Se a Olimpíada quer abraçar o surf, seus dirigentes tem que entender que onda não entra com hora marcada. É inacreditável que tenham tomado a decisão de botar as finais na água em condições tão fracas de ondas. Ainda mais sabendo que amanhã o mar vai estar bem melhor, possivelmente clássico.
O que aconteceu? A resposta é simples, não entrou onda. Foto: ISA / Pablo Franco
Burrice investir tanto e deixar escapar o lucro por falta de visão, querendo economizar migalhas. A enorme expectativa que havia sido criada com a foto viral de Gabriel Medina, clicada no momento em que ele se projetou no espaço ao sair da onda melhor pontuada da história do surf olímpico, um 9,90, que o planeta todo julgou que foi um 10, surfado de maneira brilhante nas oitavas de final. Foi o dia de sonho que todos esperavam, em que Teahupo’o provou ser a arena mais espetacular de Paris 2024.
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Que injustiça enorme foi cometida contra Gabriel Medina, ao retirar dele a chance de disputar a medalha de ouro pela qual tanto lutou. Talvez apenas ter aguardado um pouco mais para iniciar o dia de competição já fizesse toda a diferença. Com tanta coisa em jogo, o certo seria ter certeza de que o mar estava minimamente consistente. Gabriel Medina e Jack Robinson ficaram quase dez minutos sem que entrasse uma onda no início da bateria, e depois o brasileiro encerrou sua participação tendo surfado apenas uma onda durante todo o confronto, após esperar 17 minutos por uma marola que fosse, que nunca surgiu no horizonte.
A janela do surf deveria ter se estendido durante todo o período olímpico, que vai até o dia 11 de agosto. Quando o surf vai voltar a Teahupo’o? Quando Gabriel Medina, o indiscutível melhor surfista no pico, vai ter a chance de encantar o mundo mostrando tudo que sabe numa final olímpica? Escrevo esse texto enquanto a americana Caroline Marks enfrenta a francesa Joanne Defay, na primeira semifinal feminina. Elas tiveram muito mais chances do que Medina.
Pode ser que até o final do dia o mar realmente melhore, conforme previsto, e tenhamos um belo espetáculo na disputa do ouro entre o taitiano Kauli Vaast e o australiano Jack Robinson. E até mesmo na disputa do bronze entre Gabriel Medina e o peruano Alonso Correa. Se tivessem dado a Medina uma chance justa, seria triste, mas até aceitável, ele não estar batalhando pelo ouro. Do jeito que aconteceu, foi revoltante. Paris 2024 ficou menor.