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Italo vence em Portugal e manda decisão do título para Pipeline

Italo Ferreira roubou os holofotes dos candidatos ao título mundial e venceu o MEO Rip Curl Pro Portugal de forma espetacular neste sábado (20). De quebra, mandou a decisão do título mundial da temporada, que segue aberta entre Gabriel Medina, Julian Wilson e Filipe Toledo, para Pipeline. Para fazê-lo, Italo precisou passar pelo seu amigo e líder do ranking Gabriel na semifinal em um verdadeiro show de aéreos dos dois goofy-footers.

A terceira vitória na temporada é também a oitava, em dez eventos disputados, de um surfista do Brasil. Ela faz de Italo o maior vencedor do ano no Circuito Mundial da WSL até o momento. Apesar disso, devido a alguns resultados ruins durante o ano, ele não chega em condições de disputar o título mundial no Billabong Pro Pipe Masters.

Veja também: a guerra fria julian x medina e o explosivo final de 2018

Se Julian e Filipe forem eliminados antes da final no North Shore, Medina já é campeão independentemente de seu resultado. Para garantir o título sem depender dos rivais, o local de Maresias precisa chegar na final. Caso chegue à semi, Julian ou Filipe precisam vencer a etapa para tirarem o título de Gabriel.

 

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Obrigado meu Deus! Eu te amo ❤️ #F15 #Peniche

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Italo e Medina dão o verdadeiro Air Show da WSL

Seguindo os dados do sistema de previsão dos parceiros da WSL, a expectativa era de ondas de até seis pés para o encerramento do campeonato em Supertubos. A realidade foi de um dia de ondas que raramente chegavam aos quatro pés. Em português brasileiro, meio a um metrinho na série. Depois de uma infinidade de adiamentos, o campeonato começou no início da tarde em Portugal.

Sem precisar de resultados e correndo por fora durante toda a etapa, Italo Ferreira caiu na primeira bateria do dia e mostrou desde o começo porque é um dos melhores surfistas do circuito e um sério candidato ao título nas próximas temporadas.

Decolou a gosto e atropelou Michel Bourez de forma humilhante e impiedosa. A dez minutos do final do duelo, a pontuação do brasileiro era dez vezes maior que a do taitiano – 16,10 contra 1,60.

Medina entrou na água na sequência contra Matt Wilkinson. O que deveria ser uma vitória tranquila para o brasileiro desde a primeira troca de notas se transformou em um duelo acirrado pela artificialidade dos scores concedidos pelos juízes ao australiano.

Eventualmente, Medina passou a decolar nas esquerdas de maneira semelhante a Italo e abriu uma vantagem que Wilko jamais conseguiria diminuir.

Com a vitória do brasileiro, a tensão era alta na próxima bateria. Se Julian Wilson perdesse para Joan Duru, Medina teria a chance de conquistar já em Portugal o seu bi-mundial.

Dito e feito. Julian demorou para apostar nas esquerdas que foram verdadeiras pistas de decolagem para Gabriel e Italo. E, quando o fez, falhou nas suas tentativas de voar. Joan, ao contrário, posicionou-se mais para o outside, tentando aproveitar as direitas que entravam com um pouco mais de tamanho.

Nessas três baterias, praticamente não houve disputa de ondas – cada surfista apostou em um pico e fez sua parte. A única diferença é que Joan foi o primeiro a conseguir vencer nas direitas. Fez o básico nas poucas chances que teve e foi recompensado com uma nota talvez até alta demais. Mas venceu com folga, sem dar margem para polêmica. Depois de eliminar Julian Wilson e Filipe Toledo no mesmo evento, se Medina terminasse campeão em Portugal ia ter que fazer uma homenagem ao francês.

Owen Wright e Kanoa Igarashi foram os primeiros do dia a disputar o mesmo pico, com o australiano fazendo uma marcação pesada sobre o rival. No final, Owen conseguiu fazer dois scores médios com seu backside, enquanto o japonês não achou absolutamente nada. Pegou sua primeira onda com oito minutos para o fim da bateria e chegou perto de fazer uma nota boa. Mas, depois de uma primeira manobra de rotina, errou na finalização de um reverse. Com a vitória de Owen, definia-se uma semifinal apenas entre goofies. Seria algo inédito?

Então começou a semifinal, com a primeira das duas decisões que Medina teria pela frente para sagrar-se campeão nas ondas lusitanas. Ele e Italo voltaram para as esquerdas e mostraram duas coisas.

Primeiro, havia ondas para todos, nesta tarde em Supertubos. Ainda que pequenas, as esquerdas entravam sem parar.

Segundo, que o campeonato de aéreos da WSL sem os dois é simplesmente uma piada.

Italo e Medina forçaram os juízes a entrar na avaliação de detalhes específicos de cada decolagem para soltaram as notas. Ítalo voava um pouco mais alto e com o eixo um pouco mais radical, apontando o fundo da prancha para a praia. Medina completou voos mais baixos e rápidos em sessões um pouco mais críticas das ondas, fazendo a rotação inteira no ar.

Italo tinha a nota mais alta (7,17), mas Medina tinha a soma melhor. A liderança do campeão mundial de 2014 aumentou ainda mais quando ele conseguiu manobrar na última sessão de uma onda depois de completar um alley oop perfeito. Tirou a nota mais alta da bateria e parecia que tudo estava encaminhado para a final e, por que não?, o bicampeonato.

O clima entre os dois amigos não era lá o mais competitivo. Sem briga por espaço, sem corrida de remada, sem marcação, sem vender onda ruim, sem jogar com a prioridade. Os dois apenas surfaram e decolaram à vontade.

E Italo pode ser o melhor amigo de Gabriel nesse mundo, mas o surf é seu ganha pão. Pegou uma esquerda a três minutos do final e voou muito, muito alto. Aterrissou com perfeição e arrancou dos juízes a primeira – e única – nota acima dos nove pontos de todo o campeonato. Ele ainda deixou Medina surfar à vontade nesses minutos que faltavam, mas outra virada não aconteceu.

Owen Wright pegou o único tubo do dia na semi contra Joan Duru e caiu na manobra de finalização. Era uma senhora patada de backside que jogaria a nota lá pra cima. Saiu um 6,93. Joan até chegou a pegar uma esquerda, em que completou um aéreos com mais algumas trocas de borda sem muita pressão. Mas, no final, o que entrou para a conta foi de novo o backside certeiro nas direitas.

Foi o mesmo backside que abriu a final contra Italo com uma boa nota 7. Mas, no final, ninguém seria capaz de frear o local da Baía Formosa. Italo seguiu voando e arrancando pontos dos juízes como quem brincava no freesurf.

Assim como na sua vitória em Bells Beach, um domínio impressionante. Fez a primeira (16,47 na semi), a terceira (16,10 nas quartas) e a quarta (15,93) melhores médias do evento. Também fez a primeira (9,30, na semi) e a segunda (8,77 nas quartas) melhores notas individuais.

Antes de acabar, uma menção honrosa tem que ser feita a Joan Duru. Até Portugal, ele havia vencido um total de quatro baterias em todo o ano de 2018 na elite. Apenas em Supertubos, o francês venceu cinco. Foi beneficiado pela saída de Adriano de Souza, lesionado, no round dois, uma bateria que poderia ter mudado toda a história do circuito neste ano. Mas depois, venceu Filipe Toledo, Julian Wilson, Wade Carmichael, Kanoa Igarashi e Owen Wright. Uma sequência pra encher de moral para a última etapa do ano.

Julian Wilson estava decepcionado com sua derrota e principalmente pelas condições do mar em que foi derrotado; Medina estava claramente contrariado após sua derrota, afinal não foi campeão e ainda perdeu a chance de festejar uma eventual vitória com seu amigo Neymar, que certamente não estará no Hawaii; e outro que não conseguia esconder a frustração era Travis Logie, o comissário que confiou na previsão de ondas e viu um possível último dia perfeito se transformar em umas marolas intercaladas por calmarias intermináveis.

Para equilibrar, os felizardos do dia também podem se reunir em uma trinca: Italo e Joan, por razões óbvias, e também Filipe Toledo, que já deve estar longe de Portugal. No final, tudo poderia ter sido pior e o surfista de Ubatuba segue na briga pelo título mundial, empatado com Julian Wilson. Precisa, no mínimo, chegar à final em Pipe. Seria seu melhor resultado em toda a carreira no pico. Mas, a essa altura, alguém duvida que ele é capaz?

O Pipe Masters acontece entre os dias 8 e 20 de dezembro no North Shore da ilha de Oahu, no Havaí.

Texto: Fernando Maluf
Imagens: reprodução/WSL

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