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Pan-American Soul 2022: Parque do Surfe Santa Catalina

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m Santa Catalina, no Panamá, tive o prazer de ser recebido por Ítalo Izola, o brasileiro dono do Hostal Surfer’s Paradise. Localizada bem de frente para a mais icônica onda do Panamá, da sua belíssima propriedade é possível avistar também uma longa ponta de terra que acompanha a curvatura da baía. Nesse cenário paradisíaco, várias construções abandonadas lembram do extinto Casa Blanca Resort, que pertenceu ao pioneiro do pico, o lendário surfista panamenho Ricardo “Punky” Icaza. Nos dias que passei em Santa Catalina, notei que o lugar é utilizado como uma área de lazer por surfistas locais e visitantes, e também famílias da região. Seria um sonho se essa área fosse tornada, oficialmente, num parque do surfe.


Texto Adrian Kojin / Editor Especial da HARDCORE

 

 

Descoberta em 1970, durante uma expedição exploratória liderada por Punky, na companhia dos amigos Freedy Dietz, Maxy Castrellon e Ricardo Fabrega, que, diz a lenda, assistiram da praia enquanto ele estreava a onda sozinho, Santa Catalina foi durante muito tempo mantida como um pico secreto. Só os camaradas mais próximos de quem foi naquela primeira barca tiveram o acesso liberado. Mas nos anos 80 isso começou a mudar, com a abertura do Casa Blanca resort pelo próprio “dono” do pico, o que passou a atrair atenção internacional.

 

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A primeira casa de Punky em Santa Catalina foi construída na ponta de terra mais próxima do pico em toda a costa. A localização privilegiada permitia uma visão inigualável da onda quebrando logo ali na frente. Uma visita às ruinas da propriedade faz a imaginação voar. Quantos momentos incríveis Punky e seus convidados não devem ter desfrutado ali. Gostaria de ter perguntado a ele o que o levou a vender a propriedade e se mudar para sua atual residência, no alto de um morro com uma vista também sensacional da praia, mas bem mais afastada da costa.

Não tive a chance de conversar com Punky, mas suspeito muito que a resposta dele à minha pergunta seria a mais óbvia, dinheiro. Ele deve ter recebido uma boa oferta e aceitou, assim de simples. Fato é que desde quando isso aconteceu, já lá se vão quase duas décadas, o resort foi desativado e hoje qualquer um pode caminhar entre o que sobrou da casa do dono, dos chalés que recebiam os hóspedes, e demais instalações. É por ali que muitos surfistas passam a caminho do mar ou vem dar uma checada nas condições. Praticamente de qualquer ponto da extensa propriedade é possível apreciar a perfeição instigante das ondas de Santa Catalina.

 

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Durante minha estadia tive a sorte de poder surfar um swell fora de temporada. Não estava grande, mas quando entrava a série, tinha que ficar esperto já que quase com certeza um dos habilidosos locais viria passando dentro de um tubo sem uma gota d’água fora do lugar. E o pior lugar para estar é moscando bem na frente dele. A verdade é que era difícil conseguir uma das boas sobrando. Mas assim mesmo pude garantir minha cota de diversão. De volta em terra, invariavelmente ia bater um papo com Ítalo, para saber mais da história do lugar e da onda.

 

 

Ítalo tem formação de arquiteto com foco em planejamento urbano. Eu mencionei a ele a “viajada” que tinha dado caminhando pela antiga propriedade de Punky, de como seria bacana se aquilo fosse preservado do jeito que está, com passagem liberada, evitando que um dia cercas e muros sejam erguidos, restringindo o acesso. Ou pior, que alguma empresa hotelera resolva erguer uma aberração manchando a paisagem e maculando o astral ainda quase selvagem que o pico tem. Ítalo aprovou meu devaneio e me contou que ele mesmo já apresentou planos no sentido de tornar a área da bancada em frente à pousada dele num parque do surfe, com uma ciclovia incorporada ao projeto.

Quem sou eu, que só estou apenas em trânsito, para ficar opinando em como Santa Catalina deveria se desenvolver, o que inevitavelmente vai acontecer. Mas acho que não estaria errado em dizer que um parque do surfe traria benefícios a todos, tornando-se um patrimônio da comunidade e um exemplo internacional de proteção de uma onda e seu entorno. Pelo que entendi, a empresa Catiland Panamá, pertencente a um milionário de Nova Yorke chamado Daniel Wolf, comprou quase toda a faixa de frente para o mar em Santa Catalina e Bahia Honda. Até onde eu sei Mr. Lobo não surfa, mas junto com sua mulher, a renomada artista plástica Maya Lin, ele supostamente teria as melhores intenções para a região. Que tal começar presenteando os surfistas panamenhos, e do planeta todo, além da comunidade local, com o Parque do Surfe Santa Catalina?

Acompanhe a rota de Pan-American Soul pelo @panamericansoul2022.

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* Nesta seção, o Editor Especial da HARDCORE, Adrian Kojin, traz com exclusividade os diários da sua road trip Pan-American Soul 2022, da
Califórnia até o Brasil. 

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