Sasha Jane Lowerson, 43 anos, tornou-se a primeira mulher surfista transgênero a vencer uma competição profissional de longboard da história.
Ela venceu a divisão Open Women (alta performance) e Open Women’s Logger (footwork sofisticado da velha escola) do Longboard and Logger State Championships, encerrado no último dia 16 de maio, na Austrália.
Três anos antes, Sasha (então Ryan Egan) venceu a mesma competição, porém, na categoria masculina e também competiu na turnê de longboard masculina da WSL de 2015-2020, onde seu melhor final de temporada foi o 11º.
“Comecei uma transição médica no início de 2021. Até então me escondia das pessoas que surfavam, parei de surfar por seis meses. Eu basicamente tirei seis meses da água”, declarou a surfista à mídia australiana.
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Depois de coroar a nova detentora do duplo título estadual feminino, a Surfing WA (a anfitriã do evento) comentou: “Lowerson parecia em casa nas longas esquerdas oferecidas, escolhendo as melhores ondas, o que lhe permitiu exibir um repertório completo de ‘footwork’ e fazendo pontuações excelentes”.
Ser a primeira mulher transgênero competindo no surf não foi fácil em termos emocionais”, disse Lowerson ao Surfing WA. “Mas a quantidade de apoio que recebi foi fenomenal e estou muito grata por estar envolvida, bem-vinda e abraçada pela comunidade de longboard na Austrália.”
Ainda que uma competidora transgênero seja uma novidade no mundo do surf, em outras arenas competitivas (como a NCAA, MMA, WMBA, NWHL e Olimpíadas), isso está se tornando uma ocorrência regular, e têm gerado debates intensos, tanto em nível acadêmico, quanto na esfera pop das redes sociais.
Alguns meses atrás, Lia Thomas venceu a prova de nado livre de 500 jardas em 33,24 segundos, tornando-se a primeira atleta transgênero conhecida a vencer um Campeonato Nacional Universitário, na primeira divisão da natação. Seu sucesso atraiu elogios e críticas.
A CWA (Concerned Women for America) apresentou uma queixa formal contra a Universidade da Pensilvânia (onde a competição foi realizada) afirmando: “[Thomas tem] capacidades físicas que são diferentes de atletas anatomicamente e biologicamente do sexo feminino, o que estende uma vantagem injusta e destitui estudantes do sexo feminino”, diz parte do documento.
No entanto, apesar das críticas, pesquisadores simpatizantes à ideia de inclusão de atletas trans, defendem que a alegadas vantagens hormonais são eliminadas durante o processo de transição de sexo, além de argumentar que estudos recentes mostram que a influência de desempenho atribuída aos níveis de testosterona é menor do que se supõe.
A nível olímpico, o Comitê Olímpico Internacional (COI) lançou uma nova diretriz para atletas transgêneros, dizendo que nenhum atleta deveria ser excluído da competição por ter uma suposta vantagem por causa de seu gênero.
Em relação ao surf competitivo, a Surfing Australia, organizadora da competição de surf vencida por Sasha Jane Lowerson, lançou recentemente uma Política de Inclusão Esportiva para pessoas transgênero e de gênero diverso. Sobre o tema, diz o estatuto:
(PT 7.3) Pessoas não binárias são bem-vindas e incentivadas a participar de competições de surf. Surfing Australia e Australian Surfing Organizações são encorajadas a oferecer oportunidades para eventos mistos ou de gênero neutro sempre que possível. Do ponto de vista da competição, onde não é possível realizar eventos mistos ou de gênero neutro, as pessoas não-binárias podem participar com base no sexo atribuído no nascimento ou na categoria de gênero masculino ou feminino que mais afirma seu gênero.
Segundo o site australiano Stab, a Lowerson tem planos para voltar a competir no Longboard World Tour e está iniciando conversas com a WSL sobre a inclusão de diversos gêneros nas competições da liga.
Com informações de stab.com.