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sexta-feira, 26 julho, 2024
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Trestles mexicana ameaçada por instalação de piscicultura

A icônica onda de Tres Emes, em Ensenada, no México, enfrenta uma ameaça iminente com a construção de uma piscicultura nas proximidades. Surfistas locais, em colaboração com organizações ambientais, expressam preocupações em relação ao possível impacto negativo que a instalação pode ter tanto na qualidade da onda quanto no ecossistema marinho da região.

A Pacifico Aquaculture, em parceria com a empresa Billund Aquaculture, está construindo a piscicultura na falésia acima de Tres Emes. O projeto visa criar robalos, peixe nativo do Atlântico Norte, com locais de “crescimento” localizados a 20 quilômetros da costa, onde os peixes serão transferidos quando atingirem 80 gramas. A capacidade de produção do local será de oito milhões de peixes por ano.

A principal preocupação da comunidade local é o possível impacto na qualidade da onda. Gino Passalacqua, surfista, Ph.D. em Oceanografia e conselheiro científico da Save the Waves, alerta sobre os riscos associados à liberação de grandes volumes de água no oceano. Um cano está programado para bombear cerca de 1.171.000 litros de água por dia no lineup de Tres Emes, com a água sendo dois graus mais quente do que a temperatura do oceano.

“Ainda não sabemos a localização exata da tubulação e as metodologias de construção que serão utilizadas”, disse Passalacqua. “Isso é realmente preocupante para todos. Essa quantidade de água definitivamente criará mudanças na densidade. Isso poderia afetar a dinâmica da onda. Num dia bom [Tres Emes] é melhor que Lower Trestles. Ter esses canos é um risco.”

Outra preocupação é o risco de fuga de peixes para o oceano, apresentando a ameaça de uma espécie invasora no ecossistema local. Em 2020, cidadãos preocupados escreveram uma carta ao Secretário do Meio Ambiente e Recursos Naturais do México, apontando lacunas em um estudo de impacto ambiental relacionado ao projeto. Especificamente, a carta aponta que, embora seja verdade que o robalo foi introduzido na Baía de São Francisco no final de 1800, não há evidências de que a espécie seja encontrada atualmente no Oceano Pacífico do México.

Após atingirem tamanho suficiente, os peixes serão transferidos para gaiolas flutuantes. Fontes indicam que haverá oito dessas gaiolas com diâmetros de até 45 metros perto das ilhas Todos Santos, ao largo de Ensenada. Na carta, enfatiza-se que as ilhas fazem parte de uma reserva marinha nacional (também uma Reserva Mundial de Surf) e a introdução de uma espécie invasora seria prejudicial à missão de proteger a área.

As ações da Pacifico Aquaculture, incluindo a remoção de vegetação nativa e a alteração do acesso público, adicionam ainda mais preocupações entre os surfistas. Barbara Garcia, campeã nacional de surf e local de Ensenada, expressa frustração com a empresa, que se proclama sustentável, mas age de maneira contraproducente.

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“É uma situação catastrófica. Estamos desesperados. A empresa está nos bloqueando nas redes sociais. Eles se retratam como sustentáveis, mas suas ações são o oposto”, lamenta Garcia.

Apesar dos esforços da comunidade para dialogar com a Pacifico Aquaculture, não houve avanços significativos até o momento. A pressão continua, com a busca incessante por documentos que garantam a menor interferência possível no surf e no ecossistema da região.

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