A revista Sports Illustrated lançou recentemente uma entrevista com o 11x campeão mundial Kelly Slater. Intitulada “Kelly Slater venceu o Super Bowl do Surf aos 50, então o que vem agora?”, a matéria traz uma conversa com o surfista da Flórida sobre vários assuntos e um dos focos está na capacidade de Slater, com seus 50 anos, fazer frente a surfistas com metade da sua idade, trazendo à tona sua vitória no Pipe Masters de 2022 da WSL sobre Seth Moniz.
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Inclusive, a matéria conta com depoimentos de Tom Brady, 44, e Tony Hawk, 54, enaltecendo a capacidade de Slater em se manter ativo e ainda vencendo eventos.
Afinal, Slater começou o Tour 2022 da WSL sem vitórias. Na verdade, fazia cinco anos e meio desde que ele ganhou qualquer competição – quatro desde que ele pensou em se aposentar para sempre, depois de quebrar o pé direito em Jeffreys Bay, na África do Sul.
E em Pipeline, Slater enfrentava adversários com menos da metade de sua idade. Seu adversário nas finais, Seth Moniz, de 24 anos, era filho de um homem contra o qual Slater havia surfado duas décadas atrás.
E Moniz foi bom em Oahu. Mas Slater, o mestre, era melhor, pegando um tubo após o outro Perto do final de sua bateria, ele pegou sua maior onda do dia, despencando do lip para o tubo como um homem de um penhasco – como se, ele disse na entrevista, “caísse do céu”. Ele pensou que a crista da onda iria prendê-lo, mas o tubo enrolou em vez disso. Mais tarde, ele chamaria o momento de “espiritual”, com o oceano lhe dando algo.
Emergindo depois, Slater segurou o rosto nas mãos e caiu de volta no oceano em êxtase enquanto o tempo expirava, sabendo que a vitória era dele. Moniz abraçou-o na água. Na praia, torcedores e adversários o colocaram nos ombros. Ele estourou champanhe. Ele beijou Miller. Ele chorou em sua entrevista pós-bateria. Ele foi o número 1 do mundo pela primeira vez em oito anos.
Seis semanas depois, de volta para casa em Cocoa Beach, o brilho permaneceu. Slater estava se mantendo discreto, jogando algumas cartas e um pouco de golfe, visitando familiares e amigos, cozinhando com Miller. Mas ele ainda podia sentir a alta de Pipeline. “A coisa toda foi como um sonho”, diz Slater. “Parecia que alguém escreveu um roteiro e me colocou nele.”
Na sequência, Slater recebeu um texto de congratulações de Tom Brady, um amigo de 15 anos que encontrou algum tempo para surfar entre as vitórias do Super Bowl. No meio de sua breve aposentadoria no momento, Brady, cuja longevidade tem sido comentada tanto quanto qualquer atleta, ficou admirado. “Aos 50 anos, realizar o que ele fez – foi alucinante”, diz Brady. “Ninguém jamais imaginou isso.”
E isso é de um jogador de futebol de 44 anos. Dominar o surf (ou o skate) tão tarde na vida talvez seja ainda mais alucinante. “Nossos esportes continuam evoluindo”, aponta Hawk, outro amigo. “Eles são tão artísticos e subjetivos. Os níveis continuam sendo empurrados mais e mais. Para Kelly, ser capaz de se adaptar a isso é realmente a coisa mais impressionante.”
Slater, hoje, está avaliando se esta será sua última temporada. “Dediquei tanto tempo e esforço a isso ao longo dos anos”, diz ele. “E é ótimo; amo isso. Mas também: às vezes eu só quero fugir. Vai ser divertido para mim, ver todos os outros lidarem com essas situações de pressão e eliminatórias. A emoção e agonia de tudo isso. Eu posso sentir aquele fogo queimando.”
De certa forma, encarar o fim é como encarar o começo: Slater não tem certeza do que acontecerá a seguir. “Em algum momento”, diz ele, “vou ficar velho demais para obter os resultados [que eu quero]. Mas acho que ainda não.”
O fogo queima baixo, mas ainda queima. Vendo os amigos obrigados a seguir em frente, Slater, por enquanto, sente-se compelido a usar o que ainda tem. Ele descreve jogar golfe recentemente com Drew Brees, que se aposentou em 2021 após 20 anos na NFL. “Ele estava tipo, ‘Cara, eu sinto falta disso’”, diz Slater. “‘Sinto falta daquele fogo.’”
Uma vida assim, sem o fogo, às vezes parece atraente para Slater. “Eu meio que estou ansioso por isso”, diz ele.