Em entrevista ao programa Por Dentro do Tour no YouTube, Ricardo Toledo foi direto ao assunto quando indagado sobre a relação de seu filho, Filipe Toledo, com Teahupoo, a temida onda taitiana onde serão disputadas as provas de surf das Olimpíadas de Paris 2024: “Ele tem medo de bater no fundo de coral e se machucar sério”.
Considerando que Filipinho é o atual campeão mundial, primeiro colocado no ranking da WSL e pré-classificado para representar o Brasil nas Olimpíadas, a resposta de Ricardinho, que também é técnico do filho, é de uma honestidade brutal. E, mais do que tudo, louvável, pois para resolver um problema é preciso primeiro admitir a existência dele.
Durante o programa, conduzido com maestria por Felipe Zobaran, ao lado dos dois especialistas em surf de competição que fazem parte permanente da bancada, Marcelo Bôscoli e Marcelo Andrade, Ricardinho discorreu sobre vários assuntos. Em mais de uma hora de conversa animada, com sua característica veemência e sem fugir de temas polêmicos, ele falou sobre a determinação de Filipe em conquistar seu segundo título mundial na disputa programada para a segunda semana de setembro próximo em Trestles, que só não vai acontecer “se ocorrer uma fatalidade”.
Também taxou de “palhaçada” a proposta de Kelly Slater para que a vaga de Ethan Ewing, que no momento se encontra lesionado, fosse dada a Gabriel Medina, e relembrou outras oportunidades em que bateu de frente com o 11 X campeão mundial. Mas o momento mais aguardado do programa certamente era aquele em que o assunto seria Filipinho X Teahupoo. Ainda mais após sua pífia performance no Shiseido Tahiti Pro, realizado em ondas pequenas no pico, o que não impediu Filipe de entregar sua segunda bateria no evento ao adversário, o surfista local Mihimana Braye, recebendo uma enxurrada de críticas na imprensa e mídias sociais por isso.
Coube a Marcelo Bôscoli tocar no delicado tema, já próximo do final do programa. O que ele fez tomando o cuidado de antes alinhavar uma retrospectiva dos resultados mais recentes de Filipe, que atestam seu absoluto domínio do surf competitivo no período pós-pandemia. Presumindo que Filipe se sagre bicampeão mundial em setembro próximo, na Rip Curl WSL Finals, Bôscoli perguntou a Ricardinho se existe uma estratégia para que Filipe conquiste também a “cereja do bolo”, que seria uma medalha olímpica em Teahupoo, em 2024.
A resposta completa de Ricardo Toledo pode ser conferida no programa, que está muito bom e merece ser assistido do princípio ao fim. Ele admite sem rodeios que o filho precisa, antes de mais nada, querer evoluir em Teahupoo, mas faz a ressalva de que “a gente sabe disso, mas de nenhuma maneira isso desmerece o atleta que ele é”. Defende também a postura do filho no último evento lá, argumentando que para quem está concentrado na disputa de um título mundial não era o momento certo para ele se expor: “veja aí o que aconteceu com o Ethan Ewing, as fatalidades acontecem”.
Ricardinho finalizou afirmando que não se importa com o que falam os críticos, que está preocupado é com “o trabalho que estamos fazendo e os objetivos a serem alcançados”. E deixou uma esperança para a torcida brasileira não desistir completamente de Filipinho nas Olimpíadas em Teahupoo: “Ele vai fazer uma pré-temporada lá, sem duvida nenhuma. Vai treinar mais, vai dar tudo que pode”.