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Como o bodysurf surgiu no Brasil?

Como o bodysurf surgiu no Brasil? Em qual pico e em que ano foi praticado em nossas terras pela primeira vez?

Para essas e muitas outras perguntas ainda não existem respostas definitivas, ou seja, embasadas em documentos que possam comprovar os fatos.

Porém, como sabemos, a cidade maravilhosa, na verdade o Estado do Rio de Janeiro, é sem dúvida a grande vitrine esportiva e cultural para o nosso país.

Alguns relatos levantados indicam que o bodysurf, aqui no Brasil, teria sido praticado pela primeira vez no Rio de Janeiro, mais precisamente na praia de Copacabana, no início do século 20.

Naquela época estava nascendo cultura de praia em nosso, pois as pessoas não tinham hábito passar o dia na praia, muito menos para praticar esportes.

Sendo o Rio de Janeiro o berço da cultura de praia no Brasil, foi de lá que também surgiram os primeiros relatos sobre o surf de peito. Mas teria sido esse realmente o início do esporte por aqui

Tupinambás fazendo bodysurf?

Como o bodysurf surgiu no Brasil
Antigos habitantes do litoral do RJ, os Tupinambás tinham uma relação estreita com o mar. Foto: Reprodução/ Mundo Estranho

Conversando com alguns surfistas de peito cariocas “das antigas”, cheguei a algumas informações que, apesar de não possuírem comprovação, são muito interessantes.

Uma delas é a de que o bodysurf teria se manifestado de forma natural e que os índios que moravam próximo à praia no Rio de Janeiro brincavam nas ondas dessa forma.

Inclusive, havia uma tribo de Tupinambás chamada Yacaré, que significa jacaré, que habitava a região da Zona Sul.

Esses índios eram guerreiros nadadores que viviam da coleta e da pesca, arpoavam os animais pelas pedras e encontravam frequentemente jacarés na praia devido o movimento das marés.

Por outro lado, Luiz Antonio Pereira, experiente bodysurfer carioca, relata que durante a Segunda Guerra Mundial o bodysurf era muito praticado no Rio e que, inclusive, seu pai pegava onda na praia do Leme, na década de 40.

No entanto, era praticado sem pé de pato e de uma forma muito simples: descendo a onda e seguindo reto em direção à praia (famoso “​retoside”).

Quando o mar ficava grande os praticantes usavam uma prancha estreita de madeira compensada, de aproximadamente um metro de comprimento, com duas alças serradas no meio da própria madeira para se segurar.

Essa prancha era confeccionada por um shaper que morava no Leme e sua finalidade era exclusivamente para a galera que surfava de peito.

O primeiro pé de pato

Como o bodysurf surgiu no Brasil
Guarda-vidas norte-americanos ostentam a “novidade” nos pés, nos anos 1940. Foto: churchillswimfins.com

O pé de pato chegaria no Brasil logo após o término da Guerra. Inventado pelo marinheiro americano Owen Churchill, esse equipamento deu uma grande contribuição para o bodysurf.

Nesse período pós-guerra, os norte-americanos fizeram um projeto de expansão do chamado “american way of life“ divulgando sua cultura e invenções mundo afora.

E foi no ano de 1946 que chegaram os primeiros pés de pato ao Rio de Janeiro. Assim, as pessoas que passaram a surfar com esse equipamento, não seguiam mais reto na onda, mas sim escolhiam o “lado” (direita ou esquerda) tendo um aproveitando muito melhor.

Origem da expressão “Pegar jacaré”

E qual a explicação para chamar-se o bodysurf de “jacaré”? Luiz afirma que o termo surgiu da seguinte forma:

Pessoas que estavam na areia da praia ou que estavam passando pela praia perceberam que quem pegava onda assim, ou seja, somente com o corpo, parecia um jacaré porque ficava apenas com a cabeça na superfície”. O olhar distante permitia enxergar meros pontos na água, como cabeças de jacarés.

Sob outra perspectiva, o bodysurfer Kleiber Sequeira relata que na década de 40 e 50 rolavam altas ondas na chamada “vala de Constante Ramos” em Copacabana:

Era um local muito frequentado por ‘Tubarão’, um bodysurfer carioca das antigas e também muito frequentado por jacarés, sim os animais.

Nessa época, os militares que ficavam distantes observando a região de cima, no forte, notavam pessoas que ficavam boiando apenas com a cabeça aparecendo e que pareciam jacarés.

Foi aí que surgiu um outro termo, o ‘jacarezeiro’, dado àqueles que iam à praia pegar onda, coisa que naquela época não era visto como lazer, mas sim como falta de ocupação”, relata Kleiber.

Como o bodysurf surgiu no Brasil
A antiga prancha de madeira usada nos primórdios do esporte no Rio de Janeiro. Foto: Silvia Winik

Diferente do passado onde as únicas praias frequentadas eram Copacabana e Leme, o “jacaré” ou bodysurf, como queira chamar, se propagou e tornou-se parte da cultura do Estado do Rio de Janeiro como um todo.

Para Rodrigo Bruno, bodysurfer carioca há muitas décadas, “O Estado do Rio de Janeiro é populoso, porém, infelizmente pobre.

Mas, ao fazer uma comparação com as demais modalidades de surf, você percebe que o bodysurf é a que demanda menos recurso para ser praticada. Você não precisa nem de um pé de pato. Pode realmente surfar apenas com o corpo.

Portanto, a facilidade com que a cultura do bodysurf se expande no mundo e se faz presente no Rio de Janeiro ocorre devido à pouca necessidade de recursos para a sua prática”, pondera Bruno.

Atualmente, no Brasil a modalidade é conhecida como bodysurf, surfe de peito ou jacaré. Mas se você quer se comunicar sobre o esporte como uma pessoa não-adepta e que seja do Rio de Janeiro, o nome que se usa é o jacaré.

Isso porque Rodrigo afirma que há uma identificação do esporte muito maior com esse termo, ou seja, as pessoas sabem perfeitamente o que é “pegar jacaré”, mas muitas das vezes não tem ideia do que seja bodysurf ou surfe de peito. A força do nome “jacaré” é muito interessante.

Porém, nem tudo são rosas e o mesmo vale para o bodysurf. Luiz afirma que o surfe de peito é o underground do surfe:

É o último da fila. Não há revistas especializadas (nem impressas e nem virtuais), patrocinadores, etc. E é assim também nos picos, quero dizer, se tiver surfistas de prancha e bodyboarders geralmente nós só pegamos as ondas que sobram”.

Na minha humilde opinião, pouco a pouco, temos ganhado o devido respeito no mar.

Vemos bodysurfers “disputando” onda no outside com outros surfistas, completando tubos, realizando manobras e tantos outros feitos que muitas pessoas duvidavam serem possíveis apenas com um par de nadadeiras.

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E para se ter uma ideia da importância do bodysurf para o Rio de Janeiro, em 2017 foi aprovado um projeto de lei que declarou o surfe de peito como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado.

Mas, acima de tudo, o mais interessante é observar a ascensão, ou melhor, o retorno do bodysurf, que a cada dia tem ganhado adeptos ao redor do mundo.

E “lá fora”, o Brasil é visto como um dos países que melhor representa essa cultura do bodysurf, tendo o Rio de Janeiro como um grande destaque e considerado por alguns como o “berço” verde e amarelo do jacaré.

Jacaré x Bodysurf

Como o bodysurf surgiu no Brasil
Luiz Pereira em ação no Leme. Foto: Arthur Meier

Atualmente, no Brasil a modalidade é oficialmente conhecida como bodysurf ou surfe de peito, e, popularmente, como “jacaré”.

Portanto, se você quer falar sobre o esporte como uma pessoa não-adepta o nome que se usa é o jacaré.

Isso porque Rodrigo afirma que há uma identificação do esporte muito maior com esse termo, ou seja, as pessoas sabem perfeitamente o que é “pegar jacaré”, mas muitas vezes não tem ideia do que seja bodysurf ou surfe de peito. A força do nome “jacaré” é muito interessante.

Porém, nem tudo são rosas e o mesmo vale para o bodysurf. Luiz afirma que o surfe de peito é o underground do surf:

É o último da fila. Não há revistas especializadas (nem impressas e nem virtuais), patrocinadores, etc. E é assim também nos picos, quero dizer, se tiver surfistas de prancha e bodyboarders geralmente nós só pegamos as ondas que sobram”.

Na minha humilde opinião, pouco a pouco, temos ganhado o devido respeito no mar.

Vemos bodysurfers “disputando” onda no outside com outros surfistas, completando tubos, realizando manobras e tantos outros feitos que muitas pessoas duvidavam serem possíveis apenas com um par de nadadeiras.

E para se ter uma ideia da importância do bodysurf para o Rio de Janeiro, em 2017 foi aprovado um projeto de lei que declarou o surfe de peito como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado.

E mais interessante do que descobrir, de fato, como surgiu o bodysurf no Brasil, é observar a ascensão, ou melhor, o retorno da modalidade, que a cada dia tem ganhado adeptos ao redor do mundo.

E “lá fora”, o Brasil é visto como um dos países que melhor representa essa cultura do bodysurf, tendo o Rio de Janeiro como um grande destaque, sendo considerado o “berço” verde e amarelo do jacaré.

Aloha

Letícia Parada

Conheça o canal de Letícia Parada no YouTube: Ela No Mar.

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