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Invasão de lixo em Camburi acende debate sobre educação e políticas públicas

Texto Alexandra Marques


No último domingo (9/8), a praia de Camburi, no litoral norte paulista, amanheceu com uma invasão de lixo em suas faixas de areia.

O geógrafo Victor Freitas, que junto de Alfredo Boer fornece boletins diários das praias da Baleia e Camburi por meio do perfil no Instagram @camburisurfreport, chegava na praia quando se deparou com as cenas que você assiste no vídeo abaixo.

https://www.instagram.com/p/CDqyhYnHab7/

 

Além da barbárie deflagrada no meio ambiente pela falta de civilidade, tem outro ponto que pede atenção nessa história.

Freitas saiu andando de Camburi a Camburizinho, anotando a localização e a quantidade de lixeiras na avenida principal da praia, a Alameda Antonio José Marques, e a orla das respectivas praias. 

Vazio de lixeiras públicas

Após esse trabalho de campo, Freitas constatou a deficiência de lixeiras públicas. 

Na Alameda Antonio José Marques, por exemplo, há lixeiras públicas exclusivamente entre os números 1.747 e 1.290.

“As lixeiras públicas são ausentes no trecho que sai do centro de informações turísticas e vai até a ponte do Rio Camburi. Isso corresponde a cerca de 500 metros sem lixeiras públicas dentro de Camburi. Em Camburizinho, a Alameda José Antonio Marques apresenta, a partir da ponte do Rio Camburi, mais um segmento de 500 metros sem lixeiras. Unindo o vazio de lixeiras públicas nestas duas praias, temos, do total de 1,8 km da Alameda Antônio José Marques, cerca de 1 km sem lixeiras”.

Orla de Camburi

Segundo Freitas, na orla da praia de Camburi, boa parte das lixeiras posicionadas próximas aos dois deques, são pequenas – 8 tambores de 50 litros na praia – e mal cuidadas (estão fora do suporte).

Os mapas que elaborou apresentam, através dos pontos, a localização de cada lixeira: em vermelho, as lixeiras da Alameda Antonio José Marques; em verde, as lixeiras na orla da praia; em violeta, as lixeiras p nos acessos às praias e, por fim, suas propostas de inclusão de novas lixeiras, em azul. O mesmo vale para o mapa de Camburizinho abaixo.


“Só quando vamos em direção ao canto direito da praia de Camburi é que nos deparamos com lixeiras maiores, tambores plásticos azuis de 200 litros (total de 9 na praia inteira, sendo 7 no canto direito, um no canto esquerdo e um no meio).” 

Freitas constatou também que Camburi carece de lixeiras nas proximidades da foz do Rio Camburi.

“O local é amplamente frequentado por banhistas e não possui nenhuma lixeira no campo de visão, uma vez que se coloque o ponto de observação na foz, olhando para montante.

Orla de Camburizinho

Na praia de Camburizinho, segundo avaliou Freitas, a situação é mais crítica. 

“Não há na orla uma lixeira fixa sequer. Aliás, devemos parabenizar os profissionais dos carrinhos de comida e bebida que levam seus próprios lixos. Se não fosse por seus lixos, não haveria nenhum na orla da praia.” 

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Os acessos às praias

Tanto em Camburi quanto Camburizinho, de acordo com o que constatou Freitas, a situação é a mesma:

As quatro lixeiras de 1.000 litros enchem-se rapidamente ao longo dos sábados, transbordando aos domingos e às segundas-feiras; assim, muito lixo se acumula nas proximidades por conta de descarte incorreto.

Vale lembrar que o caminhão do lixo só passa na terça-feira.

“Dessa maneira, muito lixo se acumula nas proximidades por conta de descarte incorreto. O caminhão do lixo só passa na terça-feira,” diz Freitas.

Por fim, na Rua José Inácio, frequentemente há descarte incorreto de garrafas de vidro, bem como no “deque do Tubarão”, como é conhecido o deque de acesso principal à praia de Camburi.

“Muitas vezes encontramos cacos de vidro; é alta a chance de ocorrer acidentes envolvendo os pés dos banhistas”.

Sobre o geógrafo

Victor Freitas da Silva é licenciado em geografia pela Universidade de São Paulo, onde realiza mestrado no programa de pós graduação em geografia física e também a segunda graduação na faculdade de economia e administração.

Atua como professor de geografia e de francês, tendo executado trabalhos voluntários que vão de aulas de português para refugiados na cidade de São Paulo até uma missão humanitária enquanto intérprete francês-português no Benin, país da África subsaariana.

Apaixonado pela praia, pelo surfe e pelo mar, mora na praia de Camburi, em São Sebastião.

“Acredito na educação para transformar a sociedade e o mundo em que vivemos para melhor. O vídeo que gravei e as palavras que proferi, compõem uma postura que acabei aprendendo a ter, uma vez que é muito desgastante moralmente ensinar o que devemos fazer para os alunos sem de fato tomar atitudes no dia a dia.”

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