21.9 C
Hale‘iwa
terça-feira, 23 abril, 2024
21.9 C
Hale‘iwa
terça-feira, 23 abril, 2024

Fisioterapeuta explica lesão sofrida por Gabriel Medina

Recentemente, durante o Saquarema Pro, o surfista Gabriel Medina sofreu uma lesão do ligamento do joelho esquerdo e assim anunciou algumas semanas de fora do Circuito Mundial da WSL.

A partir desse acontecimento, a especialista clínica e ex-atleta, Walkyria Fernandes, destaca abaixo a importância da mobilidade e do fortalecimento muscular para a prática do surf.

Veja também:
Pelo pioneirismo, Santos recebe evento mundial de cultura oceânica
Barton Lynch: “WSL disse que não precisa de mim”
Gabriel Medina conta sobre seu novo negócio, Kauai Ventures

“No caso do Medina, ele mesmo postou nas suas redes sociais que teve uma lesão do ligamento colateral medial do joelho esquerdo grau 2 para 3, ou seja, ruptura parcial do ligamento. Quando a entorse acontece e há uma lesão do ligamento, perde-se essa proteção do corpo, que nós chamamos de propriocepção”, descreve a especialista.

Seja para os surfistas amadores ou profissionais, Fernandes explica a importância de trabalhar a mobilidade e fortalecer a musculatura, a fim de diminuir a possibilidade de lesões nesse esporte.

A fisioterapeuta clínica explica que no surf, o fato de ficarmos em cima da prancha requer equilíbrio. Para isso, o corpo humano usa uma capacidade sensorial, chamada propriocepção – que é quando o nosso corpo avalia qual posição se encontra para ter o melhor equilíbrio. “Por exemplo, uma pessoa que vira o pé ou o joelho, fazendo surf ou outro esporte. Isso pode gerar um estiramento ou até um rompimento do ligamento.”

Fernandes ainda explica sobre a importância de os praticantes do esporte aquático terem mobilidade na região lombar e na pelve.

“Quem está começando não tem muita noção da onda. Não sabe se a onda vai quebrar na pessoa ou se vai quebrar depois, é muito fácil levar caldo. E quando a pessoa leva caldo, ela pode cair de mau jeito e se machucar. Existem algumas coisas que o iniciante precisa desenvolver para diminuir a probabilidade de lesões. Para subir na prancha, o praticante faz uma hiperextensão da coluna lombar, isso acontece quando a pessoa está deitada na prancha, ela tem que esticar os braços para levantar o tronco e se preparar para ficar em pé na onda. Então, quando ela faz esse movimento, ela precisa ter mobilidade na região lombar e na pelve. Se a pessoa não tiver, será mais difícil de fazer esse movimento e consequentemente de ficar em pé na prancha para surfar”, explica a fisioterapeuta.

Fernandes, que faz aulas do esporte, sentiu a sua musculatura do quadril, do lado esquerdo em uma das aulas. A ex-atleta relata que houve uma sobrecarga nos músculos. “Ter a musculatura fortalecida é muito importante para dar esse apoio pra subir na prancha”, conta a fisioterapeuta clínica.

O surf trabalha vários músculos do corpo, em especial o peito, braços, costas, glúteos e panturrilha. Por isso, essas áreas, além do pescoço, por exemplo, precisam ser fortalecidas.

“Quando a pessoa está na prancha deitada e ela está olhando para ver se vem uma onda, ela fica muito tempo com a cabeça para cima, que nós chamamos de extensão cervical, isso cansa muito a região do pescoço. Assim como na hora que é preciso remar para chegar até a onda, são várias braçadas. Por isso, é importante estar com o corpo o mais íntegro possível, com a mobilidade legal e com a musculatura fortalecida, com isso a chance de se machucar são menores,” esclarece Walkyria.

Tratamento e recuperação

A fisioterapeuta ainda comenta qual é o tratamento mais adequado para as pessoas que sofrem uma lesão como a do surfista Gabriel Medina.  “Repouso, crioterapia, a fim de diminuir o processo inflamatório e evitar que aumente o edema local e diminuir a dor, além de exercícios de isometria, para ativar a musculatura da coxa sem movimentar o joelho. Exemplo disso é o exercício de elevação do membro inferior estendido. Nele, estamos trabalhando os músculos da coxa para estabilizar o joelho e não movimentamos o joelho”, esclarece a especialista.

Walkyria explica que é um trabalho progressivo de aumento de carga e de fortalecimento. “É preciso respeitar a cicatrização ligamentar e ir aos poucos trabalhando propriocepção e treinos de mudança de movimento. Como ele mesmo colocou nas redes sociais dele, daqui 2 semana vão reavaliar para confirmar a gravidade da lesão, se for mesmo uma lesão grau 2, ruptura parcial do ligamento, o tratamento é totalmente conservador com fisioterapia. É provável que em seis semanas ele esteja reabilitado”, finaliza.

Sobre Walkyria Fernandes

Walkyria Fernandes é graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Paraná) há 18 anos. Tem especialização em ortopedia e traumatologia desportiva, pela Faculdade Evangélica do Paraná. Além disso, conta com uma especialização em osteopatia pela Escuela de Osteopatía de Madrid (EOM) e D.O. reconhecido pela Scientific European Federation of Osteopaths (SEFO). É mestre em Tecnologia em Saúde, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), e fez doutorado sanduíche – parte na UniNove, em São Paulo e parte na Universidade de Sevilla, na Espanha.

A fisioterapeuta clínica ainda é idealizadora do método “Raciocínio Clínico Avançado – RCA 360”, curso on-line que já conta com mais de 5 mil alunos no Brasil e em nove países. Já foi proprietária de uma grande clínica de fisioterapia no estado do Mato Grosso, onde também atuou durante 7 anos como professora de anatomia, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMT), no curso de Medicina.

Receba nossas Notícias no seu Email

Últimas Notícias