mais um alerta crítico. Encontrar essas partículas em um órgão vital traz à tona uma ameaça invisível que permeia nossa própria fisiologia.

Os efeitos potenciais da presença desses materiais nos órgãos internos na saúde humana ainda estão sendo estudados. Entretanto, pesquisas anteriores já demonstraram que esse poluente tem potencial de causar uma série de problemas graves, como abortos, diabetes, infertilidade, reações alérgicas, diferentes tipos de câncer, doenças cardíacas e psíquicas, além da síndrome do ovário policístico (SOP). A ameaça à nossa própria saúde é real e demanda ação imediata.

Diante desse cenário, uma coisa é certa: Essa crise requer ação coletiva. Assim como surfistas se aventuram no mar em busca das ondas, eles também têm a obrigação de serem defensores desse ambiente. Eles podem não apenas testemunhar a beleza e a poluição do oceano, mas também mobilizar comunidades e inspirar ações concretas. O compromisso dos surfistas em preservar os oceanos, por meio de iniciativas de educação ambiental, pode catalisar uma mudança cultural em relação ao plástico.

Além disso, países, indústrias, comunidades e indivíduos devem unir forças para transformar a maneira como produzimos, usamos e descartamos o plástico. Ao nos unirmos para enfrentar esse desafio, podemos transformar o desespero em ação, protegendo tanto os oceanos quanto nossa própria saúde. É um chamado para que todos abracem essa causa, reconhecendo que nossa relação com o plástico não deve ser apenas de consumo, mas também de responsabilidade.

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