Em 2023, a Austrália não testemunhou um inverno particularmente memorável em termos de onda, o que fez com que muitos surfistas fossem buscar oportunidades em outras paragens. Nessa batida, o cinegrafista Tim Bonython, que dedica sua vida a perseguir as maiores ondas ao redor do planeta, viu nos gráficos de previsão a promessa de uma ondulação grande o suficiente para tornar Shipstern Bluff um local viável para uma sessão com muita adrenalina. Até aí, nada fora do normal para uma história com o envolvimento de Tim. O que realmente chamou a atenção dessa vez foi a presença de dois membros inusitados na barca: os grommets, Loci e Ballin Cullen, de apenas 12 e 13 anos, respectivamente.
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Conhecida por sua reputação de ser uma das ondas mais perigosas e selvagens do planeta, Shipstern Bluff desafia até os surfistas mais destemidos. Você levaria seu filho surfar lá? Os australianos já são conhecidos pela precocidade com que os pais colocam os filhos para dropar ondas casca grossa, e dessa vez não foi diferente.
Localizada no sudeste da Tasmânia, Shipstern’s Bluff é de difícil acesso e exige uma jornada de barco ou jet ski de 30 quilômetros, ou uma caminhada de duas horas pelo Parque Nacional da Tasmânia.
Além disso, a região é conhecida por sua água gelada e pela presença de criaturas marinhas, como focas, orcas e tubarões brancos, que apenas adicionam mais emoção à aura de perigo. Em termos de surf, entretanto, o que torna Shipstern Bluff verdadeiramente desafiadora é a sua mecânica complexa conhecida como “The Step,” que cria uma série de degraus dentro da onda, testando ao máximo a habilidade e a coragem dos surfistas.
Com sua localização remota no Mar da Tasmânia, o pico recebe sistemas de baixa pressão que viajam do Polo Sul para o norte, gerando grandes ondulações durante o inverno. Esses swells se transformam em massas d’água mutantes, alcançando alturas de até 30 pés, o equivalente a um prédio de três andares.
Superar os degraus de Shipstern Bluff é geralmente o que leva os surfistas ao limite. Enquanto eles fazem “airdrops” e tentam manter o equilíbrio, a velocidade vai aumentando e manter a prancha sob seus pés ao pousar na água se torna um verdadeiro ato de sobrevivência. Por fim, quando os temidos degraus são superados, a onda se transforma em um tubo rápido. Para se ter uma ideia: quando o mar está grande de verdade, o peso e volume da água já foi estimado como o equivalente ao de 50 caminhões semi-reboque, tornando o caldo um suplício extremamente violento.
Ímã para surfistas em busca da onda da vida, Shipstern Bluff já recebeu outros grommets, como o jovem de apenas 16 anos, Ned Hart, do Reino Unido, que chegou a pegar um tubaço na sua primeira vez no pico. A frequência com que Shipstern Bluff gera manchetes é proporcional ao tamanho de suas ondas. Danny Griffiths, em junho deste ano, sofreu um acidente lá que acabou de ser indicado como ‘a vaca do ano’ no New Big Wave Challenge, evento de ondas grandes que vai premiar os destaques da modalidade daqui a dois meses em Nazaré, Portugal.
Mas nada disso impediu o pai de Loci e Ballin Cullen de autorizar que seus filhos surfassem lá na expedição organizada por Tom Bonython. Para saber os detalhes dessa aventura surpreendente, confira o vídeo. É adrenalina pura.