“Há 20 anos, fazer uma surf trip pelo mundo era algo alcançável somente para surfistas profissionais ou aqueles mais aventureiros.”
Por Zé Eduardo
Nas últimas duas décadas, o surf no mundo passou por uma evolução gigantesca. A tecnologia de fabricação das pranchas, os materiais para roupas de borracha, treinamento dos atletas, transmissão ao vivo de campeonatos em lugares remotos, mídias sociais e tudo mais avançaram o esporte de maneira significativa. Claro que, nesse panorama, as viagens não poderiam ter ficado de fora.
Há 20 anos, fazer uma surf trip pelo mundo era algo alcançável somente para surfistas profissionais ou aqueles mais aventureiros, pois a imagem que era passada é de que as ondas eram extremamente desafiadoras e o custo da logística para chegar muito alto.
Muita coisa veio mudando desde então, as mídias sociais trouxeram uma quantidade de informações impressionante, o então Circuito dos Sonhos da ASP foi criado e o surf deixou de ser algo de nicho, se tornando um esporte de âmbito mundial, agora inlcusive olímpico.
Com a visibilidade crescendo ano a ano, o surf hoje é considerado um dos principais esportes praticados na natureza do mundo. Acompanhando essa onda evolutiva, em busca de um estilo de vida diferenciado, muitos surfistas e apreciadores do esporte começaram a investir em hotéis e barcos dedicados a receber surfistas ao redor do mundo. Vendo o crescimento do esporte, companhias aéreas abriram novas rotas em regiões costeiras e o governo de muitos países investiram localmente, dando incentivos fiscais e cursos aos locais para a recepção e prestação de serviços dos surfistas. Com o crescimento da popularidade do surf, o número de praticantes aumentou consideravelmente e atualmente surfistas iniciantes e intermediários são maioria nas surf trips ao redor do mundo.
Há exatos dez anos surgiram os primeiros projetos de surf trips internacionais onde surfistas profissionais passariam sua experiência para os novos adeptos do esporte. Surfistas como Fábio Gouveia, Willian Cardoso, Vitor Ribas, Victor Costa, entre muitos outros, hoje atuam como coach para iniciantes e intermediários em grupos de 10 a 12 pessoas, acelerando o processo de aprimoramento de suas habilidades sobre uma prancha.
Esta evolução permitiu com que o surf feminino ocupasse o seu espaço e cada vez mais mulheres brilham no outside e viajam em busca de surfar a onda perfeita. Hoje a maioria viaja em grupos com coach específico para mulheres e ou mistos, e são as mais instigadas, atentas a cada dica dada para melhorar a sua performance.
Claro que todo desenvolvimento traz também o outro lado da moeda. Com isso vieram as preocupações ambientais. Hoje, muitos surfistas e comunidades costeiras trabalham promovendo práticas sustentáveis e conscientização ambiental no turismo de surf. Outra questão impactante diretamente conectada ao aumento do número de surfistas viajando foi o crescimento do crowd nos principais surf spots ao redor do mundo. Na Dreamsurf, investimos na abertura de um surf spot novo por ano, buscando a estrutura mínima para surfarmos ondas de qualidade e ainda sem crowd, levando projetos de desenvolvimento sustentável para o lugar em contrapartida.
A visibilidade do surf ao redor do planeta ficou tão grande que um leque cada vez mais amplo de interessados, de empresários, a médicos, advogados, estudantes, crianças, famílias, mulheres, e até o público da terceira idade, tem acesso e estão cada vez mais aficionados pelo esporte. Isso sem dúvida resulta em mais gente viajando, já que conhecer novos picos faz parte da cultura do surf.
O surf mudou tanto e de várias maneiras, que a nova tendência vai ser a organização de viagens para surfar ondas artificiais. Com o refinamento das diferentes tecnologias e a explosão das piscinas de surf planeta afora, cada vez mais gente vai embarcar em busca da onda perfeita, ainda que artificial. Uma das vantagens é que não existe a possiblidade de voltar para casa reclamando da falta de swell. Basta pagar e apertar o botão. É uma experiência incrível.
Resumindo, o turismo de surf evoluiu de um nicho para uma indústria global, influenciando a cultura, a economia e o meio ambiente de várias regiões costeiras. Hoje, por conta das piscinas, até lugares que não tem praia estão fazendo parte da peregrinação dos surfistas. Que a evolução continue a todo vapor, desde que sustentável.