A viagem é altamente recomendada, uma jornada que vai muito além das ondas, promovendo a imersão numa cultura fascinante.
Desde 2012, a ideia de explorar as ondas do Marrocos ocupava meus pensamentos. Naquele ano, Fábio Gouveia e Willian Cardoso fizeram uma expedição ao longo dos 1,8 mil quilômetros da costa marroquina em busca das melhores ondas do país. Esse desejo latente ganhou vida durante a Barca de Los Mangos em abril de 2023, quando Willian Cardoso lançou a ideia de organizarmos nossa primeira viagem ao Marrocos.
Comecei a pesquisa sobre os locais, entrei em contato com fornecedores e organizamos nossa primeira expedição em grupo. O time era composto por surfistas de diversas partes do Brasil, cada um ansioso pela experiência única que o Marrocos prometia. Marrakech foi o ponto de partida, e de lá seguimos por três horas e meia de estrada até Agadir, nossa base para os próximos 10 dias. Quando ainda havia o voo da Air Maroc, a chegada era bem mais rápida. O voo direto para Casablanca a partir de Guarulhos e conexão imediata para Agadir tornava a viagem menos cansativa.
A infraestrutura surpreendeu desde o desembarque. O aeroporto muito bem estruturado, a imigração eficiente, e nosso transporte aguardava prontamente. Durante o trajeto, apreciamos uma estrada impecável, margeada por montanhas coloridas e extensas plantações de oliveiras. Agadir, onde ficamos baseados, revelou uma transformação notável, com construções modernas sinalizando o crescimento do país.
Recebidos por Mohamed, nosso guia extraordinário, embarcamos em uma jornada que nos proporcionaria condições ideais de surf a cada dia. Sua prestatividade e pontualidade conquistaram a confiança do grupo imediatamente. No primeiro dia, pegamos ondas pequenas com muito vento em um beach break subindo em direção ao norte. Já no terceiro dia, apesar das ondas seguirem pequenas, surfamos em Boilers, uma direita divertida que cativou os cariocas do grupo por horas.
A previsão prometia dias melhores, e nosso guia nos conduziu a um povoado ao sul de Agadir, onde experimentamos um dos melhores dias de surf. Um reef com ondas perfeitas de dois a dois metros e meio, sem multidões, deixou a todos extasiados.
Tivemos um único dia de flat que foi aproveitado para explorar Imsouane, uma vila de pescadores transformada em uma cidade do surf, com a onda mais longa do Marrocos, ideal para longboarders e pranchas modelo fish classic, e também tem uma direita chamada Catedral, que parecia ter muito potencial.
Com o swell crescendo, retornamos a Imsouane e surfamos Catedral. Aguardamos pacientemente até que a maré estivesse quase seca, revelando ondas espetaculares. O drop vinha a partir das pedras, proporcionando de face uns dois metros e algumas até maiores. Os últimos dois dias prometiam o maior swell, com a expectativa de surfar Anchor Point, o point break mais famoso do Marrocos. No entanto, a experiência foi desafiadora devido ao crowd insano. Decidimos então explorar Bananas e, ao lado, encontramos Spiders, uma onda incrível sem ninguém.
O Marrocos superou todas as expectativas, com ondas incríveis e, muitas sem crowd, ou com um crowd amistoso, destacando a importância de um guia local experiente. A culinária marroquina, com suas especiarias exóticas e sabores intensos, foi uma verdadeira festa para nossos paladares. A hospitalidade calorosa do povo marroquino, desde os mercados locais até as interações diárias, contribuiu para uma experiência enriquecedora e única. A viagem ao Marrocos é altamente recomendada, e no próximo ano estaremos explorando a parte sul, em meio ao deserto do Sahara. Uma jornada que vai além do surf, é uma imersão na cultura, nos sabores e na magia do Marrocos.