O norte-americano Conner Coffin utilizou seu perfil no Instagram para protestar contra um artigo publicado no site da revista australiana Stab, uma das mais famosas do meio.
O artigo faz duras críticas ao fato do surfista californiano ser um dos cinco finalistas que disputarão a última etapa do circuito mundial, em Trestles, Califórnia, dando a entender que ele não mereceria a vaga, e que seu compatriota, Griffin Colapinto, local do pico, seria o surfista certo para vencê-la, mas havia sido “impedido” por causa da qualificação de Conner.
Numa observação de clara ironia, porém, bastante infeliz, o autor do texto na Stab ainda utilizou um comentário de cunho racista para analisar o momento: “Conner vencer em Trestles é como um branco enterrar [uma cesta de basquete] na NBA”.
Conner não perdeu a oportunidade de se defender e sendo um dos surfistas mais cultos do Tour, ele, que completou o ensino universitário utilizando o método de ensino à distância, Coffin abriu sua postagem com duas alfinetadas ao autor e também ao site.
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Em primeiro lugar agradeceu à Stab o seu jornalismo “premium”, numa clara alusão ao fato de recentemente a revista australiana ter fechado vários artigos, exclusivos apenas para assinantes premium, ou seja, têm que ser pagos para serem lidos. Depois, ainda pediu ao autor que pelo menos escrevesse bem o seu nome, pois estava escrito inúmeras vezes como “Connor” – o nome correto é Conner.
“Isto deixou-me passado durante alguns minutos, mas depois lembrei-me de todas as vezes que as pessoas duvidaram de mim, que disseram que eu não era bom o suficiente e que disseram que eu não conseguia fazer, quando passei toda a minha vida canalizando esforços, paixão e trabalho árduo para alcançar meus objetivos. Ao postar isto, espero encorajar todos a transformarem todo o negativismo e críticas em algo positivo. E não deixem ninguém boterem você para baixo e que isso os impeça de alcançarem os objetivos”, escreveu Coffin.
O surfista californiano deixou ainda palavras para o compatriota Griffin Colapinto, que acabou por perder a vaga nas finais. “Conheço o Griffin desde que era uma criança e fico feliz sempre que vejo pessoas a darem-se bem na vida”, postou.
A postagem recebeu apoio de seus companheiros de CT e deixou a Stab em uma saia justa. Mas essa não é, contudo, uma situação inédita para o site australiano.
Em julho, após fazer um post extremamente provocativo para divulgar uma matéria escrita pelo brasileiro Steven Allain sobre o impacto da Brasilian Storm no circuito mundial, o site recebeu uma chuva de críticas pela postagem de cunho xenófono e precisou se retratar, liberando o acesso à matéria, que, na verdade, era favorável ao domínio brasileiro no Tour.
Por fim, é certo que o papel da mídia especializada não é o de agradar ninguém. Pelo contrário. Questionar e estimular a reflexão é papel preponderante do jornalismo. Contudo, há se de distinguir uma crítica inteligente de uma agressão gratuita, sob pena de se cair em total descrédito.
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