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Homem forte


Mineiro, entubando a caminho de sua segunda vitória em 2011. Foto: Kirstin/ASP

Por Steven Allain

Você nunca escondeu que vencer no Brasil era um grande sonho. Como foi a vitória no Rio de Janeiro neste ano?
Cara, foi uma vitória muito especial. Desde a época do Peterson, que foi campeão lá no Rio, quando eu tinha 12 anos de idade, era meu maior sonho poder participar daquele campeonato. E a partir de 2004, quando eu comecei a frequentar o evento, tive a ganância de querer vencer. Você entra no jogo pra ganhar, né? Não entra pra ficar em quarto, quinto. E a partir daquele ano eu vi todos os pódios, todos os ganhadores e sabia que em todas as finais estavam os mesmos caras que sempre se dão bem, que é o caso do Taj, do Fanning, do Kelly. Nos últimos 10 anos esses três atletas dominaram os eventos no Brasil. E quando eu vi o Jadson ser campeão, mexeu comigo o fato de nós sermos muito amigos. Aquilo me deu mais motivação ainda do que quando eu tinha perdido em 2009 pro Kelly. Quando ele ganhou, eu falei: “Agora dá, cara”. Imaginava que não dava, porque o Kelly é sempre uma pedra no sapato de milhares de atletas no World Tour. A partir da conquista do Jadson eu vi que tudo era possível. Então essa molecada me deu o exemplo, essa molecada me puxou pra que eu vencesse no Rio de Janeiro em 2011. Quando venci aquele campeonato, foi um desabafo de todos esses anos guardados, de sonhar, querer e não poder. De chegar no próximo, ficar em segundo e pensar de novo: “Caramba, não foi dessa vez”.

Como foi a sensação de ver a praia inteira gritando “Mineiro, Mineiro, Mineiro”?
Meu, foi demais. Não tem como agradecer ao público o carinho que eles têm por mim. De todos esses anos que estou na batalha, sempre foram eles que viram e acompanharam o quanto eu me esforcei. Então só tenho a agradecer a todo mundo o apoio, o incentivo. Eu acho que isso é importante pros atletas que estão hoje no World Tour, sabendo que tem bastante gente ali que tá junto contigo. Não é só na final, mas também no primeiro round, nas quartas-de -finais. Então eu gosto muito da origem de onde eu sou. Eu sou muito feliz com o público que eu sigo, que eu tenho, porque é o único povo que mostra mesmo o coração. O restante… Eles querem mas não podem. E a gente não tá nem aí, a gente pode.

Na bateria com o Owen teve aquela controvérsia por causa do floater e muitos estrangeiros reclamaram. Essa reclamação dos caras incomodou você?
Não, de nenhuma forma. Não sou eu quem dá a nota, acho que o julgamento é muito profissional. A gente tem aí cinco juízes que estão em cima e que são superprofissionais. E da questão do floater, eu perdi pro Kelly Slater em 2009 com ele dando floater e ninguém falou nada. Na verdade, o que eu sigo de exemplo é que o Brasil os alfinetou. Então eles estão preocupados e é isso o que incomoda. Eles estão prestando atenção no que a gente está fazendo, como a gente sempre os observou e observa. Acho que é o outro lado da moeda que eles estão vendo. Até então nenhum outro atleta os afetou de uma forma tão forte. Eu, Medina, Jadson, Alejo, Heitor e o Raoni. Todo mundo brigando pelo seu espaço.

Você está morando na Califórnia, né?
Pô, cara, vou aproveitar esta edição e esclarecer um ponto forte. Eu não moro mais na Califórnia. Decidi mudar todos os meus objetivos para Florianópolis. Eu vou morar em Floripa a partir deste ano. Este mês meu apartamento fica pronto lá. E como minha namorada é de lá, enfim, não tenho como morar na Califórnia e ela no Brasil. Ela faz as coisas dela, até viaja razoavelmente por causa do trabalho como modelo, ficou quatro meses no México e tal, mas no final das contas achei melhor voltar para as minhas origens. O fato de ela ter entrado na minha vida foi muito importante, e isso fazia um pouco falta durante esses três anos que eu vivi na Califórnia. Foram três anos de muita dedicação. Fiquei mais próximo da indústria internacional e dos meus próprios patrocinadores, só que meu tempo chegou.

O quão importante para um cara que está brigando pelo título mundial é ter uma parceira que está ao seu lado, que o acompanha?
É difícil, né… Relacionamento a distância é muito complicado, e acaba afetando bastante a falta da pessoa. Provavelmente eu já estou há um mês e tanto fora, sem contar o ano inteiro com tempo contado, ficando junto um mês, um mês e meio, um mês, uma semana, um mês… Então chega no final do ano isso tudo acaba ficando estressante, tanto pra mim quanto pra ela, porque a gente não aguenta mais um longe do outro. E como ela é nova, eu estou sempre dando bons conselhos. A gente começou agora e tal, é bom fazer tudo certo desde cedo para não ter nada incerto no futuro.

A entrevista com Adriano de Souza continua, nas páginas da HARDCORE de janeiro, edição #268.

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