O debate sobre a necessidade do uso de capacetes em ondas de consequência ganha força, especialmente após os recentes acidentes em Pipeline. Em um vídeo publicado no Youtube, o havaiano Koa Rothman expressou sua aversão ao equipamento de segurança, mesmo após um incidente que o deixou inconsciente no local.
“Eu realmente não gosto”, disse ele. “É, tipo, restritivo para a sua cabeça.” O surfista foi além na sua opinião ao alegar que o capacete pode ser ainda mais perigoso do que não usá-lo. Para embasar seu ponto, ele contou de uma situação em que o equipamento o deixou desorientado.
“Eu estava debaixo d’água e me senti perdido. Eu me senti como um maluco debaixo d’água. Eu não sabia qual era o caminho, se eu tinha que ir para cima ou para baixo. Isso é algo em que normalmente sou muito bom. Eu pratiquei muito isso. Mas quando coloquei o capacete, perdi completamente a noção”, contou.
“O que estou tentando dizer é que acho que o capacete pode me colocar em uma posição pior do que o normal. Aquela onda estava no banco de areia… mas se eu caísse em uma onda enorme – como normalmente aconteceria – eu poderia não saber onde estava e isso poderia me fazer bater a cabeça”. Ainda sim, ele informou que tentaria usar um capacete diferente.
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A controvérsia sobre o uso de capacetes no surf não se limita à opinião de Rothman. Recentemente, outros surfistas profissionais, como o brasileiro João Chianca, também enfrentaram acidentes graves em Pipeline, alimentando ainda mais o debate sobre métodos de segurança em ondas perigosas.
O também havaiano Kai Lenny que viveu um momento de susto durante o Da Hui Backdoor Shootout, em Pipeline, compartilhou um visão contrária a de Rothman. Após o wipeout que o fez sair da água na sua bateria, ele chegou a compartilhar no Instagram que o uso do capacete foi o responsável por salvar a sua vida. Na publicação ele relatou: “Primeira vez usando um capacete em Pipeline e isso pode ter salvo minha vida. Não me lembro muito, exceto que foi durante minha bateria no #DaHuiBackdoorShootout, e os salva-vidas me colocaram em uma cadeira no Beach Park”. Mesmo usando o equipamento, Kai teve uma concussão sólida e saiu com a orelha esquerda sangrando um pouco.
O questionamento sobre a obrigatoriedade ou não do uso de capacetes em eventos da World Surf League (WSL) é legítimo. Com o início da temporada do Championship Tour em Pipeline em 29 de janeiro, a entidade deve discutir os prós e contras do embate.
Em meio ao cenário atual que reflete a dualidade entre a tradição do esporte e a crescente preocupação com a segurança dos atletas, é natural levantar questões sobre como equilibrar ambos os aspectos. O debate continua, e a comunidade do surf aguarda para ver como essa discussão impactará as práticas de competições principalmente em ondas de fundo de coral.