Uma foto publicada após a final do Ballito Pro Junior, com os dois vencedores carregando seus respectivos cheques, despertou uma onda de protestos contra a diferença entre as premiações recebidas por homens e mulheres. Na foto, Rio Waida, o campeão masculino, segura um cheque de oito mil rands, moeda sul-africana. Zoe Steyn, campeã feminina, recebeu exatamente a metade desse valor.
A imagem acabou viralizando no Facebook, principalmente com reações e comentários negativos. “Me desculpem mas isso é nojento. Eu estava lá assistindo a competição o dia todo, as meninas surfaram tanto quanto qualquer garoto”, escreveu a sul-africana Robyn Simpson em um dos comentários. “Por acaso as garotas surfaram em um outro oceano, que era mais fácil e menos exigente e que nós não sabemos? Francamente, isso é patético”, escreveu Casey Cronje, outra espectadora nativa da África do Sul.
A repercussão foi tão grande que forçou a WSL a se manifestar sobre o assunto.
“A questão levantada sobre o Billabong Ballito Pro Jr teve origem em um plano de paritário de pagamento para 32 atletas entre os homens e 16 atletas entre as mulheres. Entretanto, algumas desistências deixaram a competição masculina apenas com 24 atletas (a competição feminina aconteceu com 14, em vez de 16), o que acabou gerando a disparidade final na premiação”, diz o comunicado especificamente sobre a questão de Ballito.
“Este tópico é importante para nós. Estamos comprometidos em criar uma plataforma para os melhores surfistas do mundo, independentemente de seus gêneros, se são homens ou mulheres, e reconhecemos que a premiação é um passo importante para criar essa plataforma”, conclui. Você pode ler o comunicado da WSL na íntegra aqui.
A disparidade nas premiações para homens e mulheres nos campeonatos sancionados pela WSL, em geral, vem diminuindo, desde a mudança de gestão da entidade há quatro anos. Entretanto, a diferença ainda é grande: no WT, as campeã de cada etapa recebem 65 mil dólares, enquanto o vencedor entre os homens leva 100 mil. Convertida para a moeda brasileira, a diferença é de um pouco mais de 130 mil reais.
Em eventos de 6 mil pontos do QS, por exemplo, a diferença é ainda mais gritante: o campeão masculino leva, em média, cerca de 25 mil dólares, contra apenas 10 dólares para a campeã feminina.
Tirando as etapas do WT, as premiações também podem ser alteradas de evento para evento, dependendo de patrocínios e políticas locais. Foi assim que, há um mês, o Heroes de Mayo Iquique Pro, etapa de 1500 pontos do QS, distribuiu, pela primeira vez na história dos eventos da WSL, uma premiação idêntica para homens e mulheres. Na ocasião, tanto Autumn Hays quanto Jack Robinson, campeões feminina e masculino, respectivamente, levaram 10 mil dólares para casa de premiação. A premiação paritária era obrigatória por uma lei municipal da cidade de Iquique, que determina pagamentos iguais para homens e mulheres em todas as ocupações.