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Maya Gabeira cita machismo como adversário mais difícil da carreira

As ondas gigantescas de Nazaré intimidam qualquer mortal. Pouquíssimos são os (as) que decidem percorrer as paredes do canhão português. A carioca Maya Gabeira é uma dessas pessoas que pertence a esse seleto grupo no mundo. No entanto, não são as morras de Nazaré os maiores desafios para Maya Gabeira, e sim o machismo, ao qual a big rider se refere como o adversário mais difícil que ela enfrentou na carreira.

Gabeira disse isso recentemente em uma entrevista ao globo.com. A autora do recorde de maior onda surfada por uma mulher – um paredão de 22,4m, em Nazaré, disse também ter sentido o machismo desde suas primeiras marolas.

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A desigualdade de gênero é um dos temas abordados no filme “Maya e a Onda”, dirigido por Stephanie Johnes – leia mais aqui sobre o filme -, que foi lançado pela surfista em uma sessão de cinema no sábado, 9/10, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.

“Quando vi o filme pela primeira vez, um mês atrás, tive realizações sobre a minha vida e sobre a minha trajetória. Mas uma coisa fica clara: a minha maior dor, ou trauma, que tenho que superar, não é o acidente ou as ondas gigantes, é o preconceito que sofri. As porradas que tomei de certas pessoas, de certas empresas, as dificuldades de entrar em uma comunidade que eu queria fazer parte, mas não fui aceita. Isso deixou uma ferida que ainda estou trabalhando para superar. O acidente, as ondas gigantes, morrer dentro do mar, isso eu tinha aceitado desde os 17 anos de idade. Eu tinha certeza que ia tomar porrada, me quebrar, parar no hospital e fazer reabilitação. A outra parte eu não tinha noção, que era a desigualdade de gênero em todas as esferas da sociedade”, disse Maya  ao globo.com.

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Em função do filme, Maya precisou rever as imagens de quando quase perdeu a vida em Nazaré, sete anos antes de quebrar o recorde mundial pela maior onda surfada por uma mulher.

“É uma fase da minha vida que não fico remoendo. Estou tendo que viver de novo por causa do documentário. Assisti no sábado pela segunda vez e, domingo, falei para a minha diretora: ‘Cheguei no meu limite. Nas próximas aparições, vou entrar no fim para participar do Perguntas e Respostas’. Preciso me poupar, pela minha saúde mental. Foram momentos muito complicados.”

Segundo a big rider disse ao globo.com, a dificuldade em assistir não está somente por reviver os momentos de incerteza em relação ao futuro, mas também por relembrar comentários como o do waterman Laird Hamilton, que, enquanto Maya ainda estava hospitalizada, disse que ela “não tinha habilidade para surfar em condições extremas”. Maya também enalteceu a presença dos seus pais, que segundo ela, carregaram durante momentos muito difíceis. “Enquanto muitos no meu entorno desistiram de mim, eles nunca desistiram. Meu sonho sempre foi surfar as maiores ondas do mundo, então, desistir disso era mais doloroso do que acordar cedo e ir para a reabilitação, tomar porrada das ondas, dos caras. Eu não queria abrir mão do meu sonho. Fui criticada publicamente e no privado por muitos dos meus heróis. (…) Quando eu era mais jovem, eu tinha de fotografar de biquíni, o que me trazia ansiedade, porque não era o que eu queria expor, não era meu valor para dar ao mundo. Eu queria ser atleta, desbravar um mundo masculino, as maiores ondas, e não tinha a ver com aparência. Por que a gente olha para uma mulher e acha que a primeira coisa que pode trazer sucesso é a aparência? Você não olha para um atleta masculino e fala: ‘Esse é bonitão, vai longe'”.

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