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Presidente da Polinésia tenta apaziguar manifestantes contra torre em Teahupoo: “Não podemos fazer esses Jogos contra a população”

Em meio à crescente controvérsia sobre a instalação da torre olímpica em Teahupoo, o presidente da Polinésia, Moetai Brotherson, concedeu uma entrevista ao L’Équipe, a principal mídia esportiva da França, expressando sua solidariedade e buscando acalmar os ânimos dos manifestantes locais.

“Não tenho nenhum ressentimento em relação aos organizadores desta manifestação e desta petição. Compreendo as suas preocupações, eu próprio estou muito empenhado na preservação do nosso patrimônio ambiental e cultural”, disse Brotherson.

O Comitê Olímpico Internacional aprovou o Tahiti como sede do surf em 2020, quando Brotherson ainda não havia assumido a presidência do país. “Teríamos feito de forma totalmente diferente”, disse ele. “Primeiro teríamos procurado todas as formas de reaproveitar o que já existe. E talvez não tivéssemos oferecido o mesmo lugar.”, completou.

Segundo Brotherson, a praia de Taharuu, em Papara, era uma escolha muito mais adequada para o palco olímpico. Apesar de menos “mítico” do que Teahupoo, a onda de beach break é mais constante e está localizada em um local com mais infraestrutura.

O presidente também destacou que a instalação da torre de alumínio foi decidida de forma errônea pela antiga gestão do governo. “Se eu estivesse no governo quando este dossiê estava sendo elaborado, o processo teria sido completamente diferente. Porque uma das grandes críticas feitas hoje é a total falta de comunicação e inclusão da população por parte da antiga equipe gestora”, disse Brotherson.

Além disso, ele também comentou sobre erros de comunicação por parte da organizações dos Jogos de Paris 2024, especialmente em relação à suposta falta de um estudo de impacto ambiental. “Houve erros de comunicação relativos à questão do estudo de impacto ambiental. Uma primeira resposta disseram: ‘sim, foi feito’. Só que no final da reunião foi dito que: ‘não, na verdade não foi um estudo de impacto que foi feito e sim um aviso ambiental com monitoramento'”, disse Brotherson que compreendeu a revolta da população local.

Segundo o presidente, trazer as disputas olímpicas de surf para o Tahiti é uma grande oportunidade econômica, bem como um símbolo importante para reafirmar que o surf nasceu na Polinésia, mas é preciso respeitar a população. “Expliquei ao COI que não podemos fazer estes Jogos contra a população. Teremos de fazer esforços para chegar a estes manifestantes, tranquilizá-los e dizer-lhes que estamos realmente estudando todas as propostas que apresentam”.

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Ainda sim, ele afirmou que existem duas possíveis resoluções para o conflito entre a entidade olímpica e os manifestantes. “A primeira é reaproveitar a antiga torre dos juízes, usada pela WSL durante o Tahiti Pro. A outra é instalar a nova torre em terreno, em La Pointe”, explicou.

Os desafios técnicos, entretanto, são mais complexos do que isso. Isso porque a opção em La Pointe se torna inviável já que fica a uma distância de 750 metros da onda – o que seria impossível do ponto de vista do julgamento, mesmo com as tecnologias disponíveis.

Já a torre da WSL também passa por duas problemáticas. Atualmente, ela não está apta aos padrões de segurança das Olimpíadas e não se sabe se será possível torná-la compatível a tempo. Além disso, o evento olímpico é muito maior do que as competições da WSL e, portanto, necessita comportar mais pessoas na estrutura.

Enquanto a entidade de surf faz streaming de vídeo para seu site, os Jogos Olímpicos são transmitidos para TV de alta definição com requisitos de banda larga mais complexo que envolve servidores. Isto requer, inclusive, uma sala climatizada e protegida da maresia.

Com todas as cartas na mesa, mesmo se a torre da WSL se alinhar aos parâmetros de segurança, talvez não seja possível atender as especificações do Comitê Olímpico na dimensão atual.

“A situação pode piorar se tivermos que avançar para a instalação da nova torre”, disse Brotherson sobre as manifestações. Ainda sim, ele acredita na capacidade das pessoas de encontrar soluções através do diálogo. Ele planeja visitar Teahupoo no próximo domingo (05/11) para conversar com os manifestantes e tentar encontrar uma solução para o impasse.

“Como sou naturalmente otimista, quero acreditar que, desde que as pessoas tenham capacidade para discutir, poderemos encontrar soluções. As pessoas, mesmo as mais extremas, são aquelas com quem quero conversar”, finalizou ele.

Fonte: L’Équipe.

 

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