Renan Souza da Conceição, o bodyboarder que resgatou um guarda-vidas no mar de São Conrado durante uma etapa do Circuito Brasileiro de Bodyboarding afirmou que nunca imaginou ser chamado de herói e que a maior vitória foi tirar o guarda-vidas da água com vida. Ele afirmou que o que moveu foi o senso de urgência.
“O cara ia morrer. Meu coração ardeu. Ardeu de verdade“, disse Renan Souza da Conceição, conhecido como Biruleibe da Rocinha, que rejeita o rótulo de herói.
O guarda-vidas, conhecido como Bigodinho, entrou na água para ajudar um competidor que foi empurrado para as pedras pela forte correnteza e pelas ondas de até 2,5 metros.
Quando o competidor era resgatado e afastado das rochas por outras pessoas, quem se viu em situação de perigo foi o guarda-vidas.
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Renan estava participando da competição, mas só voltaria para a água no dia seguinte, em uma bateria de semifinais. Ele estava indo embora, quando viu a cena e reconheceu o rapaz que se afogava.
“A gente se conhece de se cumprimentar todos os dias na praia. O apelido dele é Bigodinho. O nome dele eu não sei“, disse Renan.
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O bodyboarder diz que lutou pela vida dos dois por meia hora:
“Quando eu pulei eu falei: ‘Sobe e pega a prancha’. E ele não respondia. Aí foi onde eu perdi meu gás. Eu tive que ficar submerso na água e colocá-lo na prancha. Eu falava ‘Rema!’ e ele não remou. Eu falei: ‘Bate o pé de pato!’ e ele não batia. Aí eu pensei: o cara vai morrer. Quando eu cheguei lá dentro eu vi que coloquei a minha vida em risco. Não para me vangloriar, mas sim por não aguentar ver aquilo ali“, contou Renan.
Ele acredita que conseguiu retirar os dois de lá por conhecer bem aquele pedaço de mar, um pouco de técnica e uma força maior:
“Eu fui nadando a favor da correnteza, não contra ela. Eu fui o levando para fora da arrebentação. Fui com muito medo, muito respeito pelo mar de São Conrado, mas com uma fé em Deus inabalável. E não sei de onde tirei força para puxar aquele cara, que estava como se fosse uma pessoa desmaiada“, disse.
No dia seguinte, ele não passou na semifinal. Mas resgatar o guarda-vidas valeu mais que um título.
“O gás para dar, que eu precisava só um pouquinho, Deus me fez gastar para salvar uma vida. Então não tenho do que reclamar. Eu não ganhei o título, mas ganhei uma vida“, afirmou Renan.
Fonte: G1