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Michael Rodrigues supera confusão e vence na estreia em Pipe

Medina e Julian vencem e Filipe vai à repescagem; Michael Rodrigues supera confusão com havaianos e vence sua primeira na carreira em um Pipe Masters

Por Fernando Maluf

O primeiro dia do Billabong Pro Pipe Masters foi encerrado na noite desta quinta (13) com ondas que melhoraram muito ao longo do dia, mas ainda muito aquém do esperado para um campeonato em Pipeline. Nas palavras do quase aposentado Joel Parkinson, praticamente um beach break – isso porque ele caiu na melhor hora do dia, quando os tubos começaram a aparecer mais, tanto para a esquerda quanto no Backdoor.

No começo do dia, em ondas ainda muito prejudicadas pelo forte vento, Gabriel Medina foi, disparado, o melhor dos top três concorrentes ao título mundial, combinando tubos e aéreos em diversas ondas para fazer uma apresentação muito segura e uma das melhores do dia. Em duas baterias de notas baixas, Julian Wilson conseguiu vencer; Filipe Toledo acabou em segundo e vai disputar a repescagem.

Para além da disputa pelo título mundial, a bateria mais aguardada do campeonato era certamente a de Michael Rodrigues, que no começo da semana se envolveu em uma enorme confusão após câmeras do Canal Off flagrarem, ao vivo, o momento em que ele foi agredido pelo local havaiano Tanner Hendrickson.

Tudo indica que a história ainda não foi resolvida. A liberdade dos comentários à distância, via internet, fez com que críticas dos mais variados tons fossem disparados a incessantemente a praticamente todos os lados: a Michael por ter supostamente provocado a briga; ao havaiano pela atitude violenta e pelo acerto de contas apenas em casa e com retaguarda garantida; aos apresentadores do Off, Marcelo Trekinho e Gabriel Pastori, por não interferirem na briga; até mesmo à Volcom, em cuja casa a “vitória” do havaiano na briga teria sido comemorada aos gritos.

São motivos de sobra para imaginar que Michael entraria profundamente abalado para a primeira bateria de sua carreira em um Pipe Masters.

Errado. Michael surfou bem, no limite do que sua intimidade com a bancada poderia permitir. Entubou para os dois lados, arriscou algumas manobras e, com dois bons canudos para o Backdoor, venceu Patrick Gudauskas e Willian Cardoso sem dificuldade alguma.

Saiu da água emocionado. Na entrevista após a bateria, sem tocar no assunto da briga, Michael agradeceu alguns de seus amigos que o ajudaram nessa semana. Entre eles, o brasileiro Carlos Ozzy, policial no Havaí.

Residente das ilhas há décadas e com a moral de um local, Carlinhos estaria intermediando as conversas entre Michael e Eddie Rothman, tradicional xerife do North Shore a quem havaianos teriam reportado sua insatisfação pelo fato de a WSL ter punido, após a briga, apenas Tanner Hendrickson. Tudo corre no silêncio e em bastidores. Cenas de próximos capítulos que talvez não cheguemos a ver.

Enquanto isso, Michael está garantido no round três e pronto para queimar a língua de quem apostou em uma “afinada” após a briga.

A corrida pelo título mundial

Para o havaiano Ross Williams, ex-competidor e técnico de John John Florence, Filipe se posicionou “em um lugar muito ruim na bancada, praticamente o pior lugar possível”. Mais à esquerda de quem olhava da areia, próximo a Off the Wall, ele buscou por esquerdas que não existiam por ali. Não consegui completar nenhum tudo e sequer arriscou algum aéreo.  Terminou o duelo com 5,04 pontos, atrás de Matt Wilkinson (6,03) e à frente de Caio Ibelli (4,93).

Veja também: Medina, Julian ou Filipe – Quem vai ser o Campeão Mundial de 2018?

Julian Wilson entrou na bateria seguinte e ficou atrás durante quase todo o duelo. Tomas Hermes, com boas sequências de manobras em ondas pequenas que acabavam abrindo na bancada, liderou até os minutos finais. Mas, com notas baixas, a liderança era frágil, e eventualmente foi tomada pelo australiano, que fez a melhor nota da bateria: 5,50.

O mar parecia extremamente prejudica nesta hora, quando Medina entrou na água. O local de Maresias logo de cara fez uma leitura muito difícil de uma esquerda, com o drop atrasado em um dos poucos tubos em que dava para ficar em pé. A onda ia fechar imediatamente, e ele conseguiu sair antes, abrindo vantagem no duelo.

Aos poucos, Medina passou a explorar outras possibilidades. Após acertar um alley oop perfeito, arriscou mais um aéreo reverse para finalizar a mesma onda, mas caiu – se acertasse, seria o primeiro high score do dia. Benji Brand e Connor O’Leary também se encontraram e tiraram bons tubos. O australiano chegou a combinar uma rápida corrida embaixo do lip de uma esquerda com um reverse na junção, mas não teve uma nota muito alta.

O melhor momento da bateria aconteceu no final, quando Medina defendia a prioridade contra Benji Brand, que precisava de 6,01 pontos para ultrapassá-lo.

Gabriel brigou até o limite na remada com o havaiano, que estava à sua direita. Ele encarou o havaiano até o último momento, e quando este desistiu, o brasileiro rapidamente se curvou inteiro para Pipeline, entrou em um tubo apertado, mas profundo e muito rápido, e saiu para fazer a melhor nota do encontro (6,93).

Italo, Yago, Ian, Conner, Jeremy, Parko: outros destaques

Italo Ferreira e Yago Dora conseguiram boas notas com as decolagens nas esquerdas, antes de o vento mudar e os tubos começarem a dar as caras.

Italo ficará no lado de Medina do chaveamento. Se os dois vencerem todas as baterias, se encontram na semi. Podem se encontrar nas quartas se um dos dois ficar em segundo no R4.

Italo tem 5 vitórias e apenas uma derrota no confronto direto com Gabriel – único surfista no CT com tamanha vantagem contra o campeão mundial de 2014. Ambos completaram aéreos variados nas ondas pequenas; ambos já descolaram tubos incríveis em outras oportunidades na mesma bancada. Um confronto entre os dois em Pipe será não apenas o ponto alto do evento, mas uma das maiores baterias do ano.

Conner Coffin, Joel Parkinson e Ian Gouveia, na ordem, tiraram as três notas mais altas, as únicas do dia acima dos oito pontos. Ian perdeu para Michel Bourez por 0,03 pontos, Coffin superou uma excelente atuação de Jeremy Flores e Parko deu um show vintage com uma onda lindamente surfada para Pipe.

Próxima chamada nesta sexta, às 15h30 no horário de Brasília.

Resultados do Billabong Pipe Masters

Segunda rodada:
1: Filipe Toledo x Benji Brand
2: Owen Wright x Seth Moniz
3: Wade Carmichael x Caio Ibelli
4: Kanoa Igarashi x Keanu Asing
5: Kolohe Andino x Miguel Pupo
6: Willian Cardoso x Kelly Slater
7: Adrian Buchan x Ryan Callinan
8: Jeremy Flores x Ian Gouveia
9: Ezekiel Lau x Jessé Mendes
10: Sebastian Zietz x Patrick Gudauskas
11: Frederico Morais x Connor O’Leary
12: Joan Duru x Tomas Hermes

Resultado – primeira rodada
1. Jordy Smith 12,00, Kelly Slater 11,43, Frederico Morais 4,47
2. Yago Dora 9,83, Owen Wright 9,60, Miguel Pupo 2,00
3. Italo Ferreira 13,30, Joan Duru 11,67, Keanu Asing 5,66
4. Matt Wilkinson 6,03, Filipe Toledo 5,04, Caio Ibelli 4,93
5. Julian Wilson 8,07, Tomas Hermes 6,40, Seth Moniz 4,57
6. Gabriel Medina 13,16, Benji Brand 9,97, Connor O’Leary 9,67
7. Griffin Colapinto 7,07, Ryan Callinan 6,77, Wade Carmichael 4,50
8. Michael February 6,30, Kanoa Igarashi 6,10, Sebastian Zietz 4,03
9. Michel Bourez 12,03, Ian Gouveia 12,00, Ezekiel Lau 10,90
10. Conner Coffin 15,07, Jeremy Flores 14,00, Jessé Mendes 9,20
11. Joel Parkinson 11,23, Kolohe Andino 8,10, Adrian Buchan 5,13
12. Michael Rodrigues 11,44, Patrick Gudauskas 7,60, Willian Cardoso 5,44

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