Há três anos, ensino a Coral, minha filha de 4 anos de idade, a surfar. Ela ama o mar e pede diariamente para praticar. Fico impressionado com a evolução e facilidade dela e com a intimidade que tem com a água. É destemida e se diverte muito. Mas tem uma história: a Coral nasceu na praia, em Geribá/Búzios (RJ), e desde sempre ouve o barulho do mar. Quando tinha poucos meses já fazia as primeiras brincadeiras na areia e colocávamos seus pezinhos na água, e aos 10 meses já estava comigo na prancha, pegando ondas pequenas. Nunca forçamos ela, criança tem que aprender a surfar se divertindo.
Não existe uma idade certa para começar a surfar. Talvez se for para entrar em uma escolinha deva ser a partir dos 6 anos de idade. E atenção, pois certas coisas são bem importantes: o ideal é que comece pela natação e só depois inicie nas aulas de surfe; e sempre entrar no mar para surfar de colete, com total segurança. Mas o mais essencial de tudo é que a criança se divirta surfando. Não pode ser uma coisa imposta. Também tem que ser um processo lento e gradual, respeitar o tempo dela para que ganhe confiança.
+Conquistar o respeito dos havaianos é para poucos
Eu dou aulas de surfe desde os meus 14 anos de idade. Já tive alunos de crianças a idosos, de iniciantes até avançados, e sei que a criança pode ter medo do mar, e se isso não for entendido e respeitado pode ter consequências nada legais, como gerar medo, ansiedade e insegurança.
A Coral, por exemplo, leva na maior diversão até os caldos. Recentemente, ela colocou na cabeça que quer pegar um tubo. Ela ainda é muito nova para isso. Porém, já pode começar a entender o tempo da onda, como passar por baixo dela quando fecha e ir criando intimidade. Uma das regras, inclusive, é ela só surfar comigo e com mais ninguém. Ao menos por enquanto.
Bom, se o caso em questão é aquele pai que não surfa ou surfa pouco e quer colocar o seu filho(a) em uma escola, o ideal é que tenha instrutores com diploma de professor de surfe da ISA – Associação Internacional de Surfe, comprovando que o profissional é apto à prática e o ensinamento e tenha conhecimento dos primeiros socorros e normas de segurança. Importante para não gerar nenhum tipo de risco. E as pranchas ideais são as de softboard e bodyboard – macias e que não machucam a criança, caso haja impacto com a prancha.
O ideal seria que a criança fizesse mais esportes complementares, além da natação, pois isso ajuda no desenvolvimento motor e social.
Outro aspecto que os pais devem ficar atentos é com relação ao tempo da criança na água. Às vezes, para ela ficar muito tempo surfando, obrigatoriamente, uma aula de uma hora por exemplo, pode se tornar uma coisa chata e a criança se afasta. A Coral no início pegava uma ou duas ondas e já queria sair da água. Hoje em dia, depois de três anos, ela pega quase 10 ondas, durante 30 minutos e, às vezes, até 1 hora.
Deixar a criança à vontade, no tempo dela de aprendizagem, tendo boas experiências na água, é o que fará ela querer voltar para o mar para sentir novamente a mesma sensação.
Aloha!