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Nick Carroll: “Não há mais tempestade, vivemos a Era Brasileira”

SEM-QUERER-QUERENDO, NICK CARROLL DEFINE MOMENTO ATUAL DO SURF E CUNHA UM TERMO BOM O SUFICIENTE PARA APOSENTARMOS O VELHO E CANSADO BRAZILIAN STORM. MAS, DENTRO DO PAÍS, A REALIDADE É OUTRA

Por Fernando Maluf

Já faz tempo que o termo Brazilian Storm perdeu sentido. A geração de surfistas profissionais brasileiros que abalou o circuito mundial em 2011 já solidificou seu protagonismo com dois títulos mundiais, regularidade de vitórias no tour, enfim, com a renovação e o surgimento de novos talentos.

Pode ser que o terceiro mundial verde e amarelo não aconteça neste ano ainda. Mas mesmo que o surfista australiano vença, a configuração da elite mundial permanece a mesma: pelo menos três concorrentes brasileiros e, na ausência de John John Florence, uma grande dúvida sobre os representantes dos demais países.

Ainda assim, o velho e cansado Brazilian Storm vivia aparecendo aqui e ali, em pleno 2018, mesmo que para ser negado – a tempestade já passou etc. Mas o jargão só sobreviveu a estes sete anos – e entrou para a história – porque é bom. E faltava um para substituí-lo. Faltava.

A Era Brasileira

Em um texto opinativo para o Surfline, Nick Carroll, um dos maiores jornalistas a dedicar a carreira ao surf, trouxe a nova nomenclatura. Um autor estrangeiro acima de qualquer suspeita para que ninguém aqui seja acusado de ufanismo ou vaidade – embora o brasileiro que acompanhe o surf tenha direito aos dois neste momento.

O texto é intitulado “Gabriel Medina precisa de um inimigo”. Nele, Carroll argumenta que não há no circuito, atualmente, um surfista para cumprir este papel – como cumpriam, em seu tempo, Kelly e Andy, para ficar no exemplo mais óbvio.

Depois de explicar por quê John John e Julian não servem para o papel – embora o australiano chegue perto -, Carroll diz que o mais provável é que esse inimigo, adversário, esse rival exacerbado, venha do Brasil mesmo. O texto, sem citar esses nomes, na verdade é quase uma incitação a Filipe e Italo. Ou a quem mais estiver disposto (e for capaz). A razão é simples: são daqui os melhores surfistas neste momento. “Essa não é mais a Tempestade Brasileira, é a Era Brasileira”, escreve ele. E continua: “As células da Tempestade estão se separando agora, tornando-se independentes e, talvez, se distanciando. É aí onde talvez esteja o Inimigo de Gabriel”.

Como qualquer opinião, a ideia é discutível: Gabriel faz outro ano excelente, mas Filipe ainda pode se tornar o campeão e passou o ano como favorito. Uma queda a menos da prancha, uma manobra mais segura aqui ou ali (detalhes?) e a história poderia ser outra. Com Filipe na ponta do ranking chegando em Pipe, esse texto seria escrito? Talvez isso apenas confirme a tese de que Gabriel incomoda o público estrangeiro mais do que Filipe, Italo ou Adriano na época de seu título mundial.

Olhando daqui, parece improvável que surfistas brasileiros criem uma rivalidade deste tipo entre si – embora seja impossível dizer. O que é possível cravar é que, sim, Gabriel, Filipe e Italo – e sabe-se lá quem mais, em um futuro breve? – devem disputar os próximos títulos mundiais. Um contra o outro.

Mas por quanto tempo? O recém-finalizado Red Nose São Sebastião Pro foi um sucesso. Etapa de 3 mil pontos do QS e uma de apenas duas realizadas no Brasil. O sucesso internacional da Brazilian Storm passou um pano enorme para um lento e gradual declínio do surf dentro do país nos últimos anos.

Fora daqui, no mundão, graças ao esforço de alguns grupos de profissionais e ao talento absurdo de uma geração, estamos no topo. Bem vindos à Era Brasileira. Mas se a quisermos por mais tempo, precisamos reestruturar as coisas por aqui.

Ps.: se conseguir ler normalmente em inglês, recomendamos fortemente a leitura do texto de Nick na íntegra – aqui.

Imagens: WSL/Divulgação

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