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Yago Dora dá show e vence Red Nose Pro em Maresias

COM ATUAÇÃO IMPECÁVEL NO ÚLTIMO DIA, YAGO DORA VENCE JESSÉ MENDES EM FINAL DIGNA DE ELITE MUNDIAL NO RED NOSE SÃO SEBASTIÃO PRO EM MARESIAS

Por Fernando Maluf

Um sábado farto de histórias terminou com a vitória do catarinense Yago Dora em uma final digna de CT sobre seu amigo Jessé Mendes. Yago e Jessé passaram, nas semis, pelos irmãos Miguel e Samuel Pupo, impedindo uma histórica final em família para os dois locais.

“Eu tô muito feliz de ganhar esse campeonato. Adoro surfar pra torcida, na frente da galera, praia lotada. Ainda mais se for uma torcida como essa, que fica assistindo até na chuva. É muito especial”, disse Yago, emocionado, ao receber o troféu, contrariando qualquer tese de que lhe falta alguma veia competitiva.

“Ainda tenho alguns campeonatos antes de acabar o ano e ainda posso me reclassificar pelo QS, então esse campeonato também é bem importante pra mim”, continuou. “Mas, é claro, a prioridade é classificar pelo CT mesmo. Preciso de um bom resultado em Pipe, o que é difícil, mas é o meu objetivo”, disse o campeão.

Yago surfou com muita autoridade durante todo o dia, aproveitando as esquerdas que entravam para completar um aéreo atrás do outro, como se fosse fácil. Foi assim que venceu com tranquilidade sua bateria do round 5 e a semi contra Miguel Pupo, quando teve uma nota 10 transformada em 9,83 por dois juízes que acharam algum defeito em um full rotation alto e de aterrissagem perfeita.

Yago Dora deu show e foi o melhor surfista do evento (WSL/Smorigo)

Miguelito vinha surfando demais e era um dos nomes do campeonato. Ofereceu resistência séria a Yago com uma ótima apresentação. Mas não conseguiu superar o excelente trabalho aéreo do catarinense.

A única bateria em que foi pressionado foi nas quartas de final, contra o franco-mexicano Nomme Mignot. O gringo estava em sintonia fina com as ondas e foi construindo um score sólido durante toda a bateria até colocar o brasileiro em combinação, com 14 pontos. Yago só reagiu a cinco minutos do fim, quando pegou sua primeira onda boa: mandou um reverse na primeira sessão, um tapa na junção que se aproximou e depois espremeu a vala até o inside. Arrancou oito e meio e saiu da kombi. Logo depois, em outra esquerda, emendou em uma linha muito veloz e sem hesitação (leia-se: sem matar barata) duas pancadas em uma esquerda da série. Os juízes deram 8,93, uma das notas mais altas do campeonato e talvez um pouco exagerada, mas a virada estava garantida e com folga.

Do outro lado da chave, Jessé fez campanha parecida, embora tenha passado um sufoco no primeiro duelo do dia. Com a maré cheia e vento maral forte, ninguém em seu duelo conseguiu superar os seis pontos em uma nota individual. Nos instantes finais, o baiano Yagê Araújo e o catarinense naturalizado espanhol Vicente Romero pegaram uma boa onda cada. Como de costume no evento, as notas demoraram muito para sair e os quatro ficaram esperando o resultado já no palanque. Yagê foi para primeiro e Vicente ficou atrás de Jessé, barrado por uma diferença de 0,07 pontos.

Nas quartas de final, Jessé dominou o grommet Mateus Herdy, que era um dos destaques do campeonato. Construiu um score sólido e pressionou o rival, que não conseguiu encontrar uma onda boa debaixo da pressão.

Na semi, repetiu o procedimento. Após tirar 7,60 e 8 pontos com bons aéreos para a esquerda, grudou em Samuel Pupo, que não conseguiu capitalizar nas poucas chances que teve.

A final começou como um pequeno balde de água fria. Os dois nomes do campeonato, que estavam com a confiança altíssima, abusando de manobras progressivas e acertando quase tudo que tentavam, de repente começaram a cair da prancha. Tentativa após tentativa, Yago e Jessé foram errando um aéreo atrás do outro até chegarem aos minutos finais.

Quando tudo indicava que, após um show aéreo, o campeonato seria decidido pelo surf feijão-com-arroz, Yago finalmente completou um voo girando. A nota oito e meio foi a única excelente da bateria, e suficiente para abrir uma vantagem que Jessé não conseguiria superar.

O dia começou com o polêmico re-surf de uma bateria do round 4, entre Flávio Nakagima, Michael Rodrigues, Alex Ribeiro e Deivid Silva, devido a um erro cometido pelo juiz de prioridade. Alex terminou prejudicado, pois havia vencido a bateria e terminou eliminado após a nova disputa. A bateria não foi transmitida pelo site oficial da WSL, que anunciou o início do campeonato apenas depois dela.

No final do round 5, o último com baterias de quatro atletas, a segunda história do dia: Wesley Santos, de Peruíbe (SP), chegou em terceiro lugar em seu confronto e ganratiu o título sul-americano de 2018 da WSL. A conquista foi muito celebrada: além do troféu, ela dá a Wesley o direito de participar de todas as etapa de 6 mil e 10 mil pontos do QS em 2018 e, consequentemente, uma chance realista de buscar uma vaga entre os Top 34.

A última história, por fim, foi a confirmação, pelo prefeito de São Sebastião e pelo dono da Red Nose, patrocinadora do evento, da reedição do campeonato em 2019. O surf brasileiro, que no seu melhor momento competitivo vive uma triste carência de eventos internacionais em casa, agradece.

Red Nose São Sebastião Pro – Resultados:

FINAL: Yago Dora 13,03 x 10,83 Jessé Mendes

Sf1. Jessé Mendes 15,60 x Samuel Pupo 10,53
Sf2. Yago Dora 16,83 x 15,33 Miguel Pupo

Qf1. Jessé Mendes 13,00 x 10,33 Mateus Herdy
Qf2. Samuel Pupo 13,70 x 12,34 Yagê Araújo
Qf3. Yago Dora 17,43 x 14,00 Nomme Mignot
Qf4. Miguel Pupo 14,14 x 13,77 Deivid Silva

R5-1. Mateus Herdy (16,63), Samuel Pupo (13,00), Douglas Silva (9,56), Robson Santos (8,20)
R5-2. Yagê Araújo (11,27), Jessé Mendes (10,00), Vicente Romero (9,93), Nolan Rapoza (9,73)
R5-3. Yago Dora (14,84), Deivid Silva (11,83), Tamaê Bettero (8,74), Gabriel Farias (4,83)
R5-4. Miguel Pupo (11,60), Nomme Mignot (10,33), Wesley Santos (9,60), Michael Rodrigues (7,83)

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