“Só fui capaz de atingir dois recordes mundiais, ser embaixadora da Unesco para o Oceano e escrever livro porque estou em tratamento, porque tomo minha medicação”, disse a big rider Maya Gabeira, 35 anos, em palestra recente da ONU em Nova Iorque, sobre saúde mental e a importância de tratar o assunto nas empresas.
A big rider acostumada a surfar ondas de 20 metros, feito que pouquíssimas pessoas no mundo ousariam realizar, reforçou a importância de que as pessoas que se familiarizam com seu relato, façam o mesmo e busquem por tratamento.
Confira também:
+ Vasco Ribeiro anuncia pausa na carreira para cuidar da saúde mental
+ Maconha e saúde mental: planta auxiia a tratar ansiedade e depressão
+ Após frustração olímpica, Nyjah Huston fala sobre saúde mental
“Estava tentando conseguir minha credencial para poder entrar aqui e encontrei um homem que me ajudou a chegar ao evento. Perguntou o que eu ia fazer, eu disse que era palestrante do SDGs in Brazil, no painel sobre saúde mental. Ele então perguntou se sou psicóloga. ‘Não’, respondi. ‘Estou doente’”, disse a big rider Maya Gabeira, 35 anos, em palestra realizada em setembro, durante evento que o Pacto Global da ONU (Brasil) promove desde 2018 em NY, na semana da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.
A ideia do evento foi estimular o engajamento das empresas brasileiras na agenda 2030 e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, mais especificamente, mostrar como está a adoção dos compromissos de sete eixos lançados em março pela organização.
Gabeira expôs à plateia como foi diagnosticada com transtorno de ansiedade e que vem se tratando e disse: “Estou aqui para dizer: ‘Olhe para dentro e procure ajuda, peça ajuda”, aconselhou.
Entre a plateia, CEOs, diretores de RH, ativistas, entre muitos outros, que escutavam atentamente enquanto Maya pedia por atenção.
“Peço a todos que prestem atenção: só fui capaz de atingir dois recordes mundiais, ser embaixadora da Unesco para o Oceano e escrever livro porque estou em tratamento, porque tomo minha medicação. Porque se não me sinto bem, não tenho medo de dizer que não me sinto bem. E se não for criado esse tipo de espaço nas suas empresas, estão perdendo a oportunidade de lutar com grandeza”.
Movimento Mente em Foco
Maya foi convidada a falar pelo Movimento Mente em Foco, que nasceu em abril de 2021, no meio da pandemia, originado pela InPress Porter Novelli, a Rede Brasil do Pacto Global e a Sociedade Brasileira de Psicologia.
Desde o começo da pandemia, mais da metade dos brasileiros tiveram questões de saúde mental. Quase nenhum faz acompanhamento terapêutico. Só 20% têm suporte de saúde mental no trabalho.
Estudos mostram que a Covid longa trouxe insônia, perda de memória e ansiedade como efeitos colaterais.
Roberta Machado, CEO da InPress, deu os números da pesquisa Mente em Foco/Ibpad: 55% dos brasileiros se sentem ansiosos, 50% sentem estresse mais acentuado, 46% relatam dificuldades para realizar com satisfação atividades diárias, 30% tiveram dificuldade com alguma função no trabalho por não se sentirem bem mentalmente.
“Queremos engajar mil empresas com programas de saúde mental. Hoje são apenas 50 as empresas comprometidas com as seis metas que vão de oferecer orientação nas crises a criar um programa antiestigma. Não, não estamos nada bem”, disse Machado.