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Pan-American Soul 2022: A espera

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urfistas estão sempre esperando a próxima ondulação. Menos quando ela chega. Ai, surfam tudo que podem. Depois a espera recomeça. Já estou próximo de completar cinco meses na estrada e não posso reclamar das ondas. Surfei muito mais do que esperei. Mas nessa última semana o mar deu uma baixada justamente numa época do ano em que deveria estar bombando geral aqui no Caribe da Costa Rica. Mas eis que a previsão aponta uma sequência de vários dias na faixa dos 4 a 6 pés, avançando até os 8 a 10. Será que vai ser a salvação com dia e hora marcada?


Texto Adrian Kojin / Editor Especial da HARDCORE
Fotos Adrian Kojin 

Antes de partir da Califórnia, fui fazer uma visita ao escritório do site Surfline, o mais utilizado por surfistas ao redor do planeta quando se trata de previsão de ondas. Bati um longo papo com o diretor Kevin Wallis, a quem pedi uma visão geral do que deveria acontecer ao longo da minha rota durante os estimados oito a nove meses de jornada. Ele começou sua resposta enfatizando que seria impossível me passar uma informação acurada com tanta antecedência. Mesmo assim arriscou alguns palpites, que até agora vinham se confirmando.

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Seu principal acerto foi quanto à possiblidade de um bom final de temporada, com swells no Pacífico entrando com bastante potência em meses nos quais eles normalmente chegam fraquinhos, ou nem chegam. Como eu peguei a estrada com um mês de atraso no meu planejamento inicial, adorei escutar isso. Melhor ainda foi surfar o que muitos chamaram de melhor swell do ano em Pavones já no final de novembro, uma ocorrência totalmente atípica.

Pavones quebrando desse jeito em novembro é coisa rara, mas já estava previsto que em 2022 a temporada no Pacífico ia terminar mais tarde.

O que me fez lembrar de outra ocorrência totalmente atípica, mas essa no sentido oposto, também em Pavones, no início dos anos 90. Naqueles tempos o Surfline engatinhava ainda, focado principalmente na Califórnia e com recursos tecnológicos bem limitados. Internet era algo que nem passava por nossas cabeças e a decisão de embarcar numa surf trip costumava ser baseada em informações passadas de boca a boca.

 

 

Foi assim que, saindo de Puerto Viejo, no Caribe, onde eu residia na época, acompanhado por meus dois mais constantes companheiros de surfe, o peruano Aldo e o caribenho Topo, decidi passar o mês de agosto inteiro em Pavones, no Pacífico. Numa epopeia, que incluiu desde ônibus lotados, com galinhas sendo transportada em sacos ao nosso lado, até um voo de teco teco que precisou aguardar as vacas saírem da pista para pousar, chegamos ao nosso destino. Deveria ser o auge da temporada, mas não entrou nenhuma ondulação que fizesse a onda conectar todas as sessões. Foram quase 45 dias acampados, com uma overdose de macarronadas preparadas na fogueira e temperadas com areia, sem nenhum dia de surfe que justificasse o sacrifício.

 

Em tempos de comunicação instantânea logo ficamos sabendo onde deveríamos ter estado. Carlos Muñoz deixando todo mundo com vontade em Roca Bruja.

 

Certamente estar no lugar certo no dia certo ficou muito mais fácil com o fabuloso avanço da ciência que se tornou a previsão de ondas. Mas mesmo assim são muitos ainda os mistérios. No dia 9 de janeiro passado eu estava em San José, capital da Costa Rica, aguardando a hora de ir buscar minha van de volta no mecânico, quando, ao conferir a mensagem enviada por um amigo no IG, quase cai para trás. Abaixo de um reel sensacional do @munozcali passeando por um tubo verde esmeralda, ele escreveu apenas: “as ondas entraram em Roca Bruja”. 

 

De uma forma geral, a previsão durante a viagem tem acertado. Mas nesse dia em Puerto Escondido quem chegou na praia esperando as bombas para o dia seguinte se surpreendeu. Elas já estava explodindo!

Devido à ondulação de oeste gigante que atingiu a Califórnia dias antes, havíamos discutido a possibilidade de surfar esse swell que, imaginávamos, iria chegar ao litoral norte da Costa Rica, mas não sentimos firmeza na previsão. Meu consolo era que devido aos problemas mecânicos da minha van eu não poderia ter ido mesmo. As imagens publicadas no IG no dia 8, e nos próximos, foram as mais espetaculares que já vi desse pico mágico, com um show de performance de Carlos Muñoz (vale conferir). Duas semanas antes eu havia passado cinco dias em Playa del Coco, de onde saem os barcos para Roca Bruja, esperando um movimento no oceano que fizesse valer a pena a incursão ao Parque Nacional Santa Rosa. Mais liso impossível.

 

Será? A previsão para Salsa Brava está prometendo, a torcida é grande, mas só vendo para crer!

 

Será que devo confiar na previsão que estou vendo de que janeiro vai honrar sua fama de ser o mês mais constante do ano em Salsa Brava? Até agora, não foi. Mas tudo indica que poderá ser. A resposta só virá com o passar do tempo. Nada mais posso fazer do que preparar a prancha. E esperar.

Acompanhe a rota de Pan-American Soul pelo @panamericansoul2022.

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* Nesta seção, o Editor Especial da HARDCORE, Adrian Kojin, traz com exclusividade os diários da sua road trip Pan-American Soul 2022, da
Califórnia até o Brasil. 

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