25.7 C
Suva
quinta-feira, 21 novembro, 2024
25.7 C
Suva
quinta-feira, 21 novembro, 2024

Onda não entra com hora marcada: Paris 2024 fica menor por não ter estendido janela de espera

-

Se tivessem dado a Medina uma chance justa, seria triste, mas até aceitável, ele não estar batalhando pelo ouro. Do jeito que aconteceu, foi revoltante.

Se a Olimpíada quer abraçar o surf, seus dirigentes tem que entender que onda não entra com hora marcada. É inacreditável que tenham tomado a decisão de botar as finais na água em condições tão fracas de ondas. Ainda mais sabendo que amanhã o mar vai estar bem melhor, possivelmente clássico. 

O que aconteceu? A resposta é simples, não entrou onda. Foto: ISA / Pablo Franco

Burrice investir tanto e deixar escapar o lucro por falta de visão, querendo economizar migalhas. A enorme expectativa que havia sido criada com a foto viral de Gabriel Medina, clicada no momento em que ele se projetou no espaço ao sair da onda melhor pontuada da história do surf olímpico, um 9,90, que o planeta todo julgou que foi um 10, surfado de maneira brilhante nas oitavas de final. Foi o dia de sonho que todos esperavam, em que Teahupo’o provou ser a arena mais espetacular de Paris 2024.

+Falta de ondas impede Gabriel Medina de brigar pelo ouro olímpico

+Teahupo’o épico: 10 imagens com Medina e Chianca no dia que sacudiu Paris 2024

Que injustiça enorme foi cometida contra Gabriel Medina, ao retirar dele a chance de disputar a medalha de ouro pela qual tanto lutou. Talvez apenas ter aguardado um pouco mais para iniciar o dia de competição já fizesse toda a diferença. Com tanta coisa em jogo, o certo seria ter certeza de que o mar estava minimamente consistente. Gabriel Medina e Jack Robinson ficaram quase dez minutos sem que entrasse uma onda no início da bateria, e depois o brasileiro encerrou sua participação tendo surfado apenas uma onda durante todo o confronto, após esperar 17 minutos por uma marola que fosse, que nunca surgiu no horizonte.

A janela do surf deveria ter se estendido durante todo o período olímpico, que vai até o dia 11 de agosto. Quando o surf vai voltar a Teahupo’o? Quando Gabriel Medina, o indiscutível melhor surfista no pico, vai ter a chance de encantar o mundo mostrando tudo que sabe numa final olímpica? Escrevo esse texto enquanto a americana Caroline Marks enfrenta a francesa Joanne Defay, na primeira semifinal feminina. Elas tiveram muito mais chances do que Medina.

Pode ser que até o final do dia o mar realmente melhore, conforme previsto, e tenhamos um belo espetáculo na disputa do ouro entre o taitiano Kauli Vaast e o australiano Jack Robinson. E até mesmo na disputa do bronze entre Gabriel Medina e o peruano Alonso Correa. Se tivessem dado a Medina uma chance justa, seria triste, mas até aceitável, ele não estar batalhando pelo ouro. Do jeito que aconteceu, foi revoltante. Paris 2024 ficou menor.



Adrian Kojin
Adrian Kojin
Por duas vezes cruzou as Américas por terra, da Califórnia ao Brasil. Em 1987, pilotando uma moto, aventura narrada no livro Alma Panamericana, e 35 anos depois, a bordo de uma minivan. Fez parte da equipe da Fluir por quase duas décadas, 10 anos como diretor de redação. Editou também o The Surfer's Journal Brasil e colaborou com as extintas revistas Surfer e Surfing e foi editor para o Brasil do Surfline.com. Traduziu as biografias dos campeões mundiais Kelly Slater, Mick Fanning e Shaun Tomson, além de editar os livros Arpoador Surf Club e Pororoca – a onda da Amazônia, entre outros. Atualmente é diretor editorial da Hardcore e prepara o documentário sobre sua mais recente expedição @panamericansoul2022.

Compartilhar essa Reportagem

Adrian Kojin

Alex Guaraná

Allan Menache

Edinho Leite

Twins e afins

Jair Bortoleto

Janaina Pedroso

Luciano Meneghello

Phill Rajzman

Zé Eduardo

Thiago Cosentine

Gabriel Davi Pierin

Carlos Motta, o Artesão do Mar

Jaime Viudes